O bem e o mal normalmente se misturam. O mesmo acontece com os vencidos e vencedores. A vida é cheia dessas coisas, mas uma é certa: ninguém quer ser perdedor. O importante é ser bem-aventurado e ter o privilégio de dizer que teve uma bela conquista. Assim é a vida dos santos, como também daqueles que conseguiram vencer nas eleições. Começa nova fase da história.

No Evangelho Jesus enumera alguns dos bem-aventurados. Para Ele são os pobres, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos por causa da justiça, os injustiçados etc (cf. Mt 5,1-11). Esses são os colocados na lista dos santos e beneficiados no Reino de Deus.

Mas são bem-aventurados os que investem na conquista do bem que favorece também a outros. A santidade é fruto de trabalho, de convergência na direção do bem comum. Na visão de Jesus Cristo, é o poder sendo colocado a serviço da construção de uma sociedade centrada no vem viver. Precisa acontecer no Brasil, principalmente com os novos governos, atendendo as expectativas do povo.

Agora é construir o bem, a paz e a defesa da vida. No livro do Apocalipse fala-se de não fazer o mal à terra, ao mar, às árvores (Ap 7,3). Significa que a administração de um país supõe qualidade e respeito para com tudo que existe na natureza, em benefício do povo, deixando de lado os interesses egoístas e privilégios pessoais. Sabemos que é possível um Brasil diferente e de progresso.

Entendemos como fundamental a proposta de Deus contida na lista relatada pelas bem-aventuranças. O que acontecia com os Dez Mandamentos do Antigo Testamento, a intenção primeira nos novos tempos é construir a suprema felicidade das pessoas. O caminho precisa estar ancorado numa administração justa, honesta e transparente, dando garantias de um futuro promissor.

Nesses últimos dias passamos por momentos turbulentos. Nas redes sociais as mensagens se engarrafavam, deixando as pessoas sem referências seguras. A criatividade foi até muito curiosa e carregada de muita notícia falsa dificultando o posicionamento correto dos eleitores. Não deixa de revelar imaturidade, mas também posicionamentos muito definidos em relação às eleições.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.