Aproxima-se a JMJ Rio 2013! Uma das atividades no setor pastoral são as confissões. Em todos os quase 300 locais de catequeses teremos sacerdotes que atenderão os jovens que quiserem participar do sacramento da penitência. O mesmo ocorrerá na Quinta da Boa Vista, onde, ao lado da exposição vocacional, haverá confessionários aguardando aqueles que experimentarão a misericórdia de Deus. Padres de todos os idiomas estarão atendendo o nosso povo. Também o Papa Francisco se dispôs a atender a alguns e será um belo momento durante a semana abençoada da Jornada.

Aproveitando esse momento, é importante que agora em nossa Arquidiocese intensifiquemos as celebrações do sacramento da cura, ou seja, o da reconciliação, também chamado de Penitência, ou mais popularmente de Confissão, que é o Sacramento da Conversão, pois realiza sacramentalmente o doce e amável convite de Jesus à conversão, o caminho de retorno para a comunhão com o Pai, do qual a pessoa se afastou pela ação nefasta do pecado.

Será importante nos prepararmos para o grande momento da Jornada. Convido todos para que se aproximem desse sacramento. Primeiro os que irão receber em suas casas os jovens peregrinos, depois os nossos voluntários, e, consequentemente, todos os fiéis, homens e mulheres de boa vontade, que são chamados a experimentarem a misericórdia de Deus.

Muitas pessoas, de maneira equivocada, dizem que não precisam se confessar. Que se confessam somente com Deus. Isso é um grande equívoco. Logo após o batismo, que lava os nossos pecados, nós recebemos a primeira confissão para a primeira Eucaristia. E a confissão deveria ser uma constante em nossa vida, como a Santa Missa é o nosso alimento diário para a vivência de nossa fé. Por que, então, se confessar? "A conversão a Cristo, o novo nascimento pelo Batismo, o dom do Espírito Santo, o Corpo e o Sangue de Cristo recebidos como alimento nos tornaram 'santos e irrepreensíveis diante deles' (Ef 1,4), como a própria Igreja, esposa de Cristo, é 'santa e irrepreensível" (Ef 5,27). Entretanto, a nova vida recebida na iniciação cristã não suprimiu a fragilidade e a fraqueza da natureza humana, nem a inclinação ao pecado, que a tradição chama de concupiscência, que continua nos batizados para prová-los no combate da vida cristã, auxiliados pela graça de Cristo. "É o combate da conversão para chegar à santidade e à vida eterna, para a qual somos incessantemente chamados pelo Senhor" (Cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1426).

Assim, a confissão perdoa os nossos pecados e restabelece a nossa amizade para com Deus e para com a Igreja.

Aquele que se aproxima do confessionário - local apropriado para o atendimento da confissão auricular - deve estar preparado para os três atos que requerem o sacramento da reconciliação: 1. a contrição; 2. a confissão completa dos pecados e 3.  a satisfação da penitência.

A Contrição dos pecados vem em primeiro lugar, e é basicamente detestar o pecado cometido, com a resolução firme de não mais pecar no futuro. Por isso, o sacramento da reconciliação é precedido de um meticuloso exame de consciência, iluminado pela Palavra de Deus, pelo Catecismo da Igreja Católica e pelo empenho de uma mudança radical de vida, a partir dos textos que a Teologia Moral nos apresenta para este momento propício de encontro com a graça de Deus.

A Confissão dos pecados deve ser completa. Trata-se da acusação de todos os pecados, ou seja, o penitente, o fiel conta todos os pecados ao sacerdote. Por mais difícil que seja para o penitente dizer todos os pecados, é seu dever moral que os confesse todos.

A Satisfação dos pecados é a reparação do mal cometido pelo penitente, agora arrependido. A demonstração do arrependimento dos pecados cometidos se dá pela satisfação. Liberto do pecado, o penitente deve, ainda, recobrar a plena saúde espiritual, fazendo alguma coisa a mais para reparar seus pecados, por isso vai "satisfazer" de modo adequado ou "expiar" os seus pecados. A penitência será dada em conformidade com a situação do penitente, a sua idade, o seu estado de saúde e o grau do pecado cometido.

Por isso, em primeiro lugar, exorto os párocos de nossa Arquidiocese, que de agora até a celebração da JMJ Rio 2013, em todas as paróquias e comunidades sejam determinados horários de atendimentos para os fiéis se prepararem devidamente para o grande evento eclesial, que é a acolhida dos peregrinos em nosso meio, junto com o Papa Francisco.

O Santo Padre Francisco nos exortou: que confessar-se não é como ir à tinturaria para limpar a sujeira das roupas. "O confessionário não é uma tinturaria, mas um encontro com Jesus, que nos espera como somos. Temos vergonha de dizer a verdade, ‘fiz isso, pensei aquilo', mas a vergonha é uma virtude verdadeiramente cristã e também humana... A capacidade de envergonhar-se é uma virtude do humilde. "Jesus está sempre esperando para conceder o perdão", lembrou Francisco. Ele disse que confessar não é como ir a uma ‘sessão de tortura', mas louvar a Deus porque foi salvo por Ele. "E Ele nos espera para nos repreender? Não. Ele nos espera com ternura para nos perdoar. E se amanhã fizermos o mesmo erro? Confessemo-nos mais uma vez. Ele sempre nos espera". O Santo Padre Francisco completou, dizendo que a humildade e a docilidade também são virtudes que Jesus pede ao ser humano. Falou dessas virtudes como uma moldura da vida cristã: um cristão vive sempre assim, na humildade e na docilidade.

Em tempos de preparação para a Jornada, que todos nós tenhamos uma imensa alegria em procurar o confessionário e retomar a amizade com Deus, libertando-nos do pecado e vivendo a santidade. Boa confissão... e que vivamos na graça santificante!

 

† Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ