Ao falar da paz social no mundo, o Papa Francisco refere-se a uma realidade preocupante e extrema, munida de falsidades, com requinte de destruição do tecido da sociedade nacional e do mundo. Essa dura situação é a guerra. Algumas práticas nefastas nutrem a guerra: perversão das relações ambiciosas; abuso de poder por medo do outro e por ver as diferenças como obstáculos.
Quando falamos sobre a guerra, a nossa mente olha para os tempos do passado, ou para os países mais distantes de nós. Mas acontece que ela é uma ameaça constante para todos os povos e em todos os tempos. A guerra é negação de todos os direitos, agressão ao meio ambiente e contrária ao desenvolvimento integral dos países. Significa que deve ser evitada através de negociações responsáveis.
Em 1945 a ONU publicou a “Carta das Nações Unidas”, com o compromisso de defender os fundamentais direitos humanos dos cidadãos. Nessa Carta estão as principais motivações que ajudam nas negociações entre os diversos países, principalmente para que não sejam desencadeadas ações de forças totalmente incontroláveis e prática de intenções ilícitas com possibilidades eminentes de guerra.
Sempre justificam as guerras utilizando desculpas despidas de fundamento dizendo que é ação humanitária. Pode ser que haja certa legitimidade moral, mas com condições muito rigorosas, porque não podemos querer o bem passando por caminho nefasto. Com as novas tecnologias e armas modernas as guerras se tornaram muito destrutivas e incontroláveis, eliminando muitas pessoas inocentes.
Diante de tantos riscos, jamais podemos dizer que a guerra seja uma solução, porque nunca será uma realidade justa. Não deixa de ser causadora de fatores violentos e prática da pena de morte para os envolvidos. Por outro lado, não podemos perder de vista que as razões para a paz são muito maiores do que o poder destruidor das armas. A guerra não deixa de ser um fantasma enganador.
Falar de guerra é falar de abismo do mal, de catástrofes humanitárias e ambientais, de medo causado pelo uso irresponsável de armas nucleares, químicas e biológicas. A paz, o equilíbrio e a estabilidade internacionais não podem estar fundados numa falsa e ameaçadora segurança para os povos. Em vez de gasto com armas, porque não criar um fundo para combater a fome no mundo?
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.