Caríssimos irmãos e irmãs.

Entre os vários critérios que nós usamos para estabelecer a nossa hierarquia de valores, ocupa um posto de honra à ciência e a sabedoria do qual somos dotados e que fazemos emergir com vários títulos. Tudo isso é vivido, muitas vezes, não só como crescimento cultural, mas como motivo de prestígio e como instrumento de domínio sobre os outros que consideramos inferiores e menos dotados que nós.

JESUS, crítica este modo de compreender as coisas quando se dirige a Deus chamando-lhe Pai e bendizendo pela escolha dos pequeninos, destinatários da sua revelação em vez dos sábios, aos quais, não obstante a sua inteligência, precisamente estas verdades permanecem escondidas.

Os que se julgam ser grandes ou sábios são aqueles que se apóiam no poder, na força, na inteligência, julgando que tudo isso tem a sua origem neles e que é algo que podem usar em seu benefício, não uma dádiva que devem colocar ao serviço dos outros. Estes fracassam miseravelmente e não participam na sabedoria de Deus, da revelação do rosto do Pai.

A opção em favor dos pequeninos, isto é, dos que são humildes e simples e que vivem numa condição de necessidade e de pobreza, pertence desde sempre ao nosso Deus, como presenciamos na primeira leitura, quando Moisés, o grande libertador do povo experimenta a falência e a pequenez. E, é nesse momento de esvaziamento que encontra o senhor, é a partir desta condição que é constituído profeta e recebe a missão de salvar o seu povo da escravidão. Este é o sábio por excelência.

Este modo de ser simples é louvado por Jesus. Simples, com pouco conhecimento teológico ou com muito, são aqueles que com humildade se confiam completamente a Deus. São aqueles que se abrem a obra e a mensagem do Deus da vida, que entram em comunhão com ele pela sabedoria da fé, pela sabedoria do diálogo que surge no encontro pessoal.

São aqueles que sabem e conhecem os limites das ciências humanas, não somente em relação á própria condição humana, mas ainda quando nos confrontamos com a verdadeira sabedoria, aquela que nos orienta para o encontro com Ele.

Somente assim, poderemos compreender a intensidade e o valor da oração que Jesus dirige ao Pai por nós: bendigo-te, ó Pai, senhor do céu e da terra, porque escondestes esta coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos.

As palavras dirigidas por Jesus ao Pai não são apenas uma proclamação de louvor a Deus, mas também o anúncio de uma novidade extraordinária para todos aqueles que se reconhecem pequenos, para todos os que fazem a experiência dos seus limites, que sabem que precisam de Deus.

As coisas escondidas das quais fala Jesus, são os mistérios do reino, referentes à sua pessoa e a sua mensagem de salvação, o valor do encontro pessoal com Ele. Valores e verdades que não podem ser compreendidos somente com a luz da razão humana, mas exigem a pequenez interior de nosso espírito que se torna humilde para acolher com a luz que o próprio Deus concede.