Começamos o ano pensando nos laços existentes entre as pessoas, os eventos, os negócios, a administração pública, as alegrias e dificuldades etc. É hora de encarar o novo com espírito de total responsabilidade para construir uma nova realidade fundamentada no bem viver. Temos como fazer isso acontecer, mas tudo depende de boa vontade, coragem e determinação na hora de agir.

A principal tarefa para a formação de uma nova sociedade é superar a prática da violência que afeta gregos e troianos. Ninguém está imune de ser assaltado, violentado e até assassinado. Não é esse o caminho traçado pelo Criador. A raiz do mal não está em Deus e nem no plano de seu Reino, mas nas contingências causadas pela própria humanidade trazendo consequências lamentáveis.

Falar de valores conectados nada mais é do que integrar as forças convergentes de solidariedade e compromisso na condução da nação. A infidelidade de quem tem maior responsabilidade produz situações de revolta e enfraquece a força de conexão. Onde reina a prática da injustiça brotam gestos de inconformismo e violência. Reina a insegurança e as pessoas se agridem mutuamente.

Sentimos perfeita conexão entre Deus-Pai e Jesus Cristo, principalmente na expressão: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30). Em Jesus, Deus constrói um povo e o convoca a exercer o caminho da fraternidade, da ajuda mútua e da convivência. Não é uma questão de ideologia, mas de inclusão, valorizando a todas as pessoas que entendem estar dando passos de compromisso social e de vida.

Faltam na sociedade, e também nas famílias, verdadeiros projetos relacionais de qualidade e que sejam apoiados na evidência da responsabilidade. Isso está patente na convivência social, onde existem marcas da falta de qualidade nas relações, e não podemos esperar frutos animadores dessa realidade. Em diversas situações da nova cultura, os ambientes nem sempre são sadios.

Os valores que criam conexão, firme e duradoura, entre as pessoas dependem muito de proximidade e interação em relação às necessidades fundamentais capazes de dar sentido à vida humana. Um desses valores, pouco praticado em diversas circunstâncias dos atuais tempos, é a virtude da justiça. Não é fácil construir laços de fraternidade onde a exploração é praticada indiscriminadamente.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.