Não é qualquer caminho que leva à verdadeira felicidade. É trajeto de busca constante fundamentado em exigências necessárias e indispensáveis. Entre elas podemos citar a dignidade, a liberdade, o compromisso com Deus e com o próximo. A fonte motivadora da felicidade é a vida, quando tratada no seu real sentido. Só é feliz quem consegue agregar à sua vida verdadeiros valores.

A felicidade é fruto de uma escolha no itinerário da vida. A opção pode ser voltada para a prática do mal ou do bem. Existe uma liberdade existencial em cada pessoa, mas conta também com as exigências necessárias para o cumprimento do ideal perseguido. A construção do verdadeiro bem, que é fonte de felicidade, agrega valores, e depende de princípios relacionados com a vida de fé.

Nos ensinamentos bíblicos está contida a necessidade de observância dos mandamentos e das bem-aventuranças propostas por Jesus Cristo. Pode-se entender então que a felicidade coincide com a instauração do Reino de Deus no mundo e a afinidade com a prática de vida que a pessoa precisa ter em relação a ele. Os bens do mundo não são suficientes para preencher as necessidades humanas.

Mas o reino dos céus, conforme alerta Jesus, é reino de justiça, que precisa ser maior do que a forma do agir dos fariseus. Deveriam observar a Lei, mas também praticar a caridade (cf. Mt 5,20). É conseguir visualizar a sabedoria de Deus nas coisas comuns que fazem parte do lidar da pessoa. Uma sabedoria presente, de forma sutil e misteriosa, em todas as realidades do mundo.

A liberdade humana, para escolher entre o bem e o mal, é um grande dom da criação, mas também ocasiona consequências e exigências muito grandes. Basta ver que o ser humano vive no mundo das relações interpessoais em seus contatos, que acontecem na convivência diuturna. Isso comporta observância de direitos e deveres, exigindo, nas relações, práticas justiças e fraternas.

A felicidade fica totalmente fragilizada com a relativização dos compromissos, que a pessoa tem, com os ensinamentos do Evangelho de Jesus Cristo. A transparência e a verdade são essenciais para existir amor fraterno nas relações. O caminho de felicidade tem que ser feito a partir do convencimento do coração, com muita liberdade e amor, porque aí está a sabedoria de Deus.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.