Nasce para todos nós um Salvador, um menino envolto na fragilidade e condição da pessoa humana e, por falta de hospedagem, foi colocado numa manjedoura, isto é, num cocho, lugar usado pelos pastores de ovelhas ao tratar de seus animais. Ele, apesar de ser criança, é o esplendor da glória divina, que veio dar visibilidade para Deus, o restaurador da integridade de todo o universo.

Jesus é o príncipe da justiça e da paz. A sua vinda foi para restaurar a humanidade oprimida pelos impérios do passado. No dizer do profeta, era como “um povo que caminha nas trevas” (Is 9,1). Sua vida foi profundamente marcada pelo testemunho de fidelidade ao Pai Celeste e também pela acolhida fraterna de todas as pessoas que foram sendo encontradas por Ele nos ambientes da Palestina.

Em Jesus havia um verdadeiro paradoxo: de um lado, aquilo que é próprio de qualquer criança ao nascer, totalmente dependente de seus genitores; de outro, era dotado de sabedoria e poder sobre-humanos, com o compromisso de exercer um papel messiânico de salvação. Portanto, não era uma criança qualquer, mas é o resultado de um caminho profético que perpassou pelo Antigo Testamento.

O nascimento de Jesus reflete um quadro geográfico bem preciso. José e Maria residiam em Nazaré, na Galileia, região norte da Palestina. Por causa de recenciamento convocado por um Decreto de César Augusto, foram a Jerusalém para se alistarem. Maria estava nos últimos tempos de gravidez e acontece e nascimento de Jesus nas imediações de Belém, onde se encontravam naquele momento.

O mistério da salvação trazido por Deus veio acontecer na fragilidade humana, na pessoa de uma criança e na simplicidade de seu nascimento. Jesus nasce sem o aconchego e a presença de sua família. Significa que Deus realiza maravilhas através de situações e pessoas simples. Em outras palavras, a salvação da humanidade vem de onde as pessoas menos esperam e acreditam.

Ao celebrar mais um Natal de Jesus Cristo, todos os cristãos devem despir-se de todo tipo de orgulho e vaidade que os impedem de viver a graça divina. Deus age na vida das pessoas simples e humildes, porque nelas existe espaço para acolher, com simplicidade, os dons divinos. Esse é o clima que deve envolver o espírito natalino, superando todo tipo do excesso consumista de hoje.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.