A fé em Jesus Cristo é um dom que vem de Deus. Ela consegue aglutinar as pessoas para a realização de determinadas tarefas comuns. Entendemos que Deus age na vida da comunidade e de cada pessoa, individualmente. Foi o que aconteceu nos primeiros tempos da Igreja, com a motivação “provocada” pela certeza, que os cristãos passaram a ter, na comprovação da ressurreição de Jesus.

 Hoje falamos de “comunidade de comunidades”, a base de formação de uma nova paróquia. Com a evolução dos tempos e a motivação forte do individualismo, as comunidades cristãs ficaram enfraquecidas e perderam muito de sua identidade. O espírito de fraternidade caiu em decadência, a ponto de valorizar a frase “um para si e Deus para todos”. Com isto, todos perdem.

Mesmo na diversidade da cultura moderna, a fé continua sendo um forte ponto de convergência para favorecer a formação de comunidades vivas e atuantes. Temos, sim, comunidades onde acontecem partilhas, principalmente com determinadas campanhas, porque o povo é muito solidário, mas sem o contexto bonito da realidade de fé e da prática cristã, que une por causa de Cristo. 

A família tem deixado de ser comunidade, porque lhe falta um processo de formação que a ajude a fazer o caminho da iniciação à vida cristã. A falta de fé e de formação cristã inabilita as pessoas para viverem a experiência da vida comunitária. O que domina são as práticas individualistas e isoladas do comunitário. Com isto a partilha se torna muito mais difíceis, seja na família como na comunidade.

O modo de proceder do cristão, no amor e na fidelidade, tem que estar fundamentado na fé em Jesus Cristo, porque Ele é o caminho, a verdade e a vida. É n’Ele que as pessoas conseguem formar verdadeiras comunidades, onde a fraternidade é sensível e capaz de superar todas as tendências do egoísmo, do consumismo incontrolável e do fechamento no próprio individualismo.

No livro dos Atos dos Apóstolos encontramos belíssimos modelos de comunidades. Elas são fruto da certeza que as pessoas tinham na ressurreição de Jesus Cristo. Eram desapegadas e partilhavam seus bens e nada faltava entre eles. Significa que a vida comunitária garante e supre as necessidades dos indivíduos, porque a providência divina não falta para quem partilha com consciência.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba