1. Definir Ciência:

Conhecimento certo das causas. Para muitos filósofos modernos é o conhecimento racional, não vulgar, profundo, metódico e sistemático. Não estão preocupados com a realidade que deve ser conhecida, mas com o processo do conhecimento.

Ciências particulares (física, química, matemática etc.): conhecimento certo pelas causas próximas, tendo como objetivo o campo de estudo relativo a cada ciência.

 

2. Definir Filosofia:

Conhecimento certo pelas causas primeiras ou mais eminentes, à luz natural da razão, de todas as coisas.

FILOSOFIA

=> Objeto material: todas as coisas.

=> Objeto formal: quod = pelas causas primeiras.

 

3. Definir Religião:

Relacionamento do homem com Deus através de Verdades de Fé, leis morais e culto, para alcançar a vida eterna. "A Religião é uma virtude, parte potencial da justiça, à qual corresponde dar culto a Deus enquanto é causa primeira e Senhor de todas as coisas e de todas as ações" (Santo Tomás).

 

4. Qual a origem latina da palavra Religião; definição nominal:

As possíveis origens da palavra "Religião" são as seguintes:

* RELEGERE  - reler, tratar com cuidado (Cícero, De Officiis II,3; De Natura Deorum n,28);

* RELIGARE   - tornar a ligar (Lactâncio);

* REELIGERE  - reeleger, escolher de novo (Santo Agostinho);

* RELINQUERE - abandonar, renunciar (ao mal, escolhendo o bem).

 

5. Definir Filosofia da Religião:

É a ciência que estuda o relacionamento do homem com Deus, pelas causas primeiras ou mais eminentes, à luz natural da razão. Busca a essência, o sentido e o valor da Religião, partindo de princípios tomados de outras ciências (Metafísica, Psicologia, Moral etc). O objeto da Filosofia da Religião é o fenômeno religioso, o qual existe no mundo incontestavelmente.

 

6. Considerando-se a Religião como "relacionamento com Deus", como procura o homem comunicar-se com Ele?

* Pela inteligência, que se orienta pelas Verdades de Fé;

* Pela vontade, que é regulada pelas leis morais;

* Pela vida, que manifesta o culto à divindade.

 

7. Como a Filosofia pode estudar a Religião? Explique:

Há basicamente dois caminhos para o estudo filosófico da Religião:

* Idealista: o ponto de partida é a razão, que dá origem a um sistema filosófico racional ao qual a Religião tem de se adaptar (Kant, Hegel, Cohen). A razão determina a Religião a priori. A Religião não tem consistência diante da razão pura embora se reconheça que ela é necessária para a vida prática (Kant).

Consequência: Religião sem singularidade, não sendo momento principal da vida do homem; tendência de redução da Religião a uma conduta moral, ao campo sentimental, psicológico. Visão errada da Religião, pois esta é anterior à razão e ao subjetivismo humanos.

* Indutivo: o ponto de partida é a experiência religiosa. Observando as religiões particulares passa-se a um conceito geral de Religião; nesta passagem pode-se aplicar a fenomenologia (Husserl). É o método correto e empregado pelos filósofos cristãos, pois a Religião é uma realidade objetiva, subsistente fora do subjetivismo humano. É partindo do estudo das manifestações próprias da Religião que se deve buscar sua essência.

 

8. Que é ciência da Religião?

É o estudo da Religião pelas suas causas próximas. Estuda a Religião sob os aspectos históricos, social, psicológico, antropológico etc.

 

9. Que é história das Religiões?

É o estudo das Religiões concretas que aparecem no tempo e no espaço. A história, a partir do século XIX, é vista como sucessão de fatos mais importantes, segundo sua influência na sociedade, para a qual se procura uma explicação causal próxima.

 

10. Que é fenomenologia das Religiões?

Ciência que se propõe a observar, apreender, descrever, comparar, ordenar as manifestações religiosas para entender o seu sentido. Na fenomenologia observa-se o acidental com cuidado, mas sem omitir juízo último essencial; evita-se a redução, isto é, enfoque de um ou poucos aspectos de uma realidade complexa, fazendo por eles a consideração do todo.

 

11. Que é Sociologia Religiosa?

É a ciência da Religião que estuda a estrutura e função religiosas no sistema social, a partir da influência da religião na sociedade. Esse estudo compreende o problema do condicionamento social pela conduta religiosa, Eclesialidade, a função antropológica fundamental da Religião e seu papel na formação do homem (o que é o homem religioso) etc.

Nasceu de um aspecto negativo da atividade do iluminismo francês, que visava mostrar a perniciosidade da Igreja na sociedade, tendo sido retomada sob este mesmo enfoque pelo marxismo ("Religião é atraso"). Em etapas posteriores, a Sociologia Religiosa alcançou perspectivas mais positivas, vendo a importância da Religião na sociedade e reconhecendo o modelo de estrutura social que é a Igreja.

 

12. Que é Psicologia Religiosa?

É o estudo sobre o comportamento religioso a nível subjetivo, valorizando a auto-observação, os testemunhos pessoais e de grupos, testes, etc. Procura responder a questões como: De que modo surge a religiosidade no homem em relação ao seu desenvolvimento psico-afetivo? A Religião é fruto do medo?  Há nela ambivalência (ora é negativa, ora é positiva)? Qual a influência exercida pelo ambiente sociocultural na religiosidade?

 

13. O que é explicação extrínseca da Religião?

Tentativa de explicar a Religião por meio de elementos exteriores à realidade religiosa, ou seja, com um diagnóstico, por causas extrínsecas. Por exemplo, a Religião é reduzida a uma necessidade psicológica. As manifestações e processos religiosos seriam sintomas de algo, em si não religioso. Por exemplo a explicação da religiosidade pelas primeiras fases da vida humana em que a criança é cuidada e protegida pela mãe. A Religião seria explicada por esta fase. É um reducionismo. Explica a Religião apenas pela subjetividade.

 

14. O que é explicação funcional da Religião?

Procura explicar a religião com outras realidades, pela sua funcionalidade. Processo de explicação da Religião que busca sua função social, seu papel na sociedade. Tem  a vantagem de procurar estudar a Religião como fato e seus benefícios para a sociedade e os indivíduos. Portanto negativo: redução da Religião à sua função social. Reduz a Religião a ao funcionalismo.

 

15. O que é explicação constitutiva (fenomenológica e ontológica) da Religião?

É o processo que busca o sentido da Religião, do que ela é

em si mesma (essência), vendo-a como especial e complexa (não-reducionismo) e pondo em relevo seus aspectos próprios, isto é, sua singularidade. Tal procedimento entende a Religião como um relacionamento com um objeto fora do sujeito religioso, objeto este que é Deus. É o verdadeiro modo de se compreender a Religião.

Pontos positivos: estuda a Religião no que ela é em si mesma; busca o sentido e a essência da Religião; parte do concreto religioso.

 

16. Como deve proceder metodologicamente a Filosofia da Religião?

O método do processo constitutivo tem os seguintes passos:

Partir da experiência religiosa -> caminho da indução e da fenomenologia. É importante, embora não necessária, uma  experiência religiosa pessoal do estudioso, bem como uma comparação com outros experiências a fim de enriquecer e corrigir a sua visão pessoal. Nesta fase a redução pode ser usada como um modo do aprofundamento de certos aspectos, mas deve-se estar  atento para não abandonar os demais, o que acarretaria a perda da visão de conjunto.

Considerar a globalidade -> sendo a filosofia uma ciência universal, procura conhecer o universal, o geral da Religião. A partir deste ponto de vista, ela descobre a capacidade da Religião, seu objeto e suas manifestações exteriores.

Pode então chegar a conhecer a essência, o sentido, a validade, a justificação e a necessidade da Religião.

 

17. Qual o perigo da redução ao se construir a Filosofia da religião?

A redução é a delimitação de uma realidade complexa a um ou poucos de seus elementos, os quais são isolados e estudados sob pontos de vista particulares. O perigo consiste em depois o estudioso querer explicar a globalidade desta realidade a partir de tais enfoques parciais, o que gera falsidade nas conclusões.  A redução pode no entanto ser útil para estudos de maior precisão de cada um dos aspectos de um problema complexo, tomando-se o cuidado devido na hora de emitir juízos definitivos, os quais devem ser sempre globais.

Conclusão: devem ser o estado das Partes para se chegar ao Particular/ aqui não há isso.

 

18. Deve a Filosofia dar um juízo crítico de valor sobre a Religião? Explique:

Diz Kant em sua Crítica da Razão Pura: "Nossa época é certamente a época específica da crítica, à qual tudo deve se submeter. Geralmente deseja-se liberar a Religião, com sua santidade, leis e majestade, desta crítica. Mas, depois suscita a suspeita contra si justificadamente e não pode pretender um respeito sincero que a razão só outorga ao que é capaz de suportar seu exame livre e aberto". Na verdade, a Religião está realmente acima da crítica moderna, pois a fé é uma luz que julga a própria razão.  Porém os críticos não admitem o valor da autoridade religiosa, exigindo uma justificação racional. A Religião concede serenamente o desafio porque não teme contradições e absurdos, tem certeza de ser verdadeira. Assim, uma sã Filosofia deve demonstrar a necessidade e o valor  da Religião, atendendo-se unicamente aos meios próprios do pensar filosófico. E ela o faz, como previsto, de maneira eficaz e satisfatória.