À luz da “Carta sobre algumas questões referentes à escatologia”, da Congregação para a Doutrina da Fé, apresento, abaixo, em 5 pontos, um resumo da doutrina da Igreja acerca das chamadas “realidades póstumas”.     

1) Depois da morte, ocorre a sobrevivência de um elemento espiritual, dotado de consciência e de vontade. Subsiste, assim, o “eu” humano. Este elemento espiritual se chama alma. Mesmo morto, o ser humano continua a pensar.

2) Aguarda-se a gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, considerada, entretanto, distinta e postergada com referência à condição do homem imediatamente depois da morte.  Alguns teólogos denominam evo [pronuncia-se évo] o “tempo” que medeia entre a morte e a ressurreição dos mortos, no juízo final. De fato, o tempo propriamente dito (com começo e fim) se refere ao homem na terra; a eternidade (sem começo e sem fim) é atributo exclusivo de Deus e o evo (começa com o óbito e não tem fim), típico do homem, é definido como uma sucessão de atos psicológicos.  

3) A ressurreição dos mortos se refere a todo o homem, isto é, corpo e alma. Quando alguém morre, não ressuscita imediatamente. Com efeito, o corpo está no féretro, diante de nós. A ressurreição da carne ocorrerá no fim do mundo. Até hoje, somente Jesus e Maria santíssima ressuscitaram.

4) A Igreja, com base na tradição sagrada e no testamento novo, ensina acerca da felicidade dos justos no céu. Também ensina a respeito do castigo eterno que espera o pecador no inferno, privado da visão de Deus. Ensina, ainda, sobre o purgatório, estado doloroso no qual se dá a purificação dos eleitos, prévia à visão de Deus e diversa do castigo dos condenados.

5) Temos de rezar pelos falecidos, mesmo porque é provável que a maioria dos irmãos contemporâneos que morreram se encontrem em estado de purgatório, purificando-se para a visão beatífica. Além das orações, lucremos indulgências e apliquemo-las em sufrágio dos que já partiram desta vida.

Edson Luiz Sampel

Professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo

(da Arquidiocese de São Paulo)