Deus criou as pessoas homem e mulher. Ao ser humano Ele deu o “sopro da vida” (Gn 2,7). Não é uma vida qualquer, porque ela tem semelhança com o Criador, e todas as outras vidas estão em função da vida humana. Apenas o ser humano é capaz de criar intimidade com Deus na eternidade. No Projeto querido pelo Criador, o homem e a mulher constituem uma unidade e com igual dignidade.

Toda criação tem como identidade a lógica da vida, mas em função da vida humana. O objetivo de ser humano é realizar a justiça e promover o direito para que haja harmonia em toda obra criada. A falta da justiça e da prática do direito ocasionam violência e as ações que veem daí facilitam muito a generalização incontrolável da injustiça, prejudicando a tranquilidade da sociedade.

As pessoas, homem e mulher, foram criadas à imagem e semelhança de Deus, mas quando olhamos para as realidades da vida social encontramos grandes e gritantes diferenças. Parece que muitos são privilegiados e até agem egoisticamente no uso dos bens criados para todos. As diferenças existentes veem da prática humana e das possibilidades e virtudes da identidade de cada pessoa.

Para Deus não existe pessoa melhor e outra pior. Entre os humanos as diferenças são muito grandes. Diferenças que provocam muitas separações, preconceitos, divisões, isolamento e fechamento no mundo privado e até egoísta. O Papa Francisco em suas catequeses, para superar as barreiras, fala de construir “pontes” para aproximar as pessoas e diminuir o prejuízo do individualismo.

Na lógica da vida as pessoas têm necessidade de superar preconceitos que normalmente inviabilizam a unidade comunitária. Com isto a prática da vida cristã se esvazia e muitas pessoas ficam iludidas e sem capacidade para assumir posturas autênticas como cristãs. Pessoas preconceituosas agem com certa maldade e não conseguem entender que todos têm dignidades iguais.

A identidade do cristão vem do sacramento do batismo, mas ela cria corpo, também relações, palavras, ações e lógica de vida na prática das virtudes cristãs. Isso significa capacidade de seguir os preceitos divinos, divinizando o caminhar humano. Corrobora com tudo isso as atitudes de humildade, não fazendo do poder dos anticristãos uma atitude massacrante e preconceituosa.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.