As recentes investidas da ONU contra a Santa Sé, acusando a Igreja de encobrir a pedofilia praticada por clérigos, devem ser refletidas com bastante cuidado. É claro que houve casos de abusos sexuais contra menores cometidos por padres. Conhecemos o desastre na Arquidiocese de Boston, por exemplo. No entanto, sabemos que a Igreja tomou providências drásticas para pôr um fim à pedofilia. Entre as medidas levadas a cabo, destaca-se, ainda no pontificado de Bento XVI, o alargamento da prescrição penal canônica, de 10 para 20 anos.
Os crimes de pedofilia, na verdade, são punidos, com o rigor da lei, pelos diversos Estados ou países onde residem os clérigos pedófilos. Cada nação faz atuar seu direito penal próprio. A Santa Sé, ou o Vaticano, não tem como impedir que um presbítero seja processado. Demais, Bento XVI determinou que nenhum bispo deixasse de denunciar um pedófilo às autoridades civis. Outro dado importante a ser considerado, já tantas vezes repisado, é que a pedofilia, desafortunadamente, infecciona outros setores da sociedade, como a própria família desajustada, e não só o ambiente clerical.
O que está por trás desse súbito ataque da ONU? A resposta se encontra no nuperpromulgado relatório da instituição que, além da pedofilia, alude à posição da Igreja contra o denominado casamento gay e o aborto. Graças à sua soberania, a Igreja, através do sucessor de são Pedro, é a única sociedade no mundo em condições de anunciar intrepidamente o evangelho de Jesus Cristo, sem respeitos humanos, conclamando os homens à conversão. Neste sentido, a Igreja ensina que o único caminho para a vivência sadia do sexo é a heterossexualidade, no matrimônio. Por outro lado, a Igreja combate o aborto, pois se trata de um dos delitos mais covardes e nefandos que se pode perpetrar.
No fundo, certos setores da ONU desferem contra a Igreja um golpe visivelmente ideológico. Por este motivo, sob o pretexto da pedofilia, tremulam, outrossim, as bandeiras do homossexualismo e do aborto. A soberania da Cidade-Estado do Vaticano constitui um ingrediente imprescindível a favor da vida e da família. Imaginem se o papa fosse um simples súdito de algum país! Ele seria ameaçado o tempo inteiro; ele estaria cerceado no múnus de confirmar a fé dos cristãos e pregar o evangelho.
A pedofilia começará a ser cabalmente lancetada, a partir do instante em que os valores cristãos, como o matrimônio, voltarem a vicejar na comunidade. O chamado iluminismo pô-los abaixo, destronou-os, sugando do ocidente a seiva do vigor evangélico.
Edson Luiz Sampel
Teólogo e doutor em Direito Canônico. Membro da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp).