Solenidade do Corpo de Deus

In Missal romano cotidiano, pp. 667-673.

A instituição da Eucaristia, já celebrada na quinta-feira santa, é hoje festejada com a honra que merece tão grande mistério. Preparada pela florescente piedade eucarística do Século XI, a festa de Corpus Christi foi introduzida na Igreja universal pelo Papa Urbano IV, em 11 de agosto de 1264. O ofício foi composto por Santo Tomás de Aquino o qual, por amor à tradição litúrgica, serviu-se em parte de Antífonas, Lições e Responsórios já em uso em algumas Igrejas. A procissão surgiu em Colônia e difundiu-se primeiro na Alemanha, depois na França e na Itália. Em Roma é encontrada desde 1350
(Pe Ireneu GRAMAGLIA e Fr Pascoal DALBOSCO (Coord). Missal romano cotidiano. São Paulo, Paulinas, 19645.)

Cibavit eos ex adipe frumenti, alleluja: O Senhor alimentou-os com a flor do trigo, aleluia!

Jesus institui a Eucaristia como sacrifício (cf. Dom. I e II da Paixão) e como Sacramento que se conserva nas Igrejas, para que os fiéis o adorem e o recebam na Comunhão.
A Eucaristia é o sacramento que, sob as aparências do pão e do vinho, contém realmente o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Jesus Cristo para alimento das almas.
A matéria é o pão ázimo de farinha de trigo e o vinho de verdadeira e só usa madura. A forma são as palavras: "Este é o meu corpo", "Este é o cálice do meu sangue". O ministro é só o Sacerdote, o qual, pronunciando as palavras da consagração, muda a substância do pão na substância do Corpo e a substância do vinho, na substância do Sangue de Jesus Cristo. Esta transformação é o mistério da transubstanciação ou total mudança de uma substância em outra.
Depois da consagração não há mais pão nem vinho, mas permanecem somente as espécies ou aparências, sem a substância; e do pão e do vinho nós constatamos somente o que cai debaixo de nossos sentidos, isto é, a forma, a cor, o cheiro, o sabor, enfim os acidentes.

OMNES IN XTO VNVM

In Missal Quotidiano, pp. 516-524.

A festividade do Corpo de Deus é a solene comemoração da instituição do Santíssimo Sacramento do Altar. Agradecemos e louvamos neste dia o amor de Jesus pelo dom inefável da Eucaristia. Propriamente é a Quinta-feira Santo o dia da instituição, mas a lembrança da Paixão e Morte do Salvador não permite expansões de alegria.
A Santa Missa, composta pelo insigne teólogo e poeta Santo Tomás de Aquino, é uma explicação das palavras da seqüência - Panis vivus et vitalis: Pão vivo e que dá a vida.dela fazem parte os trechos mais importantes da Sagrada Eucaristia sobre a Eucaristia. No intróito, agradecemos pelo alimento do céu, a Eucaristia. Ela é para nós "flor de trigo" e "mel do rochedo", isto é, o Cristo, a lembrança de sua Paixão e de seu amor. Celebrando a Santa Missa, anunciamos a morte do Cristo. E sob este aspecto, a Eucaristia é um verdadeiro sacrifício e alimento sobrenatural, símbolo da união e paz entre os fiéis e penhor da união com Deus, Omnes in Christo unum: todos somos um só (corpo Místico) em Jesus Cristo.

(Dom Beda KECKHEISEN. Missal Quotidiano. Salvador, Editora Beneditina Ltda, 196323.)

LEFEBVRE in Missal quotidiano e vesperal, pp. 738-750.
 Depois do dogma da Santíssima Trindade, é o da Incarnação do Verbo que a Igreja nos recorda, convidando-nos a celebrar com alegria o sacramento por excelência que dá a Deus glória infinita e aplica às almas os frutos da Redenção. Foi pela cruz que o Senhor nos resgatou e a SS. Eucaristia, instituída na véspera da Paixão, é o memorial sempre novo e sempre vivo dos sofrimentos do Senhor. O altar é a presença do Calvário em todos os tempos. A Santa Missa renova a morte do Senhor. Jesus está lá com efeito, no estado de vítima, porque as palavras da dupla consagração nos mostram que o pão se mudam no Corpo do Senhor e o vinho no Sangue. De maneira que por esta dupla ação de efeitos diferentes que constitui, segundo Tomás, a essência do sacrifício, reconhecemos a imolação de Cristo, quer dizer, a separação do Seu corpo e do Seu sangue, ainda que Jesus se conserve todo em cada uma das espécies. É assim que o Salvador, que é o sacerdote principal no sacrifício da Missa, se imola e oferece realmente renovando de modo incruento a imolação cruenta do Calvário. A Eucaristia foi instituída à maneira de alimento para que, sendo o trigo de Deus que fortifica as almas, nos dê parte na vida divina e nos uma a Jesus Cristo e por Ele ao Pai no amor do Espírito Santo. Esta possessão antecipada da vida divina aqui na Terra é dádiva e princípio daquela outra plenamente havemos de fruir no Céu, porque o pão dos Anjos que agora comemos debaixo das espécies da eternidade. Vejamos na Missa, na Sagrada Eucaristia, o centro do todo o culto da Igreja e na Comunhão o meio estabelecido pelo Senhor para melhor e mais eficazmente participarmos do divino sacrifício. Procuremos nos afervorar na devoção ao Corpo e Sangue do Salvador e mais facilmente alcançarmos os frutos da redenção.

(Dom Gaspar LEFBVRE.  Missal Quotidiano e vesperal. Desclée de Brouwer & Cie, Bélgica, 1959.)