Depressão é um buraco. Com efeito, quando nos sentimos demasiadamente tristes ou angustiados, afirmamos que estamos em depressão. Deveras, quem se meteu num buraco não é capaz de sequer lobrigar a luz que refulge lá fora. Para tal pessoa, tudo está anuviado e confuso. O auge da depressão é crer piedosamente que o fim chegou.

Um dos meios mais eficazes de combater a depressão, esse mal psicológico que também derriba a alma, é a prática da caridade. Isto mesmo. No momento em que o deprimido ou o depressivo executa um ato nobre, extirpa-se o estado característico de depressão, qual seja, olhar para si mesmo. De fato, o deprimido é alguém que só enxerga a si (ipsação). Sem embargo, não nos é lícito imputar culpa a uma pessoa neste estado. As reações são decerto manifestação da própria "doença". A propósito, vem à baila outro dado importante, a saber: a depressão nem sempre consiste numa patologia. Ainda bem. Neste caso, a depressão é mais facilmente lancetada. Temos de mudar nossos pontos de vista. Já se disse que todo o ponto de vista é a vista de um ponto. Se nos ativermos assaz aferrados a determinados preconceitos, seremos vítimas excelentes da depressão, porque a sociedade cambia valores e paradigmas. Precisamos estar atentos para esse constante evoluir, adaptando-nos a ele, sem malferir nossos princípios, é claro.

Jung, o famoso psiquiatra alemão, inicialmente discípulo de Freud, discorrendo acerca dos casos que tratou, escrevera que não arrostou uma situação que não tivesse por fundo um problema de religião mal resolvido. Aqui adentramos a antropologia cristã, para asseverar que o homem só se realiza plenamente em Deus e, particularmente, em Jesus, que é o modelo do ser humano perfeito. Di-lo o Concílio Vaticano II: Jesus revela o homem ao próprio homem. Na verdade, a depressão é um vazio, a ausência do sentido de vida. Muita vez, acreditamos que o sentido de nossa existência está em galgar certos objetivos, tais como bens materiais, títulos e quejandos. Todavia, invariavelmente esse sucesso é insuficiente. Queremos cada vez mais. Não nos satisfazemos nunca e não fruímos de paz.

Rezar é outro remédio salutar para combater a depressão. No entanto, não funciona se continuarmos agir como sempre, infensos a gestos nobres, indiferentes às agruras do próximo, sobretudo do pobre. Debelar a depressão implica, pois, uma certa peleja. Estamos combalidos, porém ainda dispomos de forças para nos levantarmos. Como afirma o papa, parafraseando Jesus: "Levantai-vos, vamos!". Ao fazermos a experiência da doação e do amor, certamente não haverá lugar para a depressão no nosso dia-a-dia.

Para terminar, quero sugerir estoutro instrumento eficiente no combate à depressão: tente pôr no papel, por escrito, ou mediante desenhos, o que você está sentindo. Faz muito bem.  ...