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Em uma entrevista transmitida pelo canal de televisão católica francesa KTO, o cardeal Secretário de Estado se detém sobre a viagem do Papa Francisco ao Iraque. E ele também aborda outras questões, incluindo a reforma da Cúria, o acordo com a China e a crise, não apenas de saúde, ligada à pandemia.
 

Amedeo Lomonaco – Vatican News

O esforço da Igreja "é o de ser capaz hoje de proclamar o Evangelho ao homem do nosso tempo". "A Igreja em saída é uma Igreja verdadeiramente capaz de levar a água fresca do Evangelho aos homens de hoje que tem sede dessa água, mesmo que talvez pense que não precisa dela". Foi o que disse o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, durante a entrevista transmitida nesta sexta-feira (29) à tarde pelo canal de televisão católico francês Kto.

Reforma da Cúria

Respondendo a uma pergunta sobre a reforma da Cúria, o cardeal salientou que "foram dados passos avante consideráveis". "Na verdade", explicou ele, "a reforma já foi realizada", especialmente no que diz respeito à parte econômica. O secretário de Estado lembrou que foram criados três novos organismos: o Conselho para a Economia, a Secretaria para a Economia, e o Escritório do Auditor Geral. Houve também a grande reforma do setor de comunicação com a criação do Dicastério para a Comunicação. E depois houve algumas fusões: no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, recordou, quatro Pontifícios Conselhos precedentes foram fundidos. Muito do trabalho já foi feito, "agora há outros passos a serem dados". Mas passos "menores em comparação com o que já foi realizado".

A serviço do Evangelho

Referindo-se novamente à reforma, o cardeal disse que agora é uma questão de dar "uma homogeneidade" a todos os passos dados através da nova Constituição apostólica cujo título provisório é "Pregar o Evangelho" e que deverá ser publicada ainda este ano. O título do esboço provisório - disse o secretário de Estado - "já indica a perspectiva na qual a reforma da Cúria confiada a um Conselho de Cardeais trabalhou". Está de acordo com o que o Papa diz na Exortação apostólica Evangelii Gaudium: tudo na Igreja deve ser revisto e orientado para o anúncio do Evangelho. Assim, também a Cúria Romana, "como uma estrutura que ajuda o Papa no exercício de sua missão como Sucessor de Pedro, deve ter esta orientação". O cardeal Parolin também destacou que "o Santo Padre quis tratar diretamente problemas que surgiram justamente para tornar a Cúria Romana o mais transparente possível".

A viagem do Papa ao Iraque

O secretário de Estado se deteve então sobre a situação dos cristãos no Oriente Médio e sobre  próxima viagem do Papa Francisco, agendada para 5-8 de março ao Iraque. Apesar das dificuldades que esta viagem pode acarretar, o Papa quer ir ao país do Golfo "acima de tudo para encorajar os cristãos". Em vários Estados da região tem havido "uma hemorragia de cristãos" devido a conflitos, violência. Nessas terras "a comunidade cristã foi reduzida ao mínimo": o Papa sente precisamente "a necessidade de ir e dar coragem a esses cristãos, de convidá-los a continuar a dar seu testemunho apesar das dificuldades". Outro tema da viagem é o diálogo inter-religioso. Ele então enfatizou que a viagem do Papa ao Iraque é também uma oportunidade para encorajar a reforma política e a estabilidade no país.

Fraternidade humana

Outro tópico no centro da entrevista disse respeito ao Documento sobre a fraternidade humana, assinado pelo Papa Francisco e o Grande Imã de Al-Azhar em 4 de fevereiro de 2019 em Abu Dhabi. Este é, disse, "um grande progresso nas relações entre cristãos e muçulmanos". Neste documento "são compartilhados alguns princípios que são fundamentais: o fato de sermos todos criaturas de Deus nos deve fazer sentir como irmãos". Mas também reconhece "o fato de que nenhuma violência pode ser justificada em nome de Deus". E então é recordada "a contribuição que as religiões podem trazer para a construção de um mundo mais justo, um mundo de maior solidariedade". No Documento sobre a fraternidade humana "é colocado em preto e branco que existe esta vontade". A partir deste texto nasceram e estão nascendo muitas iniciativas, sobretudo no âmbito educacional.

Iluminar as consciências

A Igreja - prosseguiu explicando o cardeal - não tem um papel político. Em questões importantes que envolvem a comunidade internacional, tais como migração e mudança climática, sua tarefa, disse, , é "iluminar as consciências". A missão da Igreja "às vezes pode colidir até mesmo com o pensamento dominante". A Santa Sé, no contexto internacional, "procura fazer com que as pessoas reflitam sobre as consequências de certas escolhas". O objetivo é "fazer o interlocutor entender que o propósito da Igreja é salvar a dignidade da pessoa".

Acordo com a China

Respondendo a uma pergunta sobre o acordo provisório da Santa Sé com a China, o secretário de Estado disse que foi escolhido um "o caminho dos pequenos passos". "Este acordo", observou ele, "não podia resolver todos os problemas enfrentados pela Igreja na China, mas é apenas um pequeno passo a partir do qual começar a tentar melhorar a situação”. O acordo não pretende, portanto, ser "a palavra final". É "uma pequena semente que é colocada sobre a terra". A esperança é que ela cresça e dê frutos: "É preciso muita paciência".

Cultura de cuidado recíproco

O convite que vem da Igreja para abordar e resolver a atual situação pandêmica é prestar atenção a "uma cultura do cuidado recíproco". Não se deve perder a esperança, senão todos os horizontes se fecham: "Estamos todos no mesmo barco e temos um destino comum". Além da esperança, disse o cardeal Parolin, é importante seguir o caminho da solidariedade: "não nos fecharmos em nós mesmos, mas cuidarmos uns dos outros". Devemos ter confiança de que a vacina nos ajudará a sair desta crise, disse o cardeal.

 

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