A palavra pátria é, originariamente, latina e significa laço de paternidade. Pátria, a Terra em que nascemos, nossa Mãe. O quarto Mandamento Honrar pai e mãe abrange também a pátria. É dever nosso não apenas cívico e social, mas também cristão honrar a Terra de nosso berço. Honrar a pátria é tornar-se digno dela, através de uma pessoal atuação eficiente pelo seu progresso. O amor à pátria é sentimento nativo no coração humano. Mas pode e deve ser ele incentivado desde a infância, no lar paterno e na escola. Educar para o patriotismo.

Não há quem, por pequeno e modesto, que não possa fazer algo em bem da pátria.

Amar o estudo, a ele dedicar-se decididamente, é beneficiar-se, primeiro, a si mesmo, pois a cultura é fonte de energia, é precioso cabedal com que o homem se constrói e ajuda a construir a sua comunidade, a sua pátria. Todos os cidadãos são co-responsáveis pelo engrandecimento de sua pátria, verdade sabidíssima, que, porém, convém aceitar sempre. Ensina Cícero: Plurismas et maximas nostri animi, ingenii, consilii partes ipsa ad utilitatem suam pigneraretur (De República, liv. I, IV). "A pátria exige a maior parte de nosso espírito, de nosso caráter, de nossa razão em seu proveito".

Cultura, simplesmente, não basta para o bem da pátria; é preciso dotar-se de caráter, de honestidade, de dignidade, de integridade moral. Envidar esforços para melhorar economicamente a própria condição é digno, mas ser escravo de riquezas, não pensar senão nelas, e alcançá-las desonestamente, ou sem consideração com a dignidade de quem ajuda com seu trabalho é desumano. Leva-nos a esta reflexão o Vaticano II:

"A atividade humana, do mesmo modo que procede do homem, assim para ele se ordena. De fato, quando age, o homem não transforma apenas as coisas, desenvolve as próprias faculdades, sai de si e eleva-se sobre si mesmo. Este desenvolvimento, bem compreendido, vale mais do que os bens externos que se possam conseguir. O homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que possui. De igual modo, tudo o que os homens fazem para conseguir mais justiça, mais fraternidade, uma organização mais humana das relações sociais, vale mais que os progressos técnicos" (Gaudium et Spes, n. 35).

Lembrou o Papa João XXIII, em Mensagem radiotelevisiva, de 11 de setembro de 1962:

"Dever de cada homem, dever urgente do cristão é considerar o supérfluo com a medida das necessidades alheias, e de vigiar que a administração e a distribuição dos bens criados sejam dispostos para vantagem de todos".

A "inflação" é problema ainda hoje, pois ela existe e é marcante em nossa história e, atualmente, abarca o mundo inteiro. Os pobres, que são a maioria em nossa pátria, são os que mais sofrem. Para tranqüilidade geral faz-se necessário que os bens de consumo não subam, de uma vez, a preços de 30, 50 ou 70 por cento. No que puder, o povo economiza, mas este mesmo povo observa que, às vezes, são exagerados certos gastos públicos ou atual administrados, e desejara que o governo, também ele economizasse para exemplo dos governados.

Impressiona como um pais continente, como nosso passe por tremendas dificuldades, mormente alimentares. Em verdade, são muitos e complexas as causas, e algumas delas difíceis de se resolverem, não porém impossíveis.

O êxodo rural é um fato que se verifica hoje, mesmo em países desenvolvidos, onde a técnica dispensa de maior número de mãos-de-obra. Mas o êxodo rural dá-se também, como entre nós, por pobreza, impossibilidade de acesso à terra, e migram milhares desses necessitados para grandes centros, mas sem qualificação para serviços específicos, criando aí tremendos problemas de ordem econômica, social, moral e espiritual. Solícito, o Vaticano II, preocupa-se com o problema:

"Com relação ao problema da população, na própria nação e dentro dos limites da própria competência, tem o governo direitos e deveres; assim, por exemplo, no que se refere à legislação social e familiar; ao êxodo das populações agrícolas para as cidades, à informação acerca da situação e necessidades nacionais" (Gaudium et Spes, n. 87).

Em visitas pastorais que tenho feito em ambientes rurais, ouço lastimosas queixas de fazendeiros ou 'sitiantes' receosos com problemas empregatícios. Dizem eles que andam advogados de caça-problemas, em pró de empregados rurais, mas sempre contra os patrões. A dar crédito a certos proprietários, que são sinceros cristãos, praticam-se injustiças contra os mesmos. Desanimados, aborrecidos e temerosos, não contratam mais trabalhadores para agricultura ou pecuária. Terras e terras ociosas, que faz pena vê-las... E falta de alimento e pobreza e miséria...

Parece-nos urgente um reestudo e nova estruturação sobre a legislação trabalhista a defender, equanimente, a justiça, quer para os proprietários os quer para os empregados. Diz o Vaticano II:

" Além disso, ainda que haja diferenças, a igual dignidade pessoal postula, no entanto, que se chegue a condições de vida mais humanas e justas. Com efeito, as excessivas desigualdades econômicas e sociais entre membros e povos da única família humana provocam o escândalo e são obstáculo à justiça social à equidade, a dignidade de pessoa humana e, finalmente, a paz social e internacional". (Gaudium et Spes, n. 29c).

Sempre com a sabedoria do Concílio Vaticano II, aí lemos:

"O crescimento de um pais depende dos recursos humanos e financeiros. Em cada nação, os cidadãos devem ser preparados pela educação e formação profissional, para desempenharem as diversas funções da vida econômica e social". (Gaudium et Spes, n. 85).

O HOMEM, A PRIMEIRA META: O problema antropológico é que, em primeiro lugar, deve ser solucionado, porquanto dele depende tudo mais: A educação do homem, a cultura do homem. Invista o governo o maior percentual das receitas em prol da EDUCAÇÃO do Povo. Ainda o Concílio:

"Os operários e os camponeses querem não apenas ganhar o necessário para viver, mas desenvolver, graças ao trabalho, as próprias qualidades; mas ainda, querem participar na organização da vida econômica, social, política e cultural. Pela primeira vez na história dos homens, todos os povos tem já convicção de que os bens de cultura podem e devem estender-se efetivamente a todos" (Gaudium et Spes, n. 9).

Estes terão tal consciência quando bem cultuados e se tornam aptos para suas justas reivindicações. EDUCAÇÃO E SAÚDE. Mas a Educação em primeiro lugar, pois o homem forrado de suficiente educação, ele se esmera em preservar a própria saúde. Saúde sem educação é quase dinheiro desperdiçado. Comprovam-nos os fatos, estão eles patentes. Boas escolas e bem remunerados os professores, para que eles se interessem mais pela educação. Bons professores, bem preparados, que possam cumprir eficientemente o nobre múnus. O tema, imenso, convidaria a muitas a outras considerações. Mas fico por aqui.

No Dia da pátria, ou saúdo com o coração na mão o nosso Brasil! Orgulho-me de nele ter nascido. Penso ter já dado, no curso da vida, humílima, porém, cordial colaboração para o seu progresso. Continuo presente aos anseios e esperanças do Brasil; disponho-me a trabalhar para a pátria querida enquanto viver e me for possível, tendo no espírito este aforismo ciceroneano: "Nullus est patriae consulendi modus aut finis: Nenhuma medida, nenhum limite há, quando se trata do interesse da pátria".