MODELO DE LIBELO

EXMO SR JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL ECLESIÁSTICO INTERDIOCESANO DE MARINGÁ

Meu nome é Izolina Passatempo, filha de Astolfo Passatempo e de Andradina Silva Passatempo, nasci no dia 30 de fevereiro de 1984, na cidade de Luz do Horizonte, Estado do Paraná, moro na rua Flor de Maio s/nº, na cidade de Londrina, cep 84250-000, meu telefone residencial é 333-3333, o meu  telefone comercial é 344-4444, minha profissão é nutricionista, sou católica praticante.

O nome de meu marido é Matusalém Longotempo, sou filho de Antonio Longotempo e de  Maria dos Santos Longotempo, ele nasceu no dia 01 de abril de 1983, na cidade de Brilho Celeste, Estado do Paraná, ele mora atualmente na rua Serra Dourada s/nº, no Jd. das Estrelas, na cidade de Londrina/PR., cep 85000-000, seu telefone para contato é 322-2222, não sei sua profissão atual e nem qual é sua religião.

Casamos na Paróquia Jesus Bom Pastor, Diocese de Londrina, no dia 21 de Abril de 2000 e nosso casamento civil foi no dia 01 de outubro de 1999, na cidade de Londrina.

Eu vim de uma família de quatro irmãos, meus pais se separaram quando eu tinha 10 anos de idade, minha mãe trabalhava para sustentar a família, já que meu pai não contribuía com nada. O motivo da separação dos meus pais, eram as constantes agressões físicas, em consequência do alcoolismo de meu pai, essas agressões físicas quem sofria mais era a minha mãe. Quando ele ficava alcoolizado, ele ameaçava toda a família, dizia que ia nos matar, eu e os meus irmãos tínhamos muito medo dele.  Minha mãe se tornou uma pessoa muito religiosa, e tentou nos educar da melhor maneira possível. Tentávamos ser uma família unida, sendo que o meu irmão mais velho, acabou assumindo a responsabilidade com relação a família, quando minha mãe ficou muito doente e não pode mais trabalhar. Todos e principalmente eu, tivemos muito medo de perder a nossa mãe, já que não tínhamos um pai que nos apoiava, pois desde a separação, nunca mais ele havia nos procurado. Felizmente minha mãe não morreu, mas ficou com sequelas decorrentes de sua doença, precisando usar uma cadeira de rodas para locomover. Em decorrência disso, precisei parar meus estudos, para ajudar em casa.

Meu marido Matusalém, tinha uma família bem diferente da minha, sua família era muito rica, ele não precisava trabalhar. Seus pais viviam constantemente viajando e ele desde pequeno ficava aos cuidados de uma empregada. Tudo o que ele queria, seus pais davam. Inclusive como ele não gostava de estudar, decidiu não fazer o 2º grau, já que nunca ia precisar trabalhar. Ele gostava muito de sair com os amigos, festava muito, chegava em casa sempre de madrugada. Por ser filho único era tratado como um príncipe.

Eu o conheci num passeio que fiz ao Shopping, foi amor a primeira vista, fiquei encantada. Ele estava numa roda de amigos e eu estava sozinha tomando um sorvete. Ele se aproximou e começamos a conversar. Para mim era como se fosse um sonho, um rapaz tão bonito como aquele, vir conversar comigo, se mostrar interessado em mim. Marcamos um novo encontro e eu continuava deslumbrada, ficando cada vez mais apaixonada. Tivemos nossa primeira relação sexual no 3º encontro, eu tinha apenas 15 anos nessa época, era totalmente inexperiente, sequer tinha noção de que dessa minha primeira relação pudesse resultar uma gravidez, foi tudo muito rápido e sem pensar.

Com apenas 16 anos, fiquei grávida. Entrei em desespero, pois não sabia como ia contar isso para a minha família, tinha muito medo da reação da minha mãe, já que ela era uma pessoa muito doente. Contei ao Matusalém sobre minha gravidez e sua primeira atitude foi de que eu fizesse um aborto, pois ele não queria casar comigo, para ele eu tinha sido apenas mais uma aventura.

Quando não tive mais como esconder a gravidez, contei ao meu irmão mais velho e à minha mãe, que ficou muito transtornada. Como ela era muito religiosa, disse que de maneira nenhuma eu poderia ficar solteira, que era para eu casar de qualquer maneira, entrando numa crise muito séria de saúde. Com medo de minha mãe morrer, eu disse para ela que  iria casar, que não era para ela se preocupar que tudo ia dar certo. Meu irmão foi falar com os pais de Matusalém, ameaçando  muito, dizendo que ia levar o caso para a imprensa, já que eram uma família muito bem posicionada na sociedade. Com medo da repercussão perante a sociedade, os pais de Matusalém marcaram o casamento no Cartório e casamos somente no civil, sequer ficamos noivos.

Fomos morar com os pais de Matusalém, minha vida foi um inferno, ele saía todas as noites com os amigos, agia como se eu não estivesse lá. Recebia muitos telefonemas de moças, com as quais ele saía, sendo totalmente infiel. Chegava em casa alcoolizado, me agredia muito, não se importava com a minha gravidez, dizia que eu estava atrapalhando a vida dele, para tudo ele dependia dos pais. E foi assim até a criança nascer.

 

Quando a criança nasceu entrei em depressão, pois me sentia muito rejeitada, tanto ele como a família dele, agiam como se eu não existisse, ele não fazia conta da criança, sequer se aproximava. Como minha mãe era muito religiosa, ela fazia questão que batizássemos meu filho, pois segundo ela, se meu filho não fosse batizado ele não iria se salvar, então fomos procurar um padre. Fiquei muito assustada com a reação do padre, que disse que somente batizaria o meu filho se casássemos na Igreja. Matusalém não queria casar de jeito nenhum na Igreja e resolvemos que não íamos batizá-lo. Entretanto, o nenê ficou muito doente precisando de um tratamento sério de saúde, pois corria risco de vida.

Minha mãe apavorada, novamente entrou em crise, precisando ficar internada por vários dias, dizia que de qualquer maneira teríamos que nos casar na Igreja para batizar a criança. Chorando muito, entrei em desespero, pois fiquei preocupada com a minha mãe e com medo do meu filho morrer, convenci Matusalém, que muito relutante, resolveu aceitar, pois segundo ele mesmo disse, tanto fazia, já que para ele o casamento não teria mesmo nenhum significado. Fizemos um curso rápido na Paróquia num sábado a tarde e dali dois meses estávamos casando. Eu estava com muitas dúvidas, pois sabia que o meu casamento era um fracasso, eu não estava agüentando mais aquela vida, pois Matusalém agia como se ainda fosse uma pessoa solteira, não fazia conta de mim e nem de meu filho e, eu sabia que casar na Igreja era muito sério, mas eu estava com muito medo de que meu filho morresse sem que fosse batizado. Hoje penso que se tivesse tido um aconselhamento com o padre, se ele tivesse me ouvido talvez eu não teria me casado, mas infelizmente o único contato que tive com ele foi quando pedi para batizar o meu filho e ele disse, que só o batizaria se casássemos na Igreja, depois quando fomos marcar o dia do casamento, quem nos atendeu foi a secretaria da paróquia, eu só o vi depois no dia do casamento.

Após nosso casamento, no dia seguinte batizamos nosso filho, que infelizmente veio a falecer dois dias depois. Não tendo mais a criança, minha vida tornou-se um verdadeiro inferno. Meu marido, chegava todo dia de madrugada, sendo que após nosso casamento ele só teve relações sexuais comigo uma única vez, dizia ele que tinha coisa melhor na rua e me rejeitava. Me ofendia moral e fisicamente.

Não aguentando mais sofrer, após dois meses de nosso casamento religioso, resolvi entrar com o pedido de separação no civil, o qual ele aceitou prontamente, pois estava se livrando de mim. Nos divorciamos no dia 21 de junho de 2000.

 

Portanto, diante dos fatos acima, venho mediante este Tribunal Eclesiástico pedir a Declaração de Nulidade de meu matrimônio com Matusalém, pois acho que meu casamento é nulo pelos seguintes motivos:

1-     Tanto eu como meu marido éramos pessoas totalmente imaturas, não tínhamos a discrição de juízo necessária para entender o que era realmente um matrimônio, fomos levados pelas circunstâncias.

2-     Meu marido continuou com sua vida de solteiro, não se sentia realmente casado comigo, ele sempre rejeitou nosso casamento, para ele o casamento religioso tanto fazia, não tinha nenhum valor.

3-     Casei no religioso temendo pela saúde de minha mãe que por ser muito religiosa, tinha medo que meu filho morresse sem ser batizado.

4-     Casei no religioso porque o padre me disse que somente batizaria o meu filho se nos casássemos e eu temia pela alma de meu filho.

 

Arrolo como minhas testemunhas as seguintes pessoas:

 

Andradina Silva Passatempo (minha mãe) -

Rua Boaventura nº 100, Jd Colina, em Londrina/PR - Cep 86100-000 - telefone 334-0000

 

João Passatempo (meu irmão)

Rua Boaventura nº 100, Jd. colina, em Londrina/PR - Cep 86100-000 - telefone 334-0000

 

Maria dos Santos Longotempo (mãe de Matusalém)

Rua Serra Dourada s/nº,  Jd. das Estrelas,  Londrina/PR. -Cep 85000-000 - Telefone - 322-2222

 

Maria dos Anjos (minha amiga)

Rua Maruá s/nº, Jd Azul, Londrina/PR, Cep  86000-000 - Telefone 355-5555

Local e data.

Izolina Passatempo