100 mil mortos 

18 de Agosto de 2020 

"São cem mil vítimas causadas por uma realidade surgida dos descontroles na condução da história que se arrastam pelo mundo afora"

Dom Paulo Mendes Peixoto 

Arcebispo Metropolitano de Uberaba – MG

Quem esperava por uma realidade tão assustadora como o que está acontecendo, um vírus ameaçador e agressivo eliminando tantas vidas humanas e deixando um legado de sofrimento para inúmeras famílias em nosso país! O Projeto de Deus é a vida, que contempla sua existência do nascimento até a morte natural. Mas muitas delas são paralisadas de forma agressiva e antinatural.

A curva que referencia o número de mortes diárias no país por coronavírus é preocupante. Está demorando descer de seu patamar, sinalizando que a pandemia ainda vai continuar muito tempo. Só haverá maior agilidade de queda com a cooperação consciente da população, não abandonando o distanciamento social e o uso das medidas sugeridas pela Organização Mundial da Saúde.

Perante a fragilidade e passividade da pessoa humana em relação ao vírus da covid-19, até que chegue uma vacina eficiente, alguns alertas devem estar presentes na vida de cada pessoa: adquirir, o quanto possível, resistência do próprio organismo; já que é um vírus letal, que estejamos em dia com nossa identidade, inclusive no aspecto da vida de fé e compromissos cristãos.

Em termos de responsabilidade, o empenho pela superação da pandemia é de todos os brasileiros. O peso não pode ficar apenas nos ombros de autoridades e agentes de saúde. A falta de cuidado em relação ao outro acaba prejudicando a gente mesmo. O não uso de máscara e o pouco distanciamento entre as pessoas constituem atos que ferem os princípios de humanidade e respeito.

Essa pandemia não é uma catástrofe natural. São cem mil vítimas causadas por uma realidade surgida dos descontroles na condução da história que se arrastam pelo mundo afora. Tal qual é a explosão em Beirute, também matando tanta gente, de um fato que poderia ter sido evitado, caso as ações dos administradores fossem feitas com mais responsabilidade e proteção dos ambientes.

Usando uma expressão e uma palavra estranha: Nascemos para morrer, mas não para ser “morridos”. Muita gente morre antes do tempo, não pela vontade divina, mas pelos condicionamentos das ingerências humanas e pelo descuido na administração daquilo que constitui a beleza da criação. A hora é de mudança nas atitudes de condução das atividades que formam a história dos povos.