A comunidade internacional também tem se manifestado em defesa da Amazônia que, atualmente, é destaque na imprensa mundial pela emergência ambiental. O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu uma reunião neste final de semana durante o encontro do G7.

O aumento no número de focos de incêndio em florestas tem sido um dos assuntos mais repercutidos, inclusive nas mídias sociais, com a #PrayForAmazonia (em tradução livre, “Reze pela Amazônia”). A repercussão dos internautas, mas também de chefes de Estado, faz referência às imagens e aos dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que mostram um aumento de 82% no número de focos de incêndio florestal entre janeiro e agosto de 2019, em comparação com o mesmo período de 2018. O Mato Grosso é o estado com mais ocorrências. A relação, segundo especialistas, é com o desmatamento e não com uma seca mais forte.

“Esse círculo vicioso de poluição ambiental, que o Papa Francisco denunciava na Laudato si’, convocando todos a uma verdadeira cruzada contra a poluição e em defesa da nossa Casa Comum, infelizmente é uma consciência que está longe ainda de chacoalhar, de sacudir a consciência mesmo dos cristãos e católicos.”

Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Campo Grande/MS, relata a situação vivida localmente, como a atuação constante dos bombeiros para apagar focos de incêndio. A consciência para o alerta desse “círculo vicioso de poluição ambiental”, comenta Dom Dimas, precisa partir dos cristãos para uma “verdadeira cruzada em defesa da Casa Comum”:


“É com tristeza que a sociedade brasileira e internacional constatam esse permanente e crescente índice da utilização de queimadas como alternativa para limpeza, fins agrários, e isso em todos os campos do Brasil. Aqui em Campo Grande não é diferente. No nosso Estado, os bombeiros já tiveram, nos últimos meses, que apagar focos de incêndio em quase 300 lugares – mas certamente são ações localizadas. Quando essa mentalidade se espalha para o Brasil todo, a gente acaba ficando insensível diante, por exemplo, do que acontece na Amazônia. Afinal de contas, a Amazônia não é um patrimônio privado, nem é só do governo, ela é um patrimônio de todos os brasileiros. E esse círculo vicioso de poluição ambiental, que o Papa Francisco denunciava na Laudato si’, convocando todos a uma verdadeira cruzada contra a poluição e em defesa da nossa Casa Comum, infelizmente é uma consciência que está longe ainda de chacoalhar, de sacudir a consciência mesmo dos cristãos e católicos. Precisamos de novo resgatar a Laudato si’ e a história mesmo da Igreja no Brasil, que já promoveu várias Campanhas da Fraternidade em torno do tema ecológico. Eu me lembro que já em 1979 houve uma Campanha com o título ‘Preserve o que é de todos’. Então, a consciência ecológica é por uma ‘ecologia integral’ que precisa ser assimilada pelo nosso bom povo brasileiro e, particularmente, por aqueles que tem o ofício de cuidar do que é de todos.”