Todos os ensinamentos contidos na Bíblia têm como meta orientar as pessoas sobre o valor e o sentido da vida em todas as suas dimensões, principalmente a vida humana. Além da existência de uma história, ela tem um destino proclamado nas palavras do Mestre. Jesus confirma, em seu ensinamento, o desejo do Pai e faz um pacto de aliança, de unidade e de vida com o ser humano.
Diante da trágica realidade de mortes causadas pela covid-19, e dos desacertos na administração pública no enfrentamento desse problema letal, com consequências para as famílias no Brasil, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em parceria com outras organizações da sociedade, convoca os brasileiros para unir forças a partir de um “pacto pela vida e pelo Brasil”.
Na verdade é uma convocação para unidade de pensamento e de preces pela superação dessa crise que afeta bruscamente a todos. Foi redigido um documento e encaminhado aos presidentes dos três Poderes da Nação. Ali está pedindo “união da sociedade, solidariedade, disciplina e conduta ética e transparente do governo”, para um cuidado mais pertinente no enfrentamento do coronavírus.
Há uma frase bíblica intrigante: “Quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt 16, 25). Essas palavras atribuídas a Jesus estão em sintonia com o pacto da vida, que precisa ser defendida, mesmo necessitando de sofrimento. É o sentido visto na cruz, imagem dos enfrentamentos que acontecem também por muitos na pandemia.
São praticados muitos atos arbitrários em relação à vida. O da menina de dez anos estuprada com adiantada gravidez, fato estranho, mas de fácil entendimento em uma cultura hedonista. A decisão pelo aborto foi uma atitude agressiva e contrária aos princípios sagrados da vida humana. Isso clama aos céus e pesa sobre os administradores da justiça uma consciência ferida.
O “Pacto pela vida e pelo Brasil” foi lançado no dia 7 de abril passado e assinado por dezenas de entidades do país. A finalidade principal é motivar o conjunto da sociedade brasileira numa união de cidadãos, governos e poderes constituídos da República para “formar uma ampla aliança para enfrentar a grave crise sanitária, econômica, social e política que vive o Brasil”, principalmente na pandemia.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.