Foi na fé católica que os aventureiros portugueses encontraram forças para enfrentar a imensidão do Atlântico e chegar ao Brasil e às Índias. O primeiro ato praticado pelos descobridores em terras brasilis foi a celebração da santa missa. O dia do descobrimento e da santa missa deveria ser feriado nacional. O mais importante patrimônio histórico e cultural brasileiro é de origem católica: as igrejas, os templos, os conventos, os prédios públicos, os palácios, os fortes, as bibliotecas, os museus, todos construídos pelos religiosos e portugueses católicos.

O Brasil nasceu sob a bênção da Igreja Católica, religião oficial do Império português até a Constituição republicana de 1891. Por isso deu nome às cidades, às ruas, aos prédios, aos estados, aos rios, aos lagos; deu nome ao povo brasileiro e moldou o calendário e o ano com as festas católicas, os feriados, os dias santos. A cultura e as festas populares foram moldadas na fé católica. As primeiras escolas e universidades, os asilos, os abrigos para delinqüentes, os orfanatos, os postos de saúde, hospitais e hospícios, foram construídos pelos padres e Freitas. Era a Igreja quem cuidava dos pobres, quem trouxe as letras e estabeleceu a cultura acadêmica. Temos o maior respeito pelas outras igrejas, mas elas chegaram depois. Por isso, terão que compreender a contingência temporal e começar a fazer a história do Brasil, dedicando-se a servir o povo brasileiro; colaborando com as instituições sociais e promovendo a união de todos para que o país cresça na educação, na saúde, na promoção do bem comum. A verdadeira religião cristã tem como objetivo transformar o homem e a sociedade para que comecem a saborear, desde agora, as delícias do paraíso.

Quem primeiro promoveu o diálogo com as igrejas e Religiões foi a Igreja Católica no Concílio Vaticano II (1965). O princípio imperativo que orienta a Igreja Católica é a opção fundamental pelo homem. Para nós, não existe cristianismo sem dedicação à promoção do homem. E quem luta pelo homem, luta pela união de todos, pois os objetivos comuns devem ser perseguidos por todos, juntos, deixando de lado as diferenças existentes nas várias práticas religiosas. Construir uma grande nação supera as diferenças internas existentes entre as igrejas, sejam teológicas, litúrgicas ou de interpretação bíblica. A religião não pode ser expressão unicamente do emocional, nem do racional. A expressão religiosa deve nascer do coração e da razão, ao mesmo tempo, para ser equilibrada, serena e discreta. Deus não é espalhafatoso. Não necessita do homem, nem de sua prática religiosa. O homem é que precisa de Deus. A prática religiosa é a linguagem através da qual o homem se comunica com Deus. Por isso, a prática religiosa deve ser isenta de todo interesse mundano. Se alguém pensa que entrou numa igreja para resolver os seus problemas, está enganado. Deus não anda fazendo milagres à toa. Da mesma forma, se alguém fundou uma igreja para ganhar dinheiro, essa igreja não expressa a verdade divina. Deus não é vedete, não é o show, nem, muito menos, comerciante. São os seres humanos que se dão à práticas pecaminosas, reprovadas pelo Criador. A religião existe para "religar" o homem de volta ao Criador. Para lembrar de nossa origem e herança divina. De que perante Deus somos todos iguais. De que Ele quer que sejamos uma só família, como escreveu São João no capítulo 17. A religião deve ajudar os seres humanos a superar as fraquezas com a prática das virtudes, com a ajuda e o respeito mútuos, com a prática da caridade. Dentre outros, são esses os objetivos que a fé católica tem perseguido no Brasil, desde o seu descobrimento. Paulo Pinto é pároco de NS de Lourdes.