[Deus nos dirige e guia nossos trabalhos pastorais.
Deu-nos uma inteligência e infundiu no coração o amor pela Igreja Universal
e pela Igreja que está no Rio de Janeiro.
Assim, com a Graça Divina, buscamos orientar
melhor nosso serviço à causa do Evangelho]

De onde vem à índole missionária da Igreja?

Em seu ser, marcados pelo batismo e crisma e constituídos portadores da fé viva, os cristãos são o prolongamento, a continuidade na história da missão do Filho de Deus e do Espírito Santo. Portanto, a essência da Igreja é dinâmica. É mistério e traz em si o dever e a força para uma corajosa abertura à missão no meio do mundo (veja João Paulo II, Discurso conclusivo do Sínodo extraordinário, em 7-12-85, nº 10).

Quem nos orienta?

Num "mais amplo e profundo conhecimento a aceitação do concílio Vaticano II" é essencial para que a nossa Arquidiocese dimensione os apelos que o mundo, em rápida mudança, nos faz, e para que a Igreja entre nós, não se aliene jamais de sua identidade verdadeira que está na comunhão real e profunda com o Cristo Crucificado, em expiação pelos pecados do mundo, e ressuscitado para a glória do pai.

Como é que Jesus é o modelo da missão da Igreja?

Em  quatro passos, podemos responder a esta pergunta fundamental.

Primeiro: Jesus tem um único destino, que lhe foi dado pelo Pai: o mundo! Renovar, irmanar, converter, salvar o  mundo todo e cumprir assim as promessas feitas aos antigos. "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna". (Jô 3,16).

Segundo: esta missão secular, isto é, no mundo e para o mundo não tem origem em projeto histórico-político nem em uma filosofia ou ideologia, mas unicamente na vontade de Deus. Em todo confronto da Fé com a cultura e em toda inquietude com que os evangelizadores buscam tocar as consciências dos homens, há sempre e só uma razão última; o amor redentor que se revelou como o mistério do coração de Deus que "de tal modo nos amou".

Em terceiro lugar devemos dizer: Jesus é nosso modelo. Ele tem uma meta concreta, única, insubstituível e inconfundível. Todas as etapas do progresso do mundo, todos os projetos políticos ou culturais são questionados por esta meta maior, que é Reino de Deus. Este reino, que já se inicia entre nós, dá valor de eternidade a tudo o que for verdadeiro e digno, puro e generoso. Esta sua meta que nos questiona a todos é assim formulada por Cristo: "aquele que me ama, será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele.... e nós (o pai e eu) viremos a ele e nele faremos nossa morada" (Jô 14,21.23).

Em quarto lugar, a Igreja aberta ao mundo, e vivendo da fonte do deus Trino que nela está, deve sempre de novo escutar a palavra de Deus e perscrutar o que o Espírito Santo lhe diz. Só assim ela será obediente como Cristo em sua missão, que o levou à morte e à glória: "Pai, eu te glorifiquei na terra, concluía obra que me encarregaste de realizar" (Jô 17,4; 4,34; 5,30;6,38;19,30).

Como é que a Igreja é a continuidade da obra missionária de Jesus Cristo?

A Igreja não é a continuidade de Cristo apenas por um mandato jurídico que a enviasse em nome de Jesus. É muito mais. Na ressurreição, Jesus entra na glória; mas na medida que os seus crêem com fé e amor, Ele, o glorioso, entra também em sua Igreja e vive nela. "todos os dias até o fim do mundo" (Mt 28,20). Todo cristão, realmente fiel a Cristo e vivendo em comunhão com sua Igreja pode repetir com o apóstolo: "Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Assim o primeiro testemunho que a Igreja tem que dar diante do mundo não é alguma teoria religiosa, mas a força e a verdade de que o Cristo ressurgiu e vive em nós.

Expressamente a Igreja, e com ela cada cristão, foi encarregada pelo Cristo de fazer conhecida sua doutrina e de converter a Ele todos os corações; "Ide, ensinai a todas as nações; batizai-as...; ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi" (Mt 28,20).

Instituída por Jesus, a Igreja é a guardiã e anunciadora autorizada, e até infalível, da divina Palavra de Cristo. A palavra divina é "como que o espelho em que a Igreja peregrinante na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até que chegue a vê-lo face a face como é" (Dei Verbum 7,2). Enquanto ela anuncia esta Palavra ao mundo, ela já antecipa algo do reino definitivo, celebrando, com os que crêem, nos sacramentos a presença d'Aquele que vem.

Assim, enviada por todas s estradas do mundo, a Igreja é missionária, e em meio às incertezas e contestações, anseios e esperanças, ela guarda e revela aos homens o tesouro definitivo, e na face da Igreja e de cada um de seus membros, reflete-se algo da luz imortal do Cristo ressuscitado (cf. LG 1,1).