Mãe, não é uma pessoa, nem uma mulher, é um laboratório onde Deus manipula milhões de células para criar seres humanos. Mãe é o laboratório do Criador, especialmente desenhado por Ele, para dar continuidade à obra da criação dos seres humanos. É por isso que o computador do cérebro dela registra de modo minucioso e detalhado, todas as fases de elaboração do novo ser, que ficam arquivadas para sempre no seu inconsciente, produzindo nela reações e intuições que só o coração das mães é capaz de produzir, quando o assunto é seus filhos. A elas aplica-se com perfeição a máxima de Pascal quando disse que "o coração tem razões que a razão não entende". Ninguém pode entender o amor da mãe pelos filhos. Elas são capazes de qualquer sacrifício ou renúncia para manter a saúde ou o bem estar deles. Para elas, os filhos são sempre bons, bonitos, as criaturas mais maravilhosas do mundo. Quem diz que os filhos dela não prestam, ganha uma feroz inimiga. Não faz tempo uma senhora me procurou em prantos porque uma promotora de Justiça disse-lhe que "não ia aliviar a barra de um criminoso". "Meu filho é um menino bom, nunca fez mal a ninguém", disse-me candidamente. Quando puxei a folha corrida do "menino bonzinho", fiquei espantado com todos os crimes que ele já havia praticado com violência e perversidade e, agora, estava preso por mais um, mas ela não se conformava. Assegurou-me que foi a Polícia que o acusou injustamente. Mãe, é assim, julga com o coração; sofre, mas não enxerga mácula alguma nos filhos que gerou. Ou, mesmo quando enxerga, investe contra tudo e contra todos, para com as razões do coração proclamar-lhes a inocência. É por isso que no Dia das Mães lhe oferecemos flores; porque dentre as flores mais belas da natureza ela ressurge com beleza inigualável, perfumando o mundo do egoísmo com a fragrância suave de sua bondade. Foi também por sua maternidade que a mulher, na história das civilizações, sempre foi considerada o ser humano que com maior perfeição revelou a face do Criador. Os homens dominaram o mundo. Construíram e destruíram civilizações. Reproduziram com perfeição a natureza nas obras de arte. Construíram a guerra e produziram a paz. Criaram o método científico. Inventaram os antibióticos e a anestesia. Percorrem o universo da microbiologia e da engenharia genética. Os homens não apenas desejaram ser deuses, mas  acabaram por se considerar deuses. Mesmo que destemidos, aventureiros, poderosos, jamais se assemelharam ao poder infinito e misterioso que têm as mulheres de gerar novos seres e de amá-los com as razões do coração. A perfeição da obra da mãe a revela bem próximo ao Criador. A imperfeição da obra dos homens revela a presença de hábitos primitivos e irracionais. A maternidade humaniza, arrastando os seres humanos para Deus. As obras irracionais dos homens atropelam o processo civilizatório, dividindo. A maternidade une, cria laços de fraternidade, revela o projeto do Criador de construir uma fraternidade universal. A ambição pessoal de cada homem enfraquece os esforços de solidariedade entre os povos. Homens são seres civilizados que carregam dentro de si um animal selvagem prestes a atacar. A maternidade salvará o mundo, porque as mulheres não permitirão que a guerra que matará seus filhos, destruindo-lhes a felicidade futura, triunfe.

Paulo Pinto é pároco de NS de Lourdes.