Lamento a decisão do STF de permitir a veiculação da película do grupo "Porta dos Fundos", que retrata um Jesus homossexual. A bimilenar moral católica ensina que os homossexuais têm de ser acolhidos e respeitados. Eis o que consta no Catecismo da Igreja Católica: 

"Número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais inatas. Não são eles que escolhem sua condição homossexual; para a maioria, pois, esta constitui uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus na sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa da sua condição" (n. 2358). 

No entanto, a moral católica ou cristã reputa eticamente lícita somente a heterossexualidade (Catecismo da Igreja Católica, n. 2357). 

Ora, a Igreja católica, historicamente fundada por Jesus Cristo (Mt 16,18), não poderia estar em contradição com seu divino fundador. Logo, o Jesus histórico, como soem dizer os teólogos liberais, era heterossexual. 

Além disso, no testamento novo, há escritos, sobretudo da lavra de são Paulo, que veementemente desabonam a prática da homossexualidade (1Cor 6, 9; 1Tm 1, 8). O apóstolo dos gentios não redigiria tais exprobrações, se soubesse de eventual homossexualidade de seu mestre. E poderia são Paulo efetivamente sabê-lo, porque esteve com são Pedro, o primeiro papa (Gl 2, 11), e com outros apóstolos que conviveram com o messias (At 15, 1). Este assunto não passaria despercebido. Ademais, é bem provável que o próprio são Paulo, por algum tempo, tenha privado com Jesus (At 9, 4), de quem hauriu diretamente as doutrinas expostas nas cartas.  

O filme que mostra Jesus homossexual padece de mau gosto e não contribui para com a convivência pacífica na sociedade, pois quer impor, em tom provocativo, uma imagem de Jesus que destoa da concepção que do divino mestre fazem católicos e protestantes. Fere-se, ainda, o direito dos cristãos de inculcarem a heterossexualidade como o modo escorreito de viver a sexualidade.

 

Edson Luiz Sampel

Professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo (da Arquidiocese de São Paulo)