O mundo visto de Roma/ Serviço diario - 10 de dezembro de 2008

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SANTA SÉ

Direitos humanos se fundamentam em Deus, explica Bento XVI

Igreja é um corpo, não uma organização; diz Papa

Árvore de natal do Vaticano será reciclada para crianças

Reconhecimento de Bento XVI a ex-presidente da Cruz Vermelha

MUNDO

Chipre: Igreja Ortodoxa quer pedir ajuda ao Papa frente à divisão do país

Cáritas lança campanha a favor de Honduras

China: católicos de Macau, inquietos pelo projeto de lei de segurança nacional

Pobreza, ofensa aos direitos humanos, afirma sacerdote

EM FOCO

«É lícito incentivar exames pré-natais que podem induzir ao aborto?»

Bella ganha prêmio em mostra de cinema sobre a Família

ENTREVISTAS

História de Nossa Senhora de Guadalupe é «apaixonante»

ESPIRITUALIDADE

Pregador do Papa: A experiência da fé, um ato audaz (III)

ANÚNCIOS

DVD: "Tu és Pedro - Bento XVI e as Chaves do Reino" - Edição especial

LIVRO: "João Paulo II Peregrino do Mundo"

Observatório da Liberdade Religiosa

 

Santa Sé

Direitos humanos se fundamentam em Deus, explica Bento XVI

Ao recordar os 60 anos da Declaração Universal

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Os direitos humanos

têm seu fundamento em Deus, declarou Bento XVI nesta quarta-feira, dia em que se celebram os

60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O aniversário foi recordado na Sala Paulo VI com um congresso, convocado pelo Conselho Pontifício Justiça e a Paz, que culminou em um concerto interpretado pela «Brandenburgisches Staatsorchester» de Frankfurt do Oder, sob a direção da espanhola Ihma Shara. Após o concerto, o Papa tomou a palavra brevemente para explicar que «a dignidade de todo homem só está verdadeiramente garantida quando todos seus direitos fundamentais são reconhecidos, defendidos e promovidos». «Desde sempre a Igreja sublinha que os direitos fundamentais, muito além de suas diferentes formulações e do diferente peso que podem ter no âmbito das culturas, são um dado universal, pois fazem parte da própria natureza do homem.» «A lei natural, escrita por Deus na consciência humana, é um denominador comum a todos os homens e a todos os povos; é uma guia universal que todos podem conhecer e em virtude da qual todos podem compreender-se.» «Portanto, os direitos do homem estão fundamentados em última instância em Deus criador, que deu a cada um a inteligência e a liberdade. Quando se prescinde desta sólida base ética, os direitos humanos se enfraquecem, pois ficam sem seu fundamento sólido», advertiu. O Papa pediu que a celebração do sexagésimo aniversário da Declaração seja uma oportunidade para verificar «até que ponto os ideais, aceitos pela maior parte da comunidade das nações em 1948, são hoje respeitados nas diferentes legislações nacionais, ou mais ainda, na consciência dos indivíduos e das coletividades». «Sem dúvida já se percorreu um longo caminho, mas ainda resta um longo vão: milhões de irmãos e irmãs nossos vêem como estão ameaçados seus direitos à vida, à liberdade, à segurança; nem sempre se respeita a igualdade entre todos nem a dignidade de cada um, enquanto novas barreiras se elevam por motivos ligados à etnia, à religião, às opiniões políticas e a outras convicções.» O bispo de Roma concluiu pedindo que não cesse o compromisso por «promover e definir melhor os direitos do homem» e que se intensifique o esforço «por garantir seu respeito».

Igreja é um corpo, não uma organização; diz Papa

Explica a teologia dos sacramentos segundo São Paulo

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI considera que a Igreja não é uma organização ou uma corporação, mas um corpo: o corpo de Cristo,

presente na Eucaristia.

Foi a conclusão à qual chegou na audiência geral desta quarta-feira, na qual participaram cinco mil peregrinos congregados na Sala Paulo VI, no Vaticano. Continuando a série de catequeses sobre  São Paulo, o Papa refletiu sobre a pregação do apóstolo acerca dos sacramentos. Nesta ocasião, deixou de lado os papéis, como quando era professor universitário, para oferecer uma explicação pessoal.  Por esse motivo, a Santa Sé, até o fim da tarde, não pôde divulgar o texto da intervenção, que - algo totalmente extraordinário - não pôde ser publicado por L'Osservatore Romano ainda hoje. O jornal limitou-se a oferecer uma ampla crônica a partir de uma primeira transcrição. O bispo de Roma aprofundou de maneira particular no sacramento da Eucaristia e, em particular, em seu «caráter pessoal e social». «Cristo se une pessoalmente com cada um de nós, mas o próprio Cristo se une também com o homem e com a mulher que se encontram ao meu lado», explicou o pontífice segundo a transcrição do diário vaticano. «E o pão é para mim e para o outro. Deste modo, une todos consigo e todos nós mutuamente. Recebemos na comunhão a Cristo. Mas Cristo se une do mesmo modo com meu próximo», declarou.

«Cristo e o próximo são inseparáveis na Eucaristia - sublinhou -. Todos nós somos um pão, um corpo. Eucaristia sem solidariedade com os demais é um abuso da Eucaristia. «Aqui nos encontramos com a raiz e ao mesmo tempo com o centro da doutrina sobre a Igreja como corpo de Cristo, de Cristo ressuscitado». «Cristo nos dá na Eucaristia seu corpo, se dá a si mesmo em seu corpo e, deste modo, nos faz seu corpo, nos une a seu corpo ressuscitado. Se o homem come pão normal, este pão se converte em parte de seu corpo, transformado em substância de vida humana», disse. «Mas na Comunhão - advertiu Bento XVI - se realiza um processo inverso. Cristo, o Senhor, nos assimila, nos introduz em seu corpo glorioso e deste modo, todos juntos, nos convertemos em

seu corpo». «Na politologia romana, esta parábola do corpo com diferentes membros que formam parte de uma unidade era utilizada pelo próprio Estado, para mostrar como o Estado era um organismo no qual cada um tem sua função: a multiplicidade e a diversidade das funções formam um corpo e cada um tem seu lugar». Mas, nas cartas de São Paulo, disse o Papa, pode-se ver que a Igreja é algo muito diferente do «Estado-organismo». «Pois Cristo dá realmente seu corpo e nos faz seu corpo. Ficamos realmente unidos com o corpo ressuscitado de Cristo e deste modo ficamos unidos um com o outro». Árvore de natal do Vaticano será reciclada para crianças

Curiosidades da árvore de natal da Praça de São Pedro

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- A árvore de Natal que está sendo decorada na praça de São Pedro no Vaticano servirá este ano para ser reciclada em objetos de madeira escolares que, também, serão decorados pelas próprias crianças.

O projeto prevê reciclar a madeira em móveis de jardim e conjuntos para as escolas, como bancos e assentos, que serão decorados por crianças italianas. De acordo com notícia publicada no dia 7 de dezembro no L'Osservatore Romano, diário da Santa Sé, trata-se de uma iniciativa inspirada na consciência de que a madeira é uma riqueza que «não deve ser desperdiçada, e mais, deve-se voltar a utilizar para o próprio benefício e o das novas gerações do planeta». Desde 1982, a cada ano, um país europeu diferente doa ao Papa a árvore de Natal que adorna a praça de São Pedro. Este ano provém da zona de Gutenstein, no vale de Piesting, na Áustria. É a oitava vez que a Áustria oferece este presente e a segunda no pontificado de Bento XVI. A árvore chegou a São Pedro em 5 de dezembro passado. Já se encontra ao lado do obelisco central onde atualmente está sendo decorada com 2 mil bolas coloridas e 1.500 lâmpadas. Os encarregados de adorná-la são membros dos serviços técnicos do Governo do Estado da Cidade do Vaticano, em particular os membros do serviço elétrico. A inauguração se realizará no próximo sábado, 13 de dezembro com a presença do cardeal Giovanni Lajolo, presidente do Governo do Estado Vaticano. Participará da cerimônia um grupo de aproximadamente 800 peregrinos austríacos, acompanhados pelo chefe de governo da Baixa Áustria, Erwin Proll, e do bispo de Sankt Polten, Dom Klaus Kung. O prelado explicou que a árvore, quando ainda não está decorada, «simboliza a humanidade privada de seu Salvador, que não recebeu ainda a luz da fé e a graça da libertação do mal». No Natal, o mundo acolhe o Verbo de Deus, «a luz nas luzes que decoram a arvore: ilumina nosso caminho interior para Belém». «Por este motivo nos enche de alegria, nos dá consolo e esperança, e nos diz, depois de dois mil anos: este menino, o Filho de Deus, nasceu para ti». «Uma árvore de Natal resplandecente pode restituir o sentido espiritual da profundidade do mistério do Natal a quem o perdeu», conclui o bispo. Reconhecimento de Bento XVI a ex-presidente da Cruz Vermelha

Assim como a dois missionários e dois projetos de desenvolvimento e solidariedade

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI aplaudiu nesta quarta-feira a premiação que aconteceu no Vaticano a Cornélio Sommaruga, Presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

Sommaruga, de nacionalidade suíça, nascido em Roma em 1932, é doutor em direito pela Universidade de Zurique. Em 1986 foi eleito membro da Cruz Vermelha Internacional e no ano seguinte foi eleito presidente desta organização até 1999. Atualmente é presidente do Centro Internacional de Desativação de Minas Humanitária de Genebra (GICHD, por suas siglas em inglês). Recebeu o prêmio atribuído pela Fundação Vaticana São Mateus em memória do cardeal François-Xavier Nguyên Van Thuân, presidida pelo cardeal Renato R. Martino, presidente do Conselho Pontifício «Justiça e Paz». Após a premiação foi apresentado um concerto na Sala Paulo VI, que teve por regente a espanhola Inma Shara, que freqüentemente manifestou publicamente sua fé católica. «Dirigir este concerto é a melhor sinfonia que a vida me ofereceu e tenho que agradecer

profundamente ao Vaticano por esta oportunidade, porque é um sonho tornado realidade», reconheceu alguns dias antes. Inma regeu a «Brandenburgisches Staatsorchester» de Frankfurt do Óder, que executou peças de Felix Mendelsohn, Wolfgang Amadeus Mozart, Amilcare Ponchielli e Manuel de Falla. Após o concerto, o Papa felicitou Sommaruga em seu discurso e após o ato conversou com ele em particular. O Papa também cumprimentou outras pessoas e saudou instituições premiadas pela fundação São Mateus com os prêmios Cardeal Van Thuân «Solidariedade e desenvolvimento 2008». Dois são religiosos. Trata-se do sacerdote argentino Pedro Opeka, missionário da Ordem de São Vicente de Paulo, autor do projeto Akamasoa, que busca dar moradia aos sem teto na localidade de Tananarivo, em Madagascar (África). Da mesma forma foi premiado e recebeu o reconhecimento do Papa, o Pe. José Raúl Matte, sacerdote camiliano e médico, dedicado à assistência dos leprosos na Amazônia, no hospital São Camilo, em São Luis, Brasil. Ambos puderam compartilhar alguns momentos de conversa com o Santo Padre, que lhes agradeceu sua entrega. O prêmio foi entregue também aos responsáveis de outras duas instituições: o projeto Gulunap, faculdade de medicina em Gulu, norte de Uganda e o projeto italiano «Gruppo Ercolini», iniciativa para a integração sócio-cultural de jovens ciganos na cidade de Roma. A fundação São Mateus, em memória do cardeal vietnamita François Xavier Nguyên Van Thuân, falecido no ano de 2002, é uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo promover iniciativas que alentem a presença da Igreja católica em vários âmbitos da sociedade através do estudo, da difusão da Doutrina Social da Igreja e seu humanismo integral e social. O cardeal Van Thuân nasceu em 1928 e foi ordenado sacerdote em 1953. Em 1975, Paulo VI lhe nomeou arcebispo coadjutor de Saigon, e poucos meses depois foi preso pelo regime comunista. Esteve 13 anos na prisão e nove em regime de isolamento. João Paulo II lhe nomeou presidente do Pontifício Conselho «Justiça e Paz» e lhe criou cardeal. Faleceu em 16 de setembro de 2002. No ano passado foi aberto seu processo de beatificação.

 

Mundo

Chipre: Igreja Ortodoxa quer pedir ajuda ao Papa frente à divisão do país

Por Anita Bourdin

ROMA, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- O arcebispo do Chipre, Crisóstomo,

anunciou seu desejo de ir a Roma para pedir ajuda ao Papa Bento XVI na solução do problema do

Chipre, segundo publicou em 2 de dezembro passado «Europaica», o boletim informativo da Representação da Igreja Ortodoxa Russa nas instituições européias. Por outro lado, a Igreja Ortodoxa do Chipre anunciou sua intenção de abrir, desde o início de 2009, uma representação permanente na União Européia. Atualmente, existem em Bruxelas várias representações ortodoxas na UE: a do patriarcado de Constantinopla, a da Igreja Ortodoxa Russa, a da romena e a da Igreja da Grécia. Desde o ano passado, o arcebispo Cristóstomo afirmou que sua Igreja deveria ter sua própria representação na UE, dada a particular situação cipriota, tanto política como religiosa. Colônia britânica até 1960, o Chipre se dividiu após a independência entre a população de origem grega e turca. Após uma série de confrontos entre ambas as comunidades, em 1974 a Turquia invadiu o norte do país, constituindo posteriormente a República Turca do Norte do Chipre, que não é reconhecida pela comunidade internacional. O país, formado por 78% de greco-ortodoxos e 18% de muçulmanos, ingressou na EU em 2004. Desde o início deste ano, voltaram a negociar uma eventual reunificação. Cáritas lança campanha a favor de Honduras

As chuvas de finais de outubro afetaram 270 mil pessoas

ROMA, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- A Cáritas Internacional lançou um pedido de emergência para ajudar os afetados pelas tempestades tropicais que devastaram Honduras no final do mês de outubro passado, segundo informou ontem esta organização.

Estima-se que as chuvas torrenciais afetaram cerca de 270 mil pessoas, especialmente após o transbordamento dos rios Ulua, ao norte do país, e Choluteca, ao sul. Através da rede Cáritas, espera-se recolher cerca de 1,3 milhão de dólares, que se destinará a reparar casas, reconstruir infra-estruturas e promover a produção agrícola. Estas ajudas se unem às de emergência que a Cáritas distribuiu entre os danificados nos primeiros dias após as inundações, em forma de alimentos e medicamentos. As atuais ajudas se destinarão à reconstrução de cerca de 3.300 moradias, além de subvencionar os agricultores que perderam as colheitas. O cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, presidente da Cáritas Internacional e hondurenho de origem, explicou em declarações à Rádio Vaticano que estas tragédias «atingem os mais pobres entre os pobres». A prioridade, explicou o purpurado, uma vez passada a primeira emergência, é a construção de novas moradias mais seguras frente a futuros desastres». Segundo a Cáritas, este país centro-americano «é freqüentemente caminho de tempestades tropicais e furacões. As inundações subseqüentes e os deslizamentos de terra fazem que as populações fiquem mais vulneráveis e ferem a economia». «A Cáritas Honduras lança projetos para promover a capacidade de reconstrução e a sustentabilidade ambiental». O país não se recuperou completamente do furacão Mitch, que devastou o país em 1998 e custou a vida de mais de 10 mil pessoas. «Os efeitos do Mitch fizeram que as comunidades estivessem menos equipadas para enfrentar desastres posteriores», afirma a organização.

 

China: católicos de Macau, inquietos pelo projeto de lei de segurança nacional

Preocupa que se discuta o regime especial desta região

Por Anita Bourdin

PARIS, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Em Macau (China), os católicos estão preocupados pelo projeto de lei sobre segurança nacional, segundo informa Eglises d'Asie (EDA), a agência das Missões Estrangeiras de Paris. Após sua devolução à República Chinesa por parte de Portugal em 1999, a Região Administrativa Especial de Macau se beneficia, como Hong Kong, de um regime especial segundo o princípio «um país, dois sistemas». Uma lei fundamental garante a manutenção do sistema institucional e do modo de vida anteriores de Macau por um período de 50 anos. Contudo, um recente projeto de lei proposto pelo atual governo suscita preocupação nos círculos católicos. O projeto afeta o artigo 23 da Lei fundamental. Trata-se de tipificar como delito os atos prejudiciais para a «soberania, a integridade territorial, a unidade ou a segurança nacional» da República Popular da China, e as listas destes atos inclui sete categorias: traição, secessão, subversão, sedição, roubo de segredos de Estado, pertença ou contato com grupos ou organizações políticas em Macau ou no exterior, «que ponham em perigo a segurança nacional». O texto prevê penas de prisão entre um a vinte anos, dependendo da «gravidade do delito». Em 22 de outubro passado, o chefe do Executivo de Macau, Edmund Ho Hau Wah, declarou que esta lei «era necessária e vinha preencher um vazio legal derivado da transferência de Macau por parte de Portugal a China». Em 30 de novembro terminou o prazo de consulta popular de 40 dias. O chefe do Executivo acrescentou que esperava que a lei seria aprovada pelo parlamento local em 2009. Em 15 de novembro passado, o jornal católico chinês «O Observatório de Macau», organizou um encontro no centro de pastoral juvenil da diocese para debater o projeto de lei. Os participantes expressaram sua inquietude com relação a um texto percebido como potencial limitador das liberdades. Para Antonio Ng Kuok-cheong, católico e membro do parlamento local, os 40 dias de consulta pública previstos pelo governo são «notoriamente insuficientes» e deveriam prolongar-se. Mas sobretudo, o texto legal deveria incluir uma cláusula de «defesa do interesse público», oponível, em certos casos, às ameaças designadas como «atentatórias contra a segurança nacional».  Antonio Ng é presidente e fundador da New Democratic Macau Association, um dos movimentos civis mais ativos de Macau. Segundo Paulino Commandante, advogado e católico, o projeto de lei peca de «imprecisão». Por exemplo, o conceito de «segredo de Estado» não está claramente delimitado, o que, em conseqüência, põe o governo em posição de força em sua relação com os cidadãos de Macau. «Se o caráter delitivo de um ato se define pelas autoridades depois de que o ato se tenha cometido, as liberdades individuais estão em grande perigo», sustentou o advogado, que mostrou sua preocupação de que os católicos de Macau possam ser considerados agora como delinqüentes «simplesmente por estar em contato com as comunidades ‘clandestinas' da Igreja Católica na China». Para Chio Chu-Ching, secretária-geral do centro pastoral de juventude da diocese de Macau, os jovens, que têm costume de discutir problemas sociais na internet, «temem que seus comentários em fóruns sejam vigiados e sejam acusados depois de infringir a lei sobre a segurança nacional», advertiu, precisando que os jovens terão sua liberdade de expressão impedida, o que conduzirá a um completo desinteresse pela política. Finalmente, a Irmã Beatrice Leung Kit-Fun, professora de ciências políticas nas universidades de Macau e Hong Kong, declarou esperar que os católicos se atrevessem a fazer ouvir seu ponto de vista. Tanto em Hong Kong como em Macau, o princípio «um país, dois sistemas» «não pode funcionar sem uma expressão livre das opiniões, ainda que sejam divergentes».

Pobreza, ofensa aos direitos humanos, afirma sacerdote

Para pe. Valentim Gonçalves, é preciso estar atento à realidade local

LISBOA, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- É preciso estar atento às violações dos direitos humanos que acontecem no âmbito local, «ofensas» que muitas vezes podem se apresentar discretas, como a pobreza, afirma um sacerdote português.

O pe. Valentim Gonçalves, missionário verbita, recorda em artigo difundido hoje por Agência Ecclesia a alegria e a responsabilidade de celebrar os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

«Quando, no dia 10 de Dezembro de 1948, era aprovada pela Assembleia das Nações Unidas, a Humanidade, através dos seus representantes, proclamava que só pelo reconhecimento da dignidade fundamental de cada pessoa se poderia atingir a realização do sonho sempre vivo no mais profundo do ser humano: a liberdade, a paz e a alegria de viver», afirma. O núcleo da obra de humanização que se reflete na Declaração «cruza-se com tudo aquilo que faz parte desta cultura ocidental, marcada profunda e indelevelmente por aquilo que é o coração da própria religião cristã». Marca de «um Deus que não é distante, que se apresenta como amigo, como um pai e que, nessa qualidade, convida à comunhão, a qual não se realiza sem a comunhão com o próximo». «E, ainda que alguém se considere não crente, esse dado é cultural, faz parte do húmus onde a planta do seu ser encontra alimento». Segundo pe. Valentim, a Declaração «não é um sinal perfeito e definitivo a marcar em cada momento o passo que se segue; é apenas um sinal que aponta a direção, mas constantemente

exigindo o esforço do discernimento». «Questões relacionadas com a ação humanitária, com a ingerência, com as necessidades básicas de gente desprotegida, têm que forçar a abertura de portas não previstas, mas exigidas pela fidelidade ao seu espírito.» Se a Declaração é universal, não se pode descuidar do âmbito local. «As ofensas aos direitos podem ser discretas; mas não deixam de ser ofensa. É o que se passa no âmbito da pobreza», afirma.

Ao recordar que em Portugal a Assembléia da República, a pedido da Comissão Nacional Justiça e

Paz, declarou que a pobreza constitui uma violação dos direitos humanos, o sacerdote assegura que a luta contra o fenômeno é «um compromisso de nossos representantes». «O importante é que isto não constitua mera manifestação de boa vontade. Ao cidadão cumpre estar alerta e tornar, também nestas situações, a Declaração viva e atual, pressionando os seus representantes a que ocupem o seu lugar na realização do sonho de todos e de cada um, "o ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações"», afirma.

 

Em foco

«É lícito incentivar exames pré-natais que podem induzir ao aborto?»

Responde o professor Carlo Bellieni, especialista em terapia neonatal

ROMA, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Tormam-se cada vez mais presentes,

como em outros campos de pesquisa, métodos médico-científicos para diagnosticar nos primeiros

meses de vida intra-uterina as crianças que terão síndrome de Down.

Pelo menos 25% das mães decide abortar. Vista a finalidade, que parece simplesmente informativa para os progenitores, ou no máximo preparatória no âmbito psicológico, até que ponto é lícito impulsionar estas pesquisas ou manifestações públicas a favor das mesmas? Diante desta questão, o professor Carlo Bellieni - diretor do Departamento Terapia Intensiva Neonatal da Policlínica Universitária «Le Scotte» de Sena e membro da Academia Pontifícia Pró Vida - responde: «O diagnóstico pré-natal pode ser de tipo genético e não-genético. O diagnóstico genético pré-natal se realiza em via direta (amniocentese, vilocentese) ou por via indireta (com ecografias específicas ou com a análise do sangue materno em busca de certos metabólitos). É bom distinguir o diagnóstico genético pré-natal do diagnóstico pré-natal em geral, sabendo que o fim da primeira é verificar a dotação cromossômica da criança, enquanto a segunda inclui também a primeira, mas se estende a buscar doenças, situações de tipo médico (retardo de crescimento, más-formações, sofrimento fetal), muitas das quais são curáveis». «A pesquisa em si - acrescenta o professor Bellieni - é sempre algo bom: o problema é avaliar em primeiro lugar que, frente a um imponente investimento de dinheiro para o diagnóstico prénatal genético, não há similar investimento para a pesquisa da terapia de enfermidades como a síndrome de Down. A publicação de técnicas de diagnóstico genético pré-natal pode ser útil para evitar o uso excessivo das que são invasivas, mas pode inclusive criar uma mentalidade na qual o casal se sinta obrigado a fazê-lo». O professor Bellieni indica que está justificada a preocupação ética sobre este tema «porque não há nada de eticamente neutro em medicina como em outros aspectos da vida: tudo o que fazemos deve passar por nosso juízo; abdicar disso é abdicar do governo de si mesmo». E oferece um recente documento publicado em italiano por alguns médicos, bioéticos e associações de pessoas com deficiência: http://vocabolariodibioetica.splinder.com/post/17193474/Documento+diagnosi+prenatale

 

«Resta a necessidade de ter pontos de referência neste âmbito - comenta Bellieni -, no qual a possibilidade de cometer erros é alta, e por isso sugiro pontos para uma atitude ética diante do diagnóstico pré-natal, deles alguns dirigidos à família, e outros, a quem governa a saúde pública.» Bellieni sugere à família: «O diagnóstico pré-natal deve ter uma intenção positiva pela saúde do filho e da mãe. O diagnóstico genético pré-natal não tem por enquanto uma utilidade curativa para a criança». Em segundo lugar, «um diagnóstico pré-natal pode servir, em casos especialmente tensos, para serenar o casal em caso de forte ansiedade sobre a saúde genética da criança, mas sua realização não deve ser rotineira para não criar a mentalidade (no casal e na população) de que a primeira postura a se ter para com o filho é ‘comprovar a normalidade'». «O diagnóstico genético pré-natal - acrescenta - não pode ser rotina (‘porque todo mundo faz'), mas em todo caso deve ser uma decisão precisa, porque cada intervenção médica tem na base o consentimento informado e a livre escolha do paciente. Neste caso, também, o paciente sobre o qual se faz a pesquisa ainda não nasceu e a decisão de fazer-lhe um diagnóstico se toma por delegação do progenitor, que tem a responsabilidade para isso.» «Ao empreender o diagnóstico genético pré-natal, deve-se ter sempre a consciência de que estamos fazendo o diagnóstico de uma criança para todos os efeitos, ainda que não tenha nascido ainda», explica. «O diagnóstico genético pré-natal direto (amniocentese, vilocentese) comporta riscos para a saúde da criança (risco de aborto não querido em cerca de uma de cada cem ou duzentas amniocenteses)», conclui em suas indicações à família. Quanto a critérios para quem oferece o diagnóstico, Bellieni indica, em primeiro lugar, que «o diagnóstico genético pré-natal deve estar precedido por uma entrevista na qual se explique fins e riscos; deve-se oferecer-se um resumo escrito dos mesmos e pedir que o assinem. O resumo deve conter também a porcentagem de risco de aborto não-querido registrado no centro de saúde que realiza a intervenção de diagnóstico e a própria duração da entrevista». «Em caso de diagnóstico de patologia - conclui -, a mulher ou o casal devem ser dirigidos ao especialista da patologia detectada, com quem se aprofundará na possibilidade terapêutica e na real essência do problema. Pode ser útil envolver também associações oficialmente reconhecidas de familiares ou de portadores da patologia em questão.»

 

Bella ganha prêmio em mostra de cinema sobre a Família

«Foi um verdadeiro clamor popular», afirma o diretor de CinemaNet

Por Claudia Soberón

ROMA, terça-feira, 9 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- O filme «Bella» foi o ganhador da «Ola

de Oro» da XIII edição dos Prêmios Cinematográficos «Família» por unanimidade do júri. O diretor de CinemaNet e da Mostra Internacional de Cinema sobre a Família, Daniel Arasa, manifestou em 2 de dezembro que «o júri se encantou desde o primeiro momento com este filme, mas também foram muitíssimas as pessoas que haviam solicitado que se concedesse o prêmio, dado que para estes prêmios se admitem propostas de todos que queiram fazê-las. Foi um verdadeiro clamor popular, como não se havia dado em nenhuma das doze edições anteriores.

«Bella» é um filme independente dirigido por Alejandro Monteverde, cujo principal protagonista e produtor é o ator mexicano Eduardo Verástegui, junto à atriz Tammy Blanchard, e se baseia em histórias reais de imigrantes latinos nos Estados Unidos. O júri reconheceu o frescor, a vitalidade e os valores da vida que se dão em «Bella». Verástegui destacou, durante a promoção do filme, que desejavam dissipar alguns estereótipos sobre as batidas que se generalizaram nos Estados Unidos. Por sua vez, o filme mostra o valor da família e expõe uma alternativa ao aborto. «Bella» mudou a vida de muita gente, afirma Verástegui, começando com a sua, segundo reconheceu em uma entrevista concedida à Zenit: «Um filme que mudou minha vida; eu nunca havia trabalhado em um projeto tão significativo». O filme recupera a imagem dos latinos nos Estados Unidos e no âmbito mundial, sublinha o ator mexicano, porque «é um filme que celebra a vida, celebra nossos valores, nossa cultura, nossa música, nossa cozinha e muitas outras coisas». Narra «uma história de amor que vai além do romance acerca de um homem que tinha tudo na vida, ou o que ele pensava que era tudo: dinheiro, fama, êxito e muitas outras coisas; algo acontece em sua vida e ele perde absolutamente tudo, mas perdendo tudo encontra o que verdadeiramente vale a pena na vida, que é a família, o amor verdadeiro», observa este realizador. «É uma história de amor, mas repito, amor verdadeiro. Quando alguém está disposto a sacrificar tudo por alguém que precisa de ajuda sem esperar nada em troca», explica. «Bella», comenta Eduardo, é «o primeiro fruto deste compromisso» e sua esperança como produtor é que «quando as pessoas vejam nossos filmes, produzidos por Metanoiafilms, neste caso ‘Bella', passem a querer amar mais e julgar menos, ser melhores seres humanos, ter uma luz veladora no coração, querer perdoar mais e queixar-se menos, ter um espírito de gratidão. Ser inspirados, cheios de amor, de fé e esperança». A fita cinematográfica estreou em 7 de novembro passado, na Espanha, e dias depois em Hong Kong (China). Foi rodada em apenas 23 dias nas ruas de Nova York, e realizada com um orçamento de aproximadamente 3 milhões de dólares. Chegou a arrecadar nos Estados Unidos mais de 8 milhões de dólares. Metanoiafilms é uma produtora jovem que nasceu em Beverly Hills (Califórnia), em 2004, fundada por Eduardo Verástegui, Alejandro Monteverde e Leo Severino. Para mais informação sobre o filme, pode-se visitar o site www.bellathemovie.com.

 

Entrevistas

História de Nossa Senhora de Guadalupe é «apaixonante»

Entrevista com o padre Alexandre Paciolli, L.C.

BRASÍLIA, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- «Sem dúvida a história de Nossa Senhora de Guadalupe é apaixonante, assim como todos os estudos realizados na imagem dela», afirma o sacerdote responsável pelo apostolado da Virgem Peregrina da Família.

Às vésperas do dia da padroeira da América, 12 de dezembro, Zenit entrevistou o Pe. Alexandre Paciolli, L.C., pároco da paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, em Brasília. O sacerdote Legionário de Cristo falará sobre o milagre de Guadalupe durante o Encontro Juventude e Família, que se celebra de 12 a 14 de dezembro na capital brasileira. -Como surgiu o apostolado da Virgem Peregrina de Guadalupe?  -Pe. Alexandre Paciolli: Quando eu era diácono, no ano 2000, tive a graça de exercer meu ministério no Rio de Janeiro. Lá, depois de palpar o fervor das famílias, mas ao mesmo tempo, de ver também tantas situações delicadas, senti a necessidade de levar uma capela de Nossa Senhora de Guadalupe aos lares católicos para que a Padroeira da América abençoasse aquelas  situações. Comecei, portanto, com a ajuda da Canção Nova, a divulgar a devoção a Virgem de Guadalupe e a propagar os últimos estudos científicos na tilma de S. Juan Diego. Foi uma benção. No primeiro evento na Canção Nova saíram 1500 capelinhas peregrinas. Depois fui ao Hallel de Franca para pregar, e lá também Nossa Senhora de Guadalupe entrou em muitos lares. Hoje está em mais de 20 países!

-Fale-nos dos objetivos e dos frutos do apostolado.

-Pe. Alexandre Paciolli: Os objetivos desse apostolado são, por meio da Padroeira da América, a Virgem de Guadalupe: rezar o terço em família, convidar mais famílias a que rezem o terço, acolher a vida humana, promover as vocações à vida consagrada e sacerdotal e de dar testemunho do amor cristão. Os frutos são: muitas conversões, curas materiais e espirituais, famílias renovadas... Sugiro que possam ver o site:www.virgemperegrina.com.br para que leiam mais testemunhos. -A história da Virgem de Guadalupe continua a seduzir corações e a despertar interesse ainda hoje, não? -Pe. Alexandre Paciolli: Sem dúvida a história de Nossa Senhora de Guadalupe é apaixonante, assim como todos os estudos realizados na imagem dela. Este fato, para o qual a ciência, depois de 500 anos, ainda não pode encontrar explicação certa, é um dos mistérios mais surpreendentes de todos os tempos. Um mistério que representa desde então, um dos maiores pontos de união entre todos nós católicos. Dizia o Dr. Homero Hernández Illescas, Investigador e científico guadalupano: "É um fato que não se pode explicar simplesmente por argumentos meramente humanos". E sem dúvida é assim! A Santíssima Virgem de Guadalupe está ligada de modo especial ao nascimento da Igreja na História dos povos da América que através dela chegaram a encontrar a Cristo. A aparição da Santíssima Virgem ao índio Juan Diego na colina do Tepeyac teve uma repercussão decisiva na evangelização. Tal influxo supera amplamente os limites da nação mexicana, alcançando o continente inteiro. A América reconheceu no rosto mestiço da Virgem de Guadalupe o grande exemplo de evangelização perfeitamente inculturada. Não somente no Centro e no Sul, mas também no norte do continente a Virgem de Guadalupe é venerada como Rainha de toda a América. De fato, Pio X proclamou Nossa Senhora de Guadalupe "Padroeira de toda a América Latina"; Pio XI de "Padroeira de todas as Américas"; em 1945 o Papa Pio XII a proclama "Imperatriz de toda a América", João XIII "Missionária Celeste do novo mundo" e "Mães das Américas"; finalmente João Paulo II pediu que seja celebrado o dia 12 de dezembro, em todo continente Americano, a Virgem de Guadalupe, "Mãe e Evangelizadora da América"! Não são várias Américas, mas uma só América sob o manto de Nossa Senhora de Guadalupe.

-Qual o significado dos apostolados marianos na América, continente de grande

devoção à Virgem?

-Pe. Alexandre Paciolli: Para mim esses apostolados têm a função de unir nosso continente americano sob o manto de Nossa Senhora; um continente marcado por tantas diferenças sociais, situações de conflito, em certos lugares de opressão, invasão das seitas... Nossa Senhora vem nos dizer que deseja que a nossa fé católica siga sempre forte, que não desistamos ou diminuamos o ritmo da evangelização, pois Ela está passando adiante de todas nossas necessidades. De fato gosto muito dessa oração a Nossa Senhora de Guadalupe escrita por João Paulo II que reflete o que falei acima: "Concedei que sejamos fiéis testemunhas da vossa Ressurreição aos olhos das novas gerações da América, para que, conhecendo-Vos, Vos sigam e encontrem em Vós a sua paz e a sua alegria... Dai-nos força para anunciar corajosamente a vossa Palavra ao serviço da nova evangelização, para consolidar no mundo a esperança... Nossa Senhora de Guadalupe, Mãe da América, rogai por nós!" (Ecclesia in America, 76)

-Qual a importância de cultivar o amor por Maria, de forma especial sob o título da Virgem de Guadalupe?

-Pe. Alexandre Paciolli: De entregar a Nossa Senhora de Guadalupe o nosso continente, para que nele reine sempre o fervor evangelizador, na fidelidade a Cristo e à Igreja. Vemos em Maria de Guadalupe a "Estrela da primeira e da nova evangelização". Ela deu forças para que nossos predecessores fossem fiéis a Cristo. Nós também seremos fiéis, sob o manto Dela! Porém não podemos esquecer-nos que toda devoção mariana essencialmente é imitação de Maria! Portanto a Santíssima Virgem Maria deve ser para cada um de nós o modelo mais acabado da nova criatura surgida do poder redentor de Cristo, e o testemunho mais eloqüente da novidade de vida trazida ao mundo pela ressurreição do Senhor. Devemos sempre cultivar a verdadeira devoção à Santíssima Virgem, Mãe amantíssima da Igreja, que consiste muito especialmente na imitação de suas virtudes, sobretudo de sua fé, esperança e caridade, de sua obediência, de sua humildade e de sua colaboração no plano redentor de Cristo. (José Caetano / Alexandre Ribeiro)

 

Espiritualidade

Pregador do Papa: A experiência da fé, um ato audaz (III)

Primeira pregação do Advento do Pe. Raniero Cantalamessa OFM Cap

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos a terceira parte da primeira pregação do Advento à Cúria Romana que, em presença de Bento XVI, pronunciou o Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap, pregador da Casa Pontifícia.

No coração do Ano Paulino, o Pe. Cantalamessa propôs uma reflexão sobre o papel que Cristo ocupa no pensamento e na vida do apóstolo Paulo, para renovar o esforço por colocar Cristo no centro da teologia da Igreja e da vida espiritual dos crentes.

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Uma experiência vivida

No documento de acordo entre a Igreja católica e a Federação mundial das Igrejas luteranas, apresentado solenemente na Basílica de São Pedro por João Paulo II e o arcebispo de Uppsala em 1999, há uma recomendação final que me parece de uma importância vital. Diz substancialmente isto: chegou o momento de fazer desta grande verdade uma experiência vivida pelos crentes, e não mais um objeto de disputas teológicas entre sábios, como sucedeu no passado. A celebração do Ano Paulino nos oferece uma ocasião propícia para fazer esta experiência. Ela pode dar um respaldo a nossa vida espiritual, um descanso e uma liberdade novas. Charles Péguy contava, em terceira pessoa, a história do maior ato de fé de sua vida. Um homem, diz (e se sabe que este homem era ele mesmo), tinha três filhos e um dia caíram enfermos, os três juntos. Então tinha feito um ato de audácia. Ao pensar nisso se admirava também um pouco, e há que dizer que havia sido verdadeiramente um ato arriscado. Como se tomam três crianças do solo e se põem juntas, quase brincando, nos braços de sua mãe ou de sua babá que ri e grita, dizendo que são muitas e não terá forças para levá-las, assim ele, audaz, como um homem, havia tomado - entende-se, com a oração - seus três filhos enfermos e tranquilamente os havia posto nos braços d'Aquela que carrega todas as dores do mundo: «Olha - dizia - lhes dou, me viro e vou para que não me devolvas. Já não os quero, veja bem. Deves encarregar-te deles». (Sem metáforas, tinha ido em peregrinação a pé desde Paris a Chartres para confiar a Nossa Senhora seus três filhos enfermos). Desde aquele dia tudo foi bem, porque era a Santa Virgem que se ocupava deles. É curioso que nem todos os cristãos façam isto. É muito simples, mas nunca se pensa no simples. A história nos serve neste momento para ilustrar a idéia de um ato de audácia, porque se trata de algo parecido. A chave de tudo, se dizia, é a fé. Mas há diversos tipos de fé: há a fé assentimento do intelecto, a fé-confiança, a fé-estabilidade, como a chama Isaías (7, 9). De que fé se trata, quando se fala da justificação «mediante a fé»? Trata-se de uma fé totalmente essencial: a fé-apropriação. Escutemos, sobre este ponto, São Bernardo: «Eu - diz -. O que não posso obter por mim mesmo, o aproprio (usurpo!), com confiança no Senhor, porque é cheio de misericórdia. Meu mérito, por isso, é a misericórdia de Deus. Não me faltam méritos, enquanto ele seja rico em misericórdia. Se as misericórdias do Senhor são muitas (Sal 119, 156), eu também abundarei em méritos. E o que dizer de minha justiça? Oh, Senhor, recordarei somente tua justiça. De fato ela é também minha, porque tu és para mim justiça da parte de Deus». Está escrito também que «Cristo Jesus... se converteu para nós em sabedoria, justiça, santificação e redenção (1 Cor 1, 30). Para nós, não para si mesmo! São Cirilo de Jerusalém expressava, com outras palavras, a mesma idéia do ato de audácia da fé: «Oh bondade extraordinária de Deus para com os homens! Os justos do Antigo Testamento agradaram a Deus nas fadigas de longos anos; mas o que eles chegaram a obter, após um longo e heróico serviço agradável a Deus, Jesus lhes dá no breve espaço de uma hora. De fato, se tu crês que Jesus é o Senhor e que Deus o ressuscitou dentre os mortos, te salvarás e serás introduzido no Paraíso pelo mesmo que introduziu o bom ladrão». Imagina, escreve Cabasilas, desenvolvendo uma imagem de São João Crisóstomo, que tenha acontecido no estádio uma luta épica. Um bravo enfrentou um cruel tirano e, com grande fadiga e sofrimento, o venceu. Tu não combateste, não esgotaste nem sofreste feridas. Mas te admiras do valente, te alegras com ele em sua vitória, provocas e agitas por ele a assembléia, te inclinas com alegria perante o triunfador, lhe beijas a cabeça e lhe dás a mão, em resumo, se tanto o aclamas que consideras tua a vitória; eu te digo que terás certamente parte no prêmio do vencedor. Mas há mais: supõe que o vencedor não tenha necessidade alguma para si mesmo de prêmio que conquistou, mas que deseja, mais que nenhuma coisa, ver honrado seu autor, e considera como prêmio de seu combate a coroação do amigo, em tal caso, esse homem não obterá a coroa, ainda que não se tenha esgotado nem tenha sido ferido? Certamente a obterá! Assim sucede

entre Cristo e nós. Ainda não havendo trabalhado e lutado - ainda não tendo mérito algum -, contudo, por meio da fé nós aclamamos a luta de Cristo, admiramos sua vitória, honramos seu troféu que é a cruz e mostramos pelo valente um amor veemente e inefável; fazemos nossas suas feridas e sua morte. E assim se obtém a salvação. A liturgia de Natal nos falará dosacrum commercium entre nós e Deus realizado em Cristo. A lei de toda troca se expressa na fórmula: o que é meu é teu e o que é teu é meu. Daí deriva que o que é meu, ou seja, o pecado, a fraqueza, passa a ser de Cristo; assim, a santidade passa a ser minha. Já que nós pertencemos a Cristo mais que a nós mesmos (cf. 1 Cor 6, 19-20), se segue, escreve Cabasilas, que, ao inverso, a santidade de Cristo nos pertence mais que nossa própria santidade. E isto é remontar na vida espiritual. Sua descoberta não se faz, habitualmente, ao princípio, mas ao final do próprio itinerário espiritual, quando se experimetaram os demais caminhos e se viu que não levam muito longe. Na Igreja católica temos um meio privilegiado para ter experiência concreta e cotidiana deste sagrado intercâmbio e da justificação pela graça, mediante a fé: os sacramentos. Cada vez que eu acorro ao sacramento da reconciliação tenho experiência de ser justificado pela graça,ex opere operato, como dizemos na teologia. Subo ao templo, digo a Deus: «Oh Deus, tem piedade de mim que sou um pecador» e, como o publicano, volto a casa «justificado» (Lc 18, 14), perdoado, com a alma resplandecente, como no momento em que saí da fonte batismal. Que São Paulo, neste ano dedicado a ele, nos obtenha a graça de fazer como é este ato de audácia da fé.

 

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