Neste país, laico graças a Deus, os variegados credos fruem de liberdade constitucional para erigir escolas nas quais os correligionários são amestrados segundo princípios religiosos. Assim procedem os judeus e os protestantes, entre outros. Os católicos, também, possuímos nossos estabelecimentos de ensino, onde se inoculam os valores evangélicos.
            Falta, contudo, um ateneu confessional que, sobre industriar as matérias normais, lecione outrossim disciplinas estritamente conectadas ao catolicismo. Posto isto, neste artigo, desejo apresentar o escorço do que reputo seja uma escola católica ideal. Quem sabe um dia tenhamos algo parecido na Terra de Santa Cruz!
            Toda sala de aula dessa escola católica portará um crucifixo e uma imagem de nossa Senhora. Os professores terão de ser católicos praticantes (e não me venham dizer que isso é inconstitucional, porque não é!). Docentes e alunos realizarão um retiro inaciano uma vez por ano. Missa diária. Os discentes usarão uniforme. Este jaez de escola católica se incumbirá de ofertar excelente formação nas matérias usuais do currículo acadêmico exigido pelo Estado. Em princípio, a escola ora descrita atuará no denominado ensino médio.
            Matricular-se-ão nessa escola quaisquer pessoas, independentemente da confissão religiosa, máxime os filhos dos católicos das comunidades paroquiais, indicados pelos párocos.
            O objetivo dessa escola consistirá em preparar católicos convictos, conhecedores de sua religião, além de cidadãos politicamente comprometidos com a erradicação da pobreza no Brasil.
            Para levar a cabo tão celso múnus, a escola católica que estou a idear funcionará em turno integral. Eis as cadeiras extras, de frequência compulsória, imediatamente votadas ao catolicismo: 1) Doutrina Social da Igreja; 2) História da Igreja; 3) Doutrina católica; 4) Moral. Observe-se que as disciplinas ora elencadas serão ministradas nos três anos do curso médio.
            É urgente a tarefa de catolicizar novamente nossa nação, vinda à luz sob os esplêndidos influxos de uma santa missa, dita aos 26 de abril de 1500 por um dos integrantes da esquadra de Cabral, frei Henrique Soares de Coimbra, OFM. Desde então, a religião católica permeou as entranhas do nosso povo. Nalguns setores, ela está um tanto quanto obnubilada. Noutros rincões, a santa fé resta entorpecida pelas seitas. Todavia, bastará o surgimento de uma nova geração de católicos conhecedores dos tesouros de sua crença, para que as heresias principiem a esboroar para longe do quadro social.
            Ter espírito ecumênico é assaz benéfico e se traduz num comportamento consentâneo com o Concílio Vaticano II. Sem embargo, viver sob a égide do ecumenismo não significa perder a identidade católica. Temos de resgatar essa identidade urgentemente. A escola católica, nos padrões aqui expostos a título de exemplo, decerto outorgará relevante contributo para atingirmos esse escopo divinal.

Edson Luiz Sampel
Professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo (da Arquidiocese de São Paulo). Livro no prelo, previsto para setembro de 2020: "Noções de Direito Constitucional Canônico" (Editora Santuário), com prefácio do prof. dr. dom Hugo Cavalcante, OSB.