Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
A palavra que mais identifica Jesus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, é a “encarnação” da Palavra divina (Jo 1,1s), para cumprir a promessa que foi anunciada pelos profetas no Antigo Testamento. O profeta Isaías foi bem claro ao dizer: “Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que a jovem conceberá e dará a luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14).
No transcurso das festividades natalinas, o alvo principal a ser atingido é a renovação do nascimento do Filho de Deus feito homem. Contemplamos a revelação de Deus ao mundo através de Jesus, para elevar o humano no processo salvador de libertação. Essa é uma verdade sobrenatural, que a cultura secularista não consegue entender e nem perceber com uma visão apenas humana.
A origem de Jesus foi divina, por obra do Espírito Santo. O Evangelho de Mateus fala que Ele é também “filho de Abraão”, conforme a genealogia, onde diz ser quatorze gerações de Abraão até Davi (cf. 1,17). José, da descendência de Davi, recebe Maria como esposa, da qual nasce Jesus, concebido nela, pelo Espírito Santo, sendo o agente principal na identidade do Filho de Deus.
Ao acolher Jesus como filho adotivo, José está conferindo a Ele a filiação davídica. O divino e o humano em Jesus se entrelaçam para estabelecer entre Deus e a humanidade uma nova aliança. O que tinha sido ferido com a ação de Adão é restabelecido com a presença libertadora de Jesus Cristo. Com Ele a história da salvação passa a ter um novo significado, com possibilidade de vida nova.
O entendimento disto é que Deus nunca abandona o seu povo. Foi e continua benevolente e presente nos diversos momentos da história da humanidade. Continua na missão dos apóstolos e na pessoa de tantas lideranças cristãs dos tempos de hoje. Nas palavras do Papa Francisco, é a Igreja em saída, dando continuidade na missão de construtora do Reino tão profetizado no passado.
A identidade de Jesus fica visível, então, naqueles que se colocam como servidores do Senhor, expressando uma verdadeira pertença e um autêntico compromisso com o projeto da Boa-Nova de Deus. Isto constitui uma riqueza na vida da Igreja, porque ela está fundamentada na Pessoa e nas Palavras proclamadas por Jesus. Assim entendemos o significado do Advento e do Natal.