Uma forma paranoica, com base religiosa ou política, como algumas pessoas agem, pode ser identificada como fanatismo. Há aí marcas psicológicas excessivas, irracionais e persistentes, como apaixonada adesão a uma causa, que pode chegar até ao delírio. Está muito claro que nessas atitudes extremas existe demonstração de desequilíbrios e situações preocupantes para a ordem social.
Na Igreja é celebrada a Festa de São Pedro e São Paulo. Pedro era um pescador, homem simples e trabalhador, mas Paulo era um religioso fanático, defensor da tradição dos antigos e, louco para assassinar os seguidores de Jesus Cristo. Para ele a doutrina cristã era uma afronta aos princípios do Império. Nele entendemos que o fanatismo provoca a morte e nunca ajuda na ordem pública.
O Brasil está passando por alguns fanatismos perigosos, deixando a população inconformada, cheia de interrogações e com o perigo de explosão incontrolável. Já basta a situação do Covid-19, o transtorno causado e a insegurança da grande maioria das pessoas. A perda de controle das instituições governamentais, dos poderes da República, está colocando em risco a democracia e todo o país.
O apóstolo Paulo, de uma postura totalmente fanática contra os cristãos, transformou-se em um dos grandes defensores da doutrina cristã. Ele passou por um processo exigente de conversão e conseguiu entender que a realidade da vida era outra. Esse processo não lhe foi fácil porque exigiu dele grandes renúncias para fazer uma aventura de amor e de seguimento de Jesus Cristo.
Infelizmente, ou felizmente, o mundo passa por uma grande reviravolta no seu itinerário. É quase impossível acreditar num futuro promissor com tanta degradação da natureza. O pior é saber que o tipo de desenvolvimento se torna ameaçador, porque não coloca como alvo principal a dignidade da pessoa humana. Há até quem usa da morte de pessoas para aumentar sua capacidade econômica.
Qualquer instituição humana, para ter estabilidade, depende de bases bem construídas e sólidas. Pedro e Paulo são referências fundantes da Igreja, e nela as pessoas podem e fazem a experiência profunda de Deus, seguindo as orientações que veem de sua Palavra. A Carta Constitucional brasileira é a base da democracia. Ela deve ser respeitada para dar condição de ordem e progresso proclamados.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.