Quem se doa mais? Neste período de coronavírus, quais as pessoas que praticam a maior caridade frente à doença? Em primeiro lugar, as pessoas que assistem à missa diária via rádio e tv, suplicando o fim da praga. Em segundo lugar, as pessoas que fazem a hora santa via rádio e tv, pelo fim da doença. Em terceiro lugar, as pessoas que rezam o terço. Em quarto lugar, as pessoas que rezam qualquer oração pelo fim da pandemia. Em quinto lugar, as pessoas que lutam contra o aborto, quiçá a verdadeira e mais profunda causa moral deste vírus. Removendo o aborto dos países, eliminam-se, ao mesmo tempo, o castigo e a causa moral do vírus. Em sexto lugar, os agentes de saúde na linha da frente, em contato com o enfermo. Em sétimo lugar, as pessoas e parentes que distribuem alimentos aos pobres e arriscam a vida para alimentá-los. Em oitavo lugar, os transportadores que pegam a estrada e, também, arriscam a vida para conduzir cargas essenciais.
E o clero? Em que lugar ficam os padres? Isso depende de certas circunstâncias. Alguns arriscam a vida temporária nesta terra, a fim de salvar a vida eterna dos doentes, administrando os últimos sacramentos. São verdadeiros heróis. Se morreram na tentativa de levar Jesus aos infectados (viático), tornaram-se tais padres autênticos mártires da caridade. Há, ainda, muitos padres que gostariam de estar na linha de frente, atendendo às necessidades espirituais dos fiéis, mas, as orientações das dioceses não lhes permitem tal ação. Então, como fica a promessa que o sacerdote fez quando ordenado: dar-se totalmente a Jesus e ao povo de Deus?
Nesta época caliginosa do Covid 19, lembremo-nos, por exemplo, de um são Damião de Molokai, que tombou assistindo os leprosos do Havaí. Os Oblatos de Maria Virgem, congregação à qual pertenço, tem o padre Rafael Merlis, em processo de canonização. Durante a segunda guerra mundial, não titubeou; enfrentou o perigo para socorrer os feridos. Uma bomba matou-o. Atualmente, é deste tipo de padre que precisamos. Talvez os bispos pudessem deixar os padres livres, principalmente no que diz respeito à administração dos sacramentos da unção dos enfermos e da penitência, bem como para a distribuição das sacratíssimas espécies.
Pe. Antônio Mellace, OMV