Por falta de cuidado e por irresponsabilidade social, muitas pessoas reduzem suas a atitudes, praticamente egoístas, sem se darem conta das consequências e dos prejuízos que podem causar à população. No mesmo nível, suas tratativas com Deus não passam de critérios simplesmente humanos. Até parece que a vida humana tem seu fim na morte, levando para a sepultura a própria condenação.

Os homens precisam aprender como devem se comportar no mundo, evitando ter que pagar caro pelas suas práticas espúrias e desconcertantes para a vida comunitária. Além da justiça humana, muito fragilizada na cultura brasileira, terão também que enfrentar a justiça divina, que não usa da força policial, mas a consciência individual e coletiva, e não falha. O peso desta é muito mais sofrido.

A forma de Deus agir com a humanidade não coincide com os nossos critérios, porque Ele vai além do que é de direito, olhando mais a necessidade da pessoa. Ele dá mais aos que têm menos, para elevar sua dignidade. Aos da última hora paga o mesmo da primeira hora, sem ferir a justiça. Usa de benignidade, que é uma atitude completamente diversa dos atos egoístas de hoje.

O ser humano é generoso por natureza. Ele não pode perder essa identidade, porque é um dom de Deus. A prática do amor se fortalece nos atos generosos, no respeito pelo semelhante. Isso tem sido muito descuido na atual cultura, porque o outro não tem sido respeitado. Parece que perdemos a rica dimensão sobrenatural do humano, tornando nossas ações animalescas e insensíveis.

O cuidado com as coisas, que são da coletividade, deve ser fruto de uma consciência responsável e bem intencionada, que define a dignidade da pessoa. É por causa disso que o profeta Isaías diz: “Deixa o perverso o seu caminho e o iníquo os seus pensamentos” (Is 55,7). Muitas vezes as pessoas têm que mudar de rumo e de mente para construir o bem, superando conflitos internos de decisão.

Para um cristão autêntico, é estranho conviver com práticas desonestas e injustas. Isso está muito visível na sociedade brasileira. É justamente por isso que estamos colhendo amargos frutos no mundo da criminalidade. Vidas estão sendo ceifadas em troca de muito pouco. Até parece que deixaram de ser dons de Deus e que merecem ser preservadas até às últimas consequências!

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba