"FIDELIDADE À DOUTRINA E AOS PRINCÍPIOS DE RENOVAÇÃO ESPIRITUAL".

Dom Oscar de Oliveira
(Artigo do Arquidiocesano - órgão oficial da arquidiocese de Mariana
Ano XXVII - 10 de novembro de 1985 - nº 1365)

 

Sob o título acima, lemos, no volume 6, ano de 1975, de "Ensinamentos de Paulo (tradução em português - Libreria Editrice Vaticana - Cittá Del Vaticano"), o discurso que o saudoso Papa Paulo VI proferiu, na Basílica de São Pedro, dia 19 de maio de 1975, em Audiência a 15.000 participantes no III Congresso Internacional de Renovação Carismática Católica (cf. pp. 291-295).

Vou apenas ressaltar alguns trechos deste bem fundamentado discurso papal, que muito há de ajudar aos que, com empenho sincero de renovação espiritual, através de acendrado culto ao Espírito Santo, estudam, meditam e rezam a Deus-Amor que é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

Notai bem os termos: Mensagem papal "AO III CONGRESSO INTERNACIONAL DE RENOVAÇÃO CATÓLICA". Por quê? - Porque também se verifica, em certo culto ao Espírito Santo, algo de exaltado e descabido por parte de acatólicos.

Como prometi, vamos simplesmente ouvir algumas orientações e estímulos de Paulo VI sobre este "Movimento Carismático", que aplaudo e bendigo, por ter a aprovação do Romano Pontífice.

Disse Paulo VI nessa Audiência aqueles 15.000 participantes: "Este cuidado em vos situardes bem na Igreja é um sinal autêntico da ação do espírito Santo {...} Dizíamo-lo, em outubro passado, perante alguns de vós: a Igreja e o mundo têm necessidade hoje mais do que nunca, de que "o prodígio do Pentecostes se continue na história".

Assinala adiante Paulo VI: "Nada é mais necessário a um mundo assim, cada vez mais secularizado (sublinho), do que o testemunho desta "renovação espiritual", que vemos o Espírito Santo fazer surgir hoje na regiões e nos meios mais diversos. As suas manifestações são variadas: comunhão profunda das almas, contacto íntimo com Deus na fidelidade aos compromissos assumidos no Batismo, numa oração muitas vezes comunitária, onde cada um, exprimindo-se livremente, ajuda, apóia e alimenta oração dos outros e, na base de tudo, uma convicção pessoal, que não tem a sua origem apenas num ensino recebido pela fé, mas também numa certa experiência vivida, de que, sem Deus, o homem nada pode, e com Ele, pelo contrário, tudo lhe é possível: daí esta necessidade de O louvar, de Lhe agradecer, de celebrar as maravilhas que Ele opera em toda a parte, à nossa volta e em nós".

Prossegue Paulo VI mais adiante: "Então esta renovação espiritual na poderia ser um desafio para a Igreja e para o mundo? Neste caso, porque não usar todos os meios para que seja?".

"Estes meios, queridos filhos e queridas filhas, indicar-vos-á o Espírito Santo segundo a sabedoria daqueles que Ele mesmo constituiu administradores, para apascentarem a Igreja de Deus (At 20,28)".

Porque foi o Espírito Santo quem inspirou a S. Paulo certas diretrizes muito precisais, que Nos contentaremos em vos recordar. Ser-lhes fiéis será para vós a melhor das garantias para o futuro.

"Vós sabeis o grande apreço em que o apóstolo tinha os dons espirituais: não extingais o Espírito, escrevia ele aos Tessalonicenses (1Tess5,19), acrescentando logo a seguir: examinai tudo e retende o que for bom (Ibid. 5,21) Portanto, Ele considerava que era sempre necessário um discernimento, e confiava o seu controle aos que tinha posto à frente da comunidade (Ibid 5,12). Com Coríntios, alguns anos mais tarde, entra em mais pormenores; aponta-lhes, nomeadamente, três princípios à luz dos quais eles poderão mais facilmente praticar este discernimento indispensável".

E Paulo VI os vai nomeando: o primeiro princípio "é a fidelidade à doutrina autêntica da fé" (cf. 1Cor 12,1-3).

O segundo princípio: Os dons espirituais a todos concedidos "para o bem comum (cf. Rm 12,6-8; Ef. 6,11), nem todas tem a mesma medida. Por isso, os Coríntios devem aspirar aos melhores dons (Ibid. 12,31). Os mais úteis à comunidade" (cf. Ibid. 14, 1-5).

"O terceiro princípio é, no pensamento de Apóstolo, o mais importante. Sugeriu-lhe uma das páginas mais belas, sem dúvida, de todas as literaturas; um tradutor recente escreveu o Papa deu-lhe um título evocador: "Acima de tudo reina o amor" (E. Osty), e são-no de fato -, só o amor de caridade, o ágape faz o cristão perfeito, só ele torna o homem "agradável a Deus", dirão os teólogos. É que  este amor não supõe somente um dom do Espírito; implica a presença ativa da sua Pessoa no coração de Cristo.

Acentua Paulo VI que o Espírito Paulo VI que o Espírito Santo "presente na alma, comunica-lhe com a graça a própria vida da  Santíssima Trindade, o próprio amor com que o Pai ama o Filho no Espírito" (Cf. Jo 6,53).

Ao findar de sua mensagem aconselha Paulo VI aos dedicados à Renovação carismática: "Sede fiéis a estas diretivas do grande Apóstolo, sede igualmente fiéis em celebrar freqüente e dignamente a Eucaristia, É o caminho que o Senhor escolheu para que tenhamos a Sua vida em nós. Aproximai-vos igualmente com confiança do sacramento da reconciliação. Estes sacramentos manifestam que a graça nos vem de Deus, pela mediação necessária da Igreja {...}".

"E em comunhão de fé, de caridade, e de apostolado com os vossos Pastores, tereis a certeza de que não vos enganais. E contribuireis, assim, pela vossa parte, para a renovação da Igreja".

Tudo o que constrói e eleva, tudo o que instrui e santifica, como a Renovação Carismática, conduzida e aplicada pelo Sumo Pontífice, nós aprovamos e abençoamos em Deus-Amor.