O QUE VEM A SER UMA VIDA ESPIRITUAL?

A espiritualidade cabe bem em um sacerdote e em todos aqueles que caminham para este sentido.

Alguns elementos:

Qual a figura do Missionário?

Qual o seu caminho para chegar a Santidade?

Qual a sua identidade?

O Espírito Santo guia-nos através da Igreja. Até Trento não se falava de espiritualidade, mas havia uma linha clara de Cristologia a seguir e de sacramentalização que definia a figura do cristão. Até o clero era do século ou secular, mas seguia a espiritualidade das ordens religiosas,  onde os próprios leigos eram divididos segundo as ordens terceiras.

Até os seminários estavam nas mãos dos religiosos. Havia ordens que se dedicavam somente a este trabalho de formação.

O padre era apenas o homem do culto, era para o altar, para os sacramentos (Trento).

Até o Vaticano II não se via uma qualquer modificação, tinha que ser assim, era uma imagem, tinha que ter "cara de padre", como as imagens dos santos populares.

A nossa espiritualidade missionária se aprende refletindo sobre o sacerdócio dos fiéis em relação aos Bispos e ao mundo. É entre estas três realidades que se deve tirar a verdadeira espiritualidade de hoje. É através destes relacionamentos que se encontra a maneira de se santificar. Onde as dimensões da espiritualidade são: a Trindade, a Pneumatologia e a Igreja povo de Deus.

Então, o Padre, a irmã e o leigo não são uma figura preestabelecida, sacramentalista, mas uma pneumatologia em ação, em relação e não mais apenas cultural.

Aqui está a espiritualidade: no amor-pastoral de Cristo, é a missão, é estar em relação. É o grande caminho da Espiritualidade de hoje. Antes de sermos pastores, somos ovelhas de Cristo, não podemos esquecer este fator fundamental.

Somos parte do povo, é dentro dele que devemos nos situar e não ao lado ou até de fora do povo de Deus, menos ainda em cima.

Saber, então, passar ou ser figura de Cristo Ressuscitado para o povo, somos consagrados por Cristo Ressuscitado, isto é, a serviço do pecador para que se converta e viva.

O relacionamento com o Bispo é outro fator de espiritualidade e será por isso um relacionamento místico. Ele é o Pai da Fé, não é apenas uma situação jurídica, mas é aquele que ama como Cristo, que se entrega como Bom Pastor ao povo e dá a vida pelas ovelhas. Então, será um dom de Deus para a Igreja ou ser como que um grande presente, ou uma grande espiritualidade, para ser tal como Cristo quis, que fossemos os seus discípulos.

Por isso saber saborear a presença de Cristo em si e nos outros. Ele já está presente, nos assegura até o fim dos tempos, nos irmãos, na amizade, na doação de si, no serviço, no amor de um pelo outro e no povo de Deus. Jesus tinha compaixão do povo como quem está na dor do parto, na morte do grão, para depois ter a espiga cheia de grãos ou de boas obras.

Ser como Jesus, experimentar como é duro descer até o fundo do mar, do não querer servir, para depois ser vomitado na praia e voltar para o meio do povo, para que o serviço de conversão continue.

A nossa espiritualidade é para prestar um serviço de conversão às pessoas concretas. O pastor é aquele que conhece as suas ovelhas, quer dizer que está por dentro. Quem não as conhece é um mercenário.

A espiritualidade é contra todo e qualquer pecado, mas não contra a matéria do ser humano, que precisa da matéria, porque este é o caminho da Igreja histórica, sinal de salvação, onde a matéria se torna sacramento ou sinal da graça.

Jesus se fez homem, não desdenhou-se de fazê-lo para que nós o encontrássemos no outro igual a nós: esta é a maior obra-prima do Espírito Santo, a saber: é fazer o novo homem em Cristo e ponto final!

Isto significa encarnar-se no meio do mundo com os homens, não querer ser mais um, mas como sinal do novo homem, diferente e igual ao mesmo tempo, como foi Jesus.

Ora, devemos planejar a nossa vida, a nossa pastoral mergulhando com Jesus, renovando-nos e vivendo assim como ressuscitados.

Vamos tirar do meio de tudo isto os nossos interesses e pôr no lugar a verdadeira espiritualidade: o amor serviço, ágape, porque quem serve é o maior.

Não se deixar esquematizar por nada, porém tenhamos um estilo de vida, de missão, de simplicidade; um esquema cristão, evangélico necessário para transmitir a vida e a vida de Deus e não apenas opiniões mesmo se teológicos, não interesses escusos de apego a si mesmo ou vanglórias onde se quer apenas tirar vantagens.

Precisa dar tudo de si, como convida a fazê-lo, o divino Mestre: "Quem quer ser meu discípulo, nega-se a si mesmo e tome sua cruz todos os dias e siga-me", somente assim seremos bem-aventurados.

Programa de vida:

1º Amor Verdadeiro e grande respeito para com cada um, respeitando as diferenças;

2º Perdoar quando é preciso e reconciliar sempre, custe o que custar.

3º Diálogo para encontrar o caminho a seguir e ser solidário.

4º Solidário mesmo nas divergências que poderá surgir.

A Santíssima Trindade ficará "satisfeita" conosco pelo nosso proceder de Irmãos.