Santo Agostinho lança luz sobre esta realidade aparentemente sem sentido, nô-lo industriando que o homem foi criado para Deus, e o coração humano permanecerá inquieto, até repousar na divindade. Neste diapasão, cada ato precisa ser praticado com vistas no Sumo Bem, isto é, Deus. A piedade, e não a religião, há de permear o quotidiano de quem não deseja viver perfunctoriamente, como um reles animal. Há poucos anos, nos EE.UU, João Paulo II exortava a juventude daquele país a não se satisfazer com a mediocridade, jogando as redes para águas mais profundas.
Voltando à morte. Já que as alternativas da vida que conhecemos e experimentamos são escassas, e mais raras ainda se não lhes emprestarmos um quê de espiritualidade, resta-nos apostar na morte, ou melhor, nos chamados novíssimos ou acontecimentos póstumos. Consoante a doutrina cristã, a imensa alegria que se nos deparará será a visão beatífica de Deus. Desta feita, com a morte, exaure-se a história, extingue-se o tempo. No céu, não há relógio; existe só a eternidade: um momento de felicidade perene. Desafortunadamente, um dos empeços deste jaez de reflexão diz respeito às limitações da palavra. O discurso lingüístico jamais logrará expressar cabalmente as coisas que se referem a Deus, porque o ser humano é finito, ao passo que Deus é infinito.
O homem, ser imbele por natureza, extenua-se com a busca de sentido, posto que nem sequer bispa um sentido lídimo. Engana a si mesmo com mesquinharias: carros novos, homens e mulheres bonitas, sexo, viagens, consumismo, hedonismo. Com o livro do Eclesiastes, poderíamos afirmar: vaidade de vaidade, e tudo é vaidade!
Na morte decerto haverá um sem-número de surpresas. Bons e maus alcançarão a vida eterna, porque a alma, segundo a religião cristã, é imortal. Cada um, contudo, perceberá a paga pela sua conduta neste vale de lágrimas. A uns o céu, a outros o inferno; estes e aqueles gozarão de incomensurável gáudio. Aos réprobos a desdita do inferno, onde haverá choro e ranger de dentes.
Edson Luiz Sampel