Dom Edson Oriolo 1

No exercício do meu ministério sacerdotal e episcopal, tive a graça e a oportunidade de pregar retiros para dezenas de cleros, congregações religiosas masculinas e femininas. No mês de março desse ano, preguei para o clero da Igreja Particular de Leopoldina, a mim confiado desde 25 de janeiro. Foram momentos de muitas graças e bênçãos dos céus!

Entre tantos pontos de oração e dentre as motivações para desenvolver os temas, expus algumas pistas sobre a procrastinação na vida sacerdotal. Muitas vezes, nós sacerdotes deixamos para depois aquilo que deveríamos fazer no momento. Preocupamonos com atividades circunstanciais, esquecemos as mais importantes e vivemos em função das urgentes. Temos dificuldades de adequar o que é importante, focando nas atividades circunstancias e o apostolado fica comprometido com as atividades urgentes. Isto é, empregamos as 24 horas do dia resolvendo problemas urgentes, porque não fomos capazes de executar as atividades importantes. Tudo isso porque somos procrastinadores.

A procrastinação é algo natural ao ser humano. É o hábito de adiar o que devemos fazer. Muitas vezes, acreditamos que estamos realizando muitas tarefas e na realidade estamos abrindo mão de fazer atividades mais importantes. Preocupamos em realizar tarefas que são importantes, mas pouco motivadoras para nós.

Destarte, nessa era dos ecrãs virtuais, sendo utilizados para divulgação do Evangelho (good News), temos de tomar cuidado para não tornarmos o evangelho uma má notícia (bad News) pelo excesso. A falsas notícias (fake News) já as encontramos nos meios de comunicação.

Nesse tempo de “isolamento social”, não podemos perder a essência de nossa consagração e a razão de nosso ministério sacerdotal que é servir a Deus nas pessoas de nossos irmãos, usando a vasta riqueza dos meios de comunicação para fazer a experiência do encontro com Cristo (cf. Dap 246-257).

No entanto, no atual cenário que estamos vivenciando, a procrastinação pode nos levar a uma paralisia decisória pelas inúmeras oportunidades que o mundo atual vem nos oferecendo.

Assim, acredito que três coisas básicas são necessárias para que isso não aconteça: a) ser protagonista da própria vida, isto é, dedicar-se aos compromissos com determinação e força de vontade para se sentir motivado e nunca adiar a realização de atividades que são importantes; b) aprender com o hábito da formiga (cf. Pr 6,6): ser pequeno e colocar-se focado em atitudes, acreditando que as mudanças graduais são mais agradáveis do que as súbitas e radicais e, finalmente, c) vivenciar a metáfora budista do elefante e do domador, aprendendo a controlar nossas emoções para dar os passos certos rumo à realização de nossos objetivos.

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1 Bispo da diocese de Leopoldina MG