Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro
Curso de extensão "Produzir, consumir e amar: origens religiosas da ética de nosso tempo"
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Produzir, consumir e amar - Origens religiosas da ética de nosso tempo

"É um sinal dos tempos, e não é um muito bom sinal, que seja
necessário hoje - e não apenas necessário, mas que seja mesmo urgente -
interessar os espíritos pelo destino do Espírito, isto é, pelo seu próprio destino."

Paul Valéry, La liberté de l'esprit, 1939

Professor
André Magnelli
Doutorando em Sociologia

Período

De 3 de outubro a 28 de novembro de 2012

Outubro: 3, 10, 17, 24, 31
Novembro: 7, 14, 21, 28

Horário
Às quartas-feiras, das 18h30 às 20h

Carga horária
18 horas/aula

Ementa
O curso de extensão tem o propósito de estudar a origem religiosa de três dimensões do campo de experiência do sujeito moderno, de três modos do indivíduo se relacionar consigo, com o outro, com o mundo e com o Outro: produzir, consumir e amar. Tentaremos interpretar quais são as origens religiosas destes três pilares da ética moderna e como que eles se inter-relacionam. A ética do "produzir" será estudada a partir do entrelaçamento entre a ascese protestante e o espírito do capitalismo. A ética do "consumir" será estudada pelo entrelaçamento entre a ética romântica e o espírito do consumismo moderno. E a ética do "amar" será estudada a partir da oposição entre uma concepção mística de amor-paixão - de origem céltica e cavalheiresca - e o amor agapiano de origem cristã. Tentar-se-á compreender como que, da dinâmica entre essas três dimensões, ter-se-á a origem de grande parte da grandeza e miséria, dos vícios e virtudes, de nossa ética contemporânea.

Objetivos

1) Realizar uma interpretação histórica e cultural das origens religiosas de três dimensões da ética moderna - produzir, consumir e amar;

2) Comparar e contrastar os sentidos da conduta ética nas origens de nosso tempo com aquelas vigentes no mundo contemporâneo, a fim de melhor compreender os processos éticos em curso.

Justificativa
Parece que vivemos em uma sociedade que só se apega a valores materiais e seculares e que dispensa, enquanto trivial ou vazio de conteúdo, todo e qualquer problema sobre os valores últimos da vida e sobre o próprio sentido da vida. No entanto, quando lançamos um olhar mais profundo sobre os fenômenos dos mais triviais de nossa existência, podemos identificar com facilidade que a conduta de vida dos sujeitos, seja na vida cotidiana, seja em momentos críticos, é sempre guiada, consciente ou inconscientemente, pela questão ético-moral - o que é a vida boa e como devo me conduzir? - que estabelece uma relação com a alteridade. Além disso, podemos ainda identificar como que as formas pelas quais os seres humanos dão respostas ético-morais às suas condutas, mesmo as mais profanas, tiveram originalmente uma dimensão religiosa inspirada por uma experiência ou busca de experiência do sagrado, ou seja, com a Alteridade. Assim, para além das aparências, descobrimos, a todo o instante, que, nós, seres humanos, nos encontramos envoltos com as questões as mais fundamentais de nossa existência - o que é o mundo? como devo agir? como é bom agir? o que devo esperar? o que é o homem? -, propiciadas por um espanto diante da vida e pela experiência de nossa finitude, de nossa relação com si mesmo, com o outro e com o numênico, ainda que, a todo instante, recalquemos estas experiências, por vergonha ou temor, no fundo de nossa inconsciência.

Por sua vez, é evidente, para muito de nós, que o mundo contemporâneo vive em um momento de profunda crise, que, ao contrário de uma visão estreita, não é apenas uma crise econômica ou política, mas sim, e, sobretudo, uma crise existencial. Vive-se, sem se confessar na maioria dos casos, uma crise de sentido, que é, a um só tempo, uma crise de cultura e de civilização - civilização essa que podemos nomear de ocidental e moderna. Para que possamos sair do sintoma e superar a simples reatividade depressiva, melancólica ou histérica, deveremos analisá-la e compreendê-la. Como poderemos, então, compreender o sentido dessa crise de sentido?

O curso de extensão se propõe um início de análise e de reflexão coletiva mergulhando diretamente em três dos pilares éticos de nosso tempo, que abrangem boa parte do campo da experiência do homem contemporâneo: produzir, consumir e amar. Tentaremos desdobrar compreensivamente quais são as origens religiosas dessas três dimensões de nossa conduta de vida e como elas se inter-relacionam, simbólica e concretamente, na formação do nosso mundo. Descobrindo-nos, talvez, como essencialmente religiosos, poderemos, quem sabe, melhor nos esclarecer em que teias simbólicas nos enredamos e quais as aberturas simbólicas que poderemos tecer a partir, e para além, delas.

PROGRAMA

1. PRODUZIR: GÊNESE DA ÉTICA PRODUTIVISTA

MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2010 [1844].
WEBER, Max. Ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.


2. CONSUMIR: GÊNESE DA ÉTICA CONSUMISTA

CAMPBELL, Colin. A ética romântica e o espírito do consumismo moderno. Rio de janeiro: Rocco, 2001.
LIPOVETSKY, Gilles. Crepúsculo do dever: a ética indolor dos novos tempos democráticos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2010.


3. AMAR: GÊNESE DA ÉTICA ERÓTICA

BAUMAN, Zigmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004
ROUGEMONT, Denis de. História do amor no Ocidente. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMPLEMENTARES


Geral

ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993.

BAUMAN, Zygmunt. Ética pós-moderna. São Paulo: Paulus, 1997.

______. A vida fragmentada: ensaios sobre a moral pós-moderna. Lisboa: Relógio D'Água, 2007.

COMTE-SPONVILLE, André. A sabedoria dos modernos. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

______. A felicidade, desesperadamente. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

DUMONT, Louis. Individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: Rocco, 1985.

FERRY, Luc. O homem-Deus ou o sentido da vida. Rio de Janeiro: Difel, 2010.

Sobre trabalhar e produzir

BRUCKNER, Pascal. A euforia perpétua: ensaio sobre o dever de felicidade. Rio de Janeiro: Difel, 2002.

COMTE-SPONVILLE, André. O capitalismo é moral?. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

DUMONT, Louis. Homo aequalis: gênese e plenitude da ideologia econômica. Bauru: EDUSC, 2000.

HIRSCHMAN, Albert O. As paixões e os interesses. Rio de janeiro: Record, 2002.

LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo. São Paulo: Companhia das letras, 2007.

MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2010 [1844].

POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens de nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2010.

SENNETT, Richard. A corrosão do caráter. Rio de Janeiro: Record, 2010.

Sobre amor e sexo

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1986.

______; DUBY, Georg (org.). História da vida privada. 5v. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1991

BADIOU, Alain. Éloge de l'amour. Paris: Flammarion, 2009.

BRUCKNER, Pascal; FINKIELKRAUT, Alain. A nova desordem amorosa. Brasiliense, 1981.

COSTA, Jurandir Freire. Nem fraude nem favor: estudos sobre o amor romântico. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

DUARTE, Luiz Fernando Dias. "O sacrário original. Pessoa, família e religiosidade". Religião e Sociedade vol. 26, n.2 2006, vol.2.

FERRY, Luc. Famílias, amo vocês. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade, volume 1: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1998.

______. História da sexualidade, volume 2: O uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

______. História da sexualidade, volume 3: O cuidado de si. Rio de Janeiro: Graal, 1999.

SHAKESPEARE, William. Romeu e Julieta. Porto Alegre: L&PM Pocket, 1998.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo & ARAÚJO, Ricardo B. (1977), "Romeu e Julieta e a origem do Estado". In: G. Velho (ed.). Arte e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar.

Investimento

2 parcelas de R$ 85,00


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