Neste Evangelho, encontramos Jesus rodeado por alguns doutores da lei, chamados saduceus, que o procuraram para testá-lo, para colocá-lo a prova.

O grupo dos saduceus era formado por sacerdotes e leigos da alta sociedade. Eram pessoas ricas e influentes, subordinadas aos romanos e por isso, odiadas pelo povo e também pelos fariseus. No entanto, Apesar da aparente inimizade, por diversas vezes, fariseus e saduceus, uniram-se para combater Jesus.

Encontrar alguma falha em Jesus, era para eles uma obsessão. Os saduceus não acreditavam na ressurreição dos mortos e negavam a Providência Divina. Para tentar justificar sua descrença, quiseram saber a opinião de Jesus a respeito da Lei de Moisés que dispunha sobre o matrimônio.

Toda nossa inteligência e raciocínio estão muito longe de entender o que nos espera na eternidade, mas  pelo visto, querer enxergar as coisas de Deus com olhos humanos é coisa antiga. Com os saduceus era assim e parece que deles, herdamos a mesma mania.

Assim como os saduceus, nós também temos um conceito bem distorcido a respeito da vida eterna. Encaramos a eternidade como uma simples continuidade desta vida. Nos preocupamos, inclusive, em juntar tesouros, como se fôssemos realmente levá-los e utilizá-los no Paraíso.

Uma certeza nós temos: maravilhas que os olhos humanos jamais viram, Deus Pai Reservou para nós no Céu. No entanto, não conseguimos entender a amplitude dessas maravilhas. Nossa postura com relação à vida eterna é parecida com a posição de um migrante ou turista. Parece que vamos somente para uma nova cidade, estado ou país, onde os nossos sonhos serão realizados.

Nosso entendimento é tão limitado, que nos leva a traçar um comparativo com as coisas boas que conhecemos. Por isso achamos que essas maravilhas de Deus se resumem em saúde, segurança, conforto, terra, emprego e uma série de coisas que almejamos, sempre relacionadas com nosso dia a dia.

A primeira resposta de Jesus, aos saduceus ressalta que o matrimônio é uma instituição deste mundo em que homens e mulheres morrem. A finalidade do casamento é conservar a espécie, através de novos nascimentos, dos filhos que virão, mas isso é uma necessidade apenas para este mundo.

Ao professarmos nossa fé, afirmamos que cremos na ressurreição da carne e na vida eterna, portanto, após a ressurreição, não haverá mais morte nem nascimento. A alma não morre, porém a carne ressuscitará e assumirá um corpo imortal, semelhante aos anjos, por isso não haverá necessidade da união entre esposa e marido.

Nunca é demais lembrar que, na mesma oração de profissão de fé, também afirmamos que cremos que Jesus Cristo Ressuscitado, virá para julgar os vivos e os mortos. Por tudo isso, devemos viver a justiça e o amor, pois Jesus disse também que o justo não conhecerá a morte eterna.

A fé e a esperança na ressurreição devem se traduzir num compromisso em defesa da vida. Sabemos o que isso implica para nós enquanto comunidade. Acreditar no Deus dos vivos nos leva a lutar contra a opressão e injustiças. A certeza da ressurreição deve transformar vizinhos em irmãos.