O mundo onde habitamos é marcado por acontecimentos e deixa como legados os chamados eventos históricos. A vida na terra é construção de fatos negativos, mas também e positivos, que ocasionam verdadeiros aprendizados. Assim foi o que aconteceu no Antigo Testamento e continua nos tempos atuais. A pandemia do coronavírus constitui um verdadeiro evento histórico.

Agora é o momento (“evento”) eleitoral. Ele também vai passar deixando bem visível o rastro de acontecimento com forças propositavas antagônicas. Os candidatos investem muito nas campanhas eleitorais para construir um clima de popularidade e convencer os eleitores. É uma corrida que supõe esforço físico para muitos candidatos e também exorbitantes gastos econômicos. 

No entendimento bíblico antigo, o político eleito (escolhido) precisa ter a característica de libertador do povo. Afinal de contas, ele tem nas mãos a força e o poder vindos do voto. Aliás, todo poder vem de Deus quando passa pela decisão da comunidade. Deus age no voto consciente. No voto comprado ou vendido, que é ação desonesta, o candidato eleito não tem poder vindo de Deus.

Falar de eventos históricos parece estar olhando só para o passado. Acontece que cada fato do presente constrói a história e a elava conforme a cultura do momento. Com as dificuldades trazidas pela pandemia, as novas lideranças municipais terão muito a fazer para achar caminhos de superação das inúmeras situações legadas, principalmente da desigualdade social e econômica.

 Estamos num momento que exige soma de esforços para recuperar o perdido. Depois da pandemia o mundo necessita ser diferente, principalmente no exercício da cidadania e da fraternidade. Não podemos continuar eternamente com o evidente aumento da violência, porque a sociedade vai se autodestruindo e perdendo a capacidade de superar as investidas contra a liberdade das pessoas.

O ser humano tem gravado em si a imagem de Deus, a sua dignidade e pertença a Ele. Estando no mundo deve transformar seus atos, de forma honesta e digna, em eventos históricos. Não eventos de destruição e de perda da dignidade humana, mas de construção de vida saudável para todos. O que define a dignidade da pessoa não é o ter ou o poder, mas seu ser e estar nas mãos de Deus.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.