EM DEFESA DOS VALORES MORAIS

Comissão Episcopal de Pastoral da CNBB, setembro de 1985.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem procurado estar atenta à moral social e, nos momentos oportunos, pronunciou-se na defesa de outros aspectos do campo moral, como é do seu dever.

A propósito, após uma de nossas Assembléias Gerais, todos os Bispos assinam uma carta ao Diretor de determinada Emissora de Televisão, pedindo cuidados especiais na elaboração e exibição dos programas.

Ainda recentemente o Conselho Permanente conclamou os cristãos a um indispensável desenvolvimento da consciência moral.

Hoje, a Presidência e a Comissão Episcopal de Pastoral sentem-se no dever de uma palavra de alerta, denúncia e mesmo de protesto contra a crescente onda de violência e permissividade sexual, que invadiu as bancas e as livrarias e, principalmente, as transmissões televisivas e os cinemas.

É lamentável que, num momento tão grave da nossa história, em que se impõe a busca de novos caminho para uma autêntica democracia haja certas "forças" incentivando a alienação do povo por meio da permissividade moral.

Enquanto continua a censura aos programas que discutem temas sociais, políticos, econômicos e religiosos, abrem-se, cada dia mais, possibilidades para programações em que o amor, a dignidade da mulher, os valores da família, os sentimentos de fraternidade, a administração do bem público e o respeito ao sagrado se vêem diminuídos, menosprezados e vilipendiados.

É sensível o declínio dos valores morais em alguns recentes horários televisivos. Lembramos o que diz o Documento de Puebla, no capítulo referente à Comunicação: "A exploração das paixões, dos sentimentos, da violência e do sexo, com objetivos consumistas, constituem uma flagrante violação dos direitos individuais".

Apelamos, pois, para o senso ético dos responsáveis das programações televisivas, das editoras e das produtoras cinematográficas e dos órgãos competentes, que tem a missão de defender a sociedade. Chegue de modo particular este nosso apelo aos que se confessam cristão e afirmam respeitar os valores de nosso povo.

Ao mesmo tempo em que gostaríamos de ver valorizadas as produções nacionais, desejaríamos constatar maior discernimento e coragem na defesa dos verdadeiros valores da cultura brasileira, das culturas regionais e da dignidade moral de nosso povo.