A afirmação de que Jesus Cristo fundou a Igreja católica não depende da fé! Na verdade, trata-se de dado histórico, empírico e incontestável. Até mesmo os restos mortais do primeiro papa foram encontrados no subsolo da Basílica de São Pedro em Roma. Antes da revolução protestante (séc. XVI), todos os discípulos de Cristo eram católicos. Os estudiosos protestantes sérios não negam tais fatos históricos. Vejamos, a respeito do assunto, alguns trechos da constituição dogmática Lumen Gentium: a) "Por isso, não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus através de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar" (n. 14a, grifos nossos);  b) "Este sacrossanto sínodo, seguindo os passos do Concílio Vaticano I, com ele ensina e declara que Jesus Cristo pastor eterno fundou a santa Igreja (...) e [Jesus] quis que os sucessores dos apóstolos fossem em sua Igreja pastores até a consumação dos séculos" (n. 18a, grifos nossos).

Em 2000, a Congregação para a Doutrina da Fé, mediante a declaração Dominus Iesus, reiterou ensinamento bimilenar: a) "Deve-se crer firmemente como verdade de fé católica a unicidade da Igreja por ele [Cristo] fundada" (n. 16b, grifos nossos); b) "Os fiéis são obrigados a professar que existe continuidade histórica - radicada na sucessão apostólica - entre a Igreja fundada por Cristo e a Igreja católica" (n. 16c, grifos nossos); c) "Existe, portanto, uma única Igreja de Cristo, que subsiste (continua a existir) na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele" (n. 17a, grifos nossos).

Os dois documentos supramencionados, embasados, é óbvio, tanto na tradição sagrada quanto na escritura sagrada, comunicam a doutrina sobre a identidade da Igreja. Todavia, muito tempo antes do século IV (Concílio de Niceia), data em que alguns querem ver o início do catolicismo, o papado já estava plenamente atuante. Assim, o papa Clemente (+97), por exemplo, com autoridade doutrinal, dirige-se à Igreja de Corinto. O papa Vitor I (+199) teve atuação decisiva na escolha da data da Páscoa, em controvérsia com outras comunidades. Os papas Zeferino (+217) e Calixto (+222), na questão sobre a penitência, na disputa sobre o batismo dos hereges, também deram a última palavra. Santo Inácio elogia a Igreja de Roma, em virtude de ser ela a sede primeira. Santo Irineu exige a união doutrinal com a Igreja de Roma. São Cipriano, por seu turno, vê naquela Igreja a fonte da unidade eclesiástica. São Jerônimo, o tradutor da bíblia, escreve ao papa Dâmaso I (+384), dizendo que “no meio das convulsões da heresia ariana, a verdade encontra-se somente com Roma.  

 

Edson Luiz Sampel

Professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo

(da Arquidiocese de São Paulo)

Consócio n. 108/91.