No dia 22 de fevereiro p.p., dia em que celebramos a festa da Cátedra de São Pedro, Sua Santidade o Papa Bento XVI assinou a Exortação Apostólica, Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis que a imprensa, desde o dia 13 de março, quando ocorreu à sua publicação, como infelizmente costuma fazer com matérias referentes à Igreja, começou a manipular do modo que melhor lhe convinha; desse modo nós fiéis e, isso é um convite que faço a todos e em relação a tudo, devemos adentrar no texto, atentando ao que ele diz, não deixando que nos digam, simplesmente, aquilo que nele não está contido e que fruto de um modismo ou de uma mera conveniência. A imprensa quer cumprir um lamentável papel de ser a criadora de polêmicas e a cultivadora de sensacionalismo, como se estivesse acima do bem e do mal, basta que vejamos com vagar o que pretenderam fazer ao Santo Padre em sua Visita Apostólica à Turquia, mas não tiveram sucesso naquilo que pretendiam, porque a verdade prevaleceu e a paz, não a guerra, se instaurou.

A Exortação Apostólica, depois da Introdução, que contém seis números, é dividida em três partes assim intituladas: Eucaristia, mistério acreditado; Eucaristia, mistério celebrado e Eucaristia, mistério vivido. Quase no já tão conhecido método, ver, julgar e agir. Na realidade, é um texto tripartido, sem perder, entretanto, o mistério da unidade, modo que está claramente a caracterizar o estilo de como nos tem escrito o Santo Padre, o que, certamente, nos recorda vivamente a Unidade de Deus, na Trindade das Pessoas.

O Papa, nos números 27-29 escreve-nos sobre a relação existente entre a Eucaristia e o Matrimônio, demonstrando que essa é um sacramento esponsal e que, por isso mesmo, possui um liame muito íntimo entre a unidade e a indissolubilidade do Matrimônio. Afirma o Santo Padre, a partir de Ef 5,31-32: "o consentimento recíproco, que o marido e a esposa trocam entre si constituindo-os em comunidade de vida e de amor, tem também uma dimensão eucarística... o amor esponsal é sinal esponsal do amor de Cristo pela sua Igreja, um amor que tem o seu ponto culminante na cruz, expressão das suas ‘núpcias' com a humanidade e, ao mesmo tempo, origem e centro da Eucaristia". Diz-nos também o Vigário de Cristo: "o vínculo fiel, indissolúvel e exclusivo que une Cristo e a Igreja e tem expressão sacramental na Eucaristia, está de harmonia com o dado antropológico primordial segundo o qual o homem deve unir-se de modo definitivo com uma só mulher e vice-versa (Gn 2, 24; Mt 19,4)". Desse modo, diz-nos ainda o Romano Pontífice: "Se a Eucaristia exprime a irreversibilidade do amor de Deus em Cristo pela sua Igreja, compreende-se porque motivo a mesma implique, relativamente ao sacramento do Matrimônio, aquela indissolubilidade a que todo o amor verdadeiro não pode deixar de anelar".

A grande riqueza do Documento quis a imprensa ofuscar completamente, lançando os holofotes quase que unicamente sobre a utilização do termo praga, no contexto dos divorciados novamente casados, cujo número, não se pode negar, está a pulular. Termo não novel, pois dantes já foi utilizado, tanto pela Familiaris consortio n. 84 (na versão oficial latina = plaga) quanto também pelo Catecismo da Igreja Católica (CCE n. 2385 na versão oficial francesa = plaie, da qual, excepcionalmente, originou-se a versão latina = plagam) e que na ocasião não causou o menor espanto, porque foi exatamente visto em seu contexto, que é aquele, inegável, de que o divórcio é um mal contagioso, que se dissemina na sociedade e no próprio ambiente católico, sendo esse unicamente o sentido que quis dar o Sucessor do Príncipe dos Apóstolos, na mesma linha do seu antecessor. Não são, portanto, as pessoas dos divorciados novamente-casados que são uma praga, isso não disse o Servo de Deus João Paulo II e nem também o Servo dos Servos de Deus Bento XVI; essas pessoas são, lamentavelmente, vítimas daquela praga que é o divórcio. Eles, mesmo nessa situação, "continuam a pertencer à Igreja, que os acompanha com especial solicitude na esperança de que cultivem, quanto possível, um estilo cristão de vida..."

É preciso que tomemos sempre consciência de que "Matrimônio e família são instituições cuja verdade deve ser promovida e defendida de qualquer equívoco, porque todo o dano a eles causado é realmente uma ferida que se inflige à convivência humana".

Que a Eucaristia, Sacramento da Caridade por excelência, nos ajude a viver, com renovado compromisso cotidiano: só por hoje... as Equipes de Nossa Senhora como comunidade de casais, reflexo do Amor de Cristo, percebendo o Matrimônio e ENS, como um caminho de santidade, buscando assim tomar consciência da importância da espiritualidade conjugal e dos compromissos nas ENS, movimento de espiritualidade conjugal.

D. Hugo da Silva Cavalcante, OSB