I N T R O D U Ç Ã O

No presente artigo enfocaremos duas escolas teológicas que muito marcaram não somente a história, mas também a própria teologia e a própria fé, posto que de muitos pensamentos oriundas das escolas de Alexandria e de Antioquia, surgiram princípios que foram aprofundados e aprimorados inclusive em concílios ecumênicos, de modo especial os quatro primeiros que se tornou que como uma peça da formulação dogmática da fé cristã.

Percorreremos desde a época dos Padres Apostólicos que são aqueles que sentem a necessidade do uso da filosofia para defender as doutrinas cristãs contra aqueles que a atacam. Reconhecem a supremacia da verdade cristã mas não recusam o auxílio da filosofia para a sua defesa. São principais autores: Justino, Hipólito e Tertuliano. Clemente, Orígenes e Dionísio são membros da escola de Alexandria e são normalmente também chamados de Apologistas.

Observaremos no presente trabalho a importância de alguns Padres da Igreja principalmente na influência nos Concílios Ecumênicos, e o combate de heresias, acompanhada de  pequena explanação analisando o matize principal das heresias.

No início do século II, na cidade de Alexandria, no Egito, floresce uma comunidade cristã cuja fundação atribui-se ao evangelista Marcos. Para  a instrução dos convertidos, é fundada uma escola que recebe o nome de DIDASKALEÍON. Tornou-se importante a partir de 180, quando São Panteno assume a direção. As suas lições são assistidas não só por cristãos mas, também, por pagãos. Os seus mais importantes sucessores são Clemente, Héraclas e São Dionísio.

"O fato mais importante dos séculos II e III é que, no conjunto, a Igreja fortalece suas estruturas e consolida suas doutrinas e sua práticas, tanto no plano religioso, como no plano social. Antes, no plano da relações sociais, embora sem revolucionar a estrutura do Império - o que nem podia ser pensado na ocasião - propõe uma mudança profunda e surpreendente de vida surgida par o Império, tão combalido ao longo do século II. O tecido social se rejuvenescia e revigorava pelo espírito e prática dos cristãos. Onde reinava um egoísmo feroz e uma competição sem piedade, algo da caridade evangélica começa a penetrar e a fermentar. Entre os primeiros, em alto nível, que intuíram a nova força do cristianismo estava Constantino que também por isso foi chamado o Grande e mais tarde, no Oriente, venerado como "igual aos Apóstolos"."

 

1. CONTEXTO HISTÓRICO

 

1.1. A IGREJA NOS TEMPOS APOSTÓLICOS

"O Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome é que vos há-de ensinar tudo e vos recordará tudo o que Eu vos disse".

 

Jesus, com estas palavras, tinha prometido aos Apóstolos que o Espírito Santo havia de descer sobre eles para os iluminar e atear no fervor necessário para propagarem a boa nova pelo mundo inteiro.

Padres apostólicos são os escritores dos primeiros tempos do Cristianismo, no período que decorre do ano 70 a 150 depois de Cristo. Eles ou conheceram diretamente os Apóstolos, ou estiveram em contato com os discípulos dos Apóstolos, ou foram os primeiros a divulgar  com os seus escritos o ensino que vinha diretamente dos próprios Apóstolos.

A doutrina cristã era já conhecida nos seus elementos essenciais desde os fins do século I, ao passo que o sincretismo, donde o Cristianismo devia brotar, floresceu só  depois dos meados do século II.  De resto, há elementos tão particulares, na doutrina e na moral cristãs, que não têm nada de comum com as outras religiões. Tais são os dogmas da Santíssima Trindade, da Encarnação, da Redenção, da Graça, e no campo moral, o preceito da caridade, da pureza, etc.

Por outro lado, não é difícil explicar as inegáveis semelhanças existentes entre a nossa religião e as outras. Certos pontos de contato são justificados pela identidade das aspirações humanas e da lei natural impressa por Deus nos homens.

Relativamente à presente fusão operada por S. Paulo do Cristianismo com as religiões orientais, basta ler as epístolas do grande apóstolo para nos convencermos do absurdo e da gratuidade desta hipótese. Quantas vezes Paulo de Tarso recomenda aos fiéis que se abstenham de falsas superstições, que não admitem a idolatria, que rejeitem a sabedoria do mundo que, para Deus, é loucura! De resto, como já acentuamos, o sincretismo floresceu depois da Segunda metade do século II, quando a pregação de  Paulo já tinha acabado há muito tempo.

 

1.2. AS PERSEGUIÇÕES

 

Jesus Cristo tinha profetizado para os seus sequazes:

"Se a mim me perseguiram, também a vós vos hão  de perseguir... Tudo isto farão contra vós por causa do meu nome. Acautelai-vos, porém, dos homens, pois hão de entregar-vos aos Sinédrios e açoitar-vos nas sinagogas. E sereis por minha causa, levados à presença dos governadores e à dos reis..."

 

A profecia não tardou a verificar-se. Como a Sinagoga começou a fazer sentir o seu ódio contra a nascente cristandade. O martírio de Estevão e de Tiago Menor, as prisões de Pedro, de Paulo e dos outros Apóstolos, as várias flagelações e apedrejamentos, são testemunhos eloqüentes. Mas estas primeiras lutas denunciam as grandes e cruentas perseguições de que a Igreja foi vítima, movidas pelos imperadores romanos, durante os primeiros três séculos da sua existência.

1.2.1. AS CAUSAS DAS PERSEGUIÇÕES

 

As causas pelas quais o Estado romano, tão benévolo em reconhecer e aceitar os cultos mais diferentes, perseguiu com tanta severidade a Igreja, foram múltiplas.

Em primeiro lugar a religião cristã, diferente dos outros cultos, manifestou claramente desde o princípio o seu caráter de religião exclusivista e universal. Por conseguinte, o seu triunfo levaria à abolição da velha religião romana, com as suas tradicionais divindades, diante das quais os mais cépticos se inclinavam, como os numes tutelares do império.

Em segundo lugar, o Cristianismo separava o poder espiritual do temporal, ao passo que até então o chefe do Estado exercia também o cargo de Sumo Pontífice. Derivaria daí a existência contemporânea de suas sociedades independentes entre si, com meios próprios e fim específico a alcançar. Isto, evidentemente seria desprestigioso para o imperador, o qual, não contente com possuir a suprema autoridade religiosa, se atribuía poderes divinos.

Terceira causa: o culto do imperador. Os cristãos, embora respeitando em César a maior dignidade civil e militar não podiam, de modo nenhum tributar-lhe a adoração só devida ao único Deus. Postos na alternativa de oferecer incenso à imagem do imperador ou de sofrer o martírio, para não serem apóstatas deviam aceitar esta última condição.

Finalmente, causa não menos eficaz do que as outras, sobretudo no povo ignorante e cruel, foram as horríveis calúnias contra os cristãos, espalhadas não se sabe como e sem fundamento algum.

Os cristãos eram apresentados como inimigos do gênero humano. Dizia-se que nas suas reuniões comiam carne de crianças mortas (falsificação da Comunhão eucarística), que adoravam uma cabeça de asno, que envenenavam as fontes e se entregavam às ações mas lúbricas. Estas mentiras propagadas insistentemente, criaram a atmosfera de ódio e de intolerância que levou aos massacres em massa, sendo suas vítimas os sequazes do Evangelho.

 

1.2.2. AS OUTRAS PERSEGUIÇÕES

Dentro de um breve intervalo, após a morte de Nero e a subida ao poder dos Flávios, a perseguição começou  com novo furor sob o último César desta família, o cruel Domiciano (81-96). Pereceram então os membros da família imperial Flávio Clemente e Flávia Domitila.

O Apóstolo S. João, levado a Roma, foi lançado numa caldeira de azeite a ferver, mas saiu ileso. Foi desterrado para a ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse.

Também sob os Antoninos (98-180) continuou, mais ou menos cruelmente, a perseguição. Parece que o motivo jurídico aduzido para a justificar, foi a declaração  de coetus illicitus , isto é, associação proibida, dada à Igreja.

Trajano, (98-117), respondendo a Plínio, o Moço, governador da Bitínia, que lhe perguntava como havia de proceder com os cristãos, escreveu: "Não se procurem, mas se forem denunciados, sejam condenados. Os apóstatas sejam declarados livres."

Foi então que o apologista Tertuliano opôs o famoso dilema: "Se os condenas, porque não os procuras? E se os não procuras, porque os absolves?"

Vítima ilustre desta perseguição foi o bispo e escritor Santo Inácio de Antioquia. Sangue cristão manchou também o reinado de Adriano (117-138) e de Antonino Pio (138-161), embora ambos procurassem mitigar a execução do rescrito persecutório.

Marco Aurélio (l6l-180), filósofo estóico, agravou a situação. O apologista Justino foi a sua vítima mais ilustre. A perseguição estendeu-se até à Gália e o sangue cristão tornou vermelhas as águas do Ródano. Provavelmente foi no tempo de Marco Aurélio que foi martirizado a viagem romana Santa Cecília.

Cómodo (180-192), um histrião lúbrico e sanguinário, continou as diretrizes do pai. A perseguição também à Ásia  e à África do Norte.

Novo vigor assumiu o ódio anticristão durante o reinado de Septímio Severo (193-211), o qual promulgou, pela primeira vez, um édito verdadeiro e próprio de perseguição. Entre os numerosos mártires, recordemos Leónidas, pai do escritor Orígenes; Ireneu, bispo de Lião e autor do livro Adversus haereses, e as Santas Perpétua e Felicidade, de quem temos uma esplêndida paixão.

Depois do cruel Heligábalo, subiu ao trono Alexandre Severo (222-235), que colocou a imagem de Cristo entre os deuses do seu Lararium abatendo-se de perseguir os Cristãos. Foi uma breve trégua, porque a perseguição começou de novo com inaudita violência por ação de Décio (249-251). Publicou um édito de proscrição universal para destruir o Cristianismo. As vítimas não têm conta: o Papa S. Fabião, a virgem siciliana Águeda, outra virgem alexandrina Apolônia, o bispo Dionísio de Alexandria, os orientais Ábdon e Sénen, foram martirizados neste tempo.

A preseguição de Décio, seguiram-se as de Galo (251-153) e de Valeriano (253-260). Os jovens Pancrácio e Tarcísio, o diácono Lourenço, o bispo e escritor cartaginês S. Cipriano, selaram a sua fé com o próprio sangue.

Galieno (260-269), sucessor de Valeriano, não só deixou de perseguir os cristãos, mas restituiu "aos magistrados do Verbo e os lugares religiosos".

A Igreja teve meio século de tranqüilidade exceto um breve período do reinado de Aureliano (270-275) até ao advento de Diocleciano (284-305). No seu tempo  dos seus colaboradores Maximiano Hérculos e Galério, a Igreja teve de suportar a mais longa e mais feroz perseguição. O pretexto foi o incêndio do palácio imperial de Nicomédia. Alguns dias antes, e precisamente a 24 de fevereiro de 303 tinha sido publicado um édito que obrigava a destruir as igrejas, a confiscar os bens eclesiásticos e os cristãos abjurarem sob pena de demissão dos cargos públicos  e a escravidão. Depois do incêndio, seguiram-se outros éditos mais radicais, com os quais se ordenava a prisão dos bispos e dos sacerdotes e a obrigação de todos os súditos do império participarem nos sacrifícios pagãos.

Em todo o Império os cristãos eram procurados, levados junto dos ídolos, obrigados a oferecer incenso e sacrifícios, mas se o não fizessem eram sujeitos aos suplícios mis atrozes. Só Constâncio Cloro, governador das Gálias e da Bretanha, se mostrou mais compreensivo e, embora mandando destruir os templos sagrados, não perseguiu as pessoas. Os mártires contam-se aos  milhares. Entre os mais conhecidos, temos S. Sebastião, comandante duma das coortes pretorianas, Santa Inês, a célebre virgem romana, S. Januário, bispo de Benevento, Santa Luzia, virgem de Siracusa, o mestre S. Cassiano, o diácono S. Vicente de Saragoça, os médicos S. Cosme e S. Damião de Egeia na Lícia, o menino S. Bárula de sete anos, etc.

2. HERESIAS

Paralelamente às perseguições, a Igreja teve de sofrer o ataque de numerosas heresias. Foram obra, sobretudo, de certos espíritos cultos e inquietos que, não satisfeitos com a revelação cristã e incapazes de se subtraírem à sua fascinação, deturparam a sua pureza, tentando conciliar entre si doutrinas diversas e opostas.

 

2.1. PRINCIPAIS HERESIAS

Damos em poucas palavras e segundo a ordem cronológica um elenco das principais heresias, não esquecendo que não foram um fenômeno só dos primeiros tempos do Cristianismo, mas brotaram em todos os séculos.

Simão Mago é considerado o pai dos heresiarcas, homem de certa cultura que, mediante as artes mágicas, sugestionava o povo. Ensinava que o mundo não foi criado por Deus, mas pelos Anjos; criação de Deus é a idéia divina que os Anjos transmitem duma mulher a outra. Pregou na Samaria, onde gozava de certo ascendente, sendo considerado como o poder de Deus. Impressionado com os milagres dos Apóstolos, tentou comprar a S. Pedro, com dinheiro, o poder taumatúrgico (simonia), mas obteve como resposta uma enérgica negativa. Afastando-se da Igreja, pregou ser igual a Jesus Cristo, melhor, o próprio Jesus Cristo, libertando a partícula divina, prisioneira da matéria. É justamente considerado como o pai do gnosticismo.

Os Ebionitas: Eram Hebreus cristãos que propugnavam a observância  da lei mosaica, embora reconhecessem Jesus Cristo como Messias. Dividiram-se depois em muitas seitas, algumas das quais chegaram a negar a divindade de Cristo.

 

2.2.  MONTANISMO.

Montano, sacerdote de Cibeles na Frígida, converteu-se depois ao Cristianismo, sustentado por duas profetisas - Priscila e Maximila - distinguindo-se depressa pelo fanatismo religioso. Depois do batismo julgou-se favorecido com especiais dons carismáticos e pregou ao povo a nova revelação, a do Espírito Santo, o próximo fim do mundo e o quilianismo, isto é, um reinado de mil anos sobre a terra, depois do juízo universal. Ensinava que era preciso preparar-se para estes acontecimentos com uma vida austera e inculcava sobretudo aos seus sequazes jejuns freqüentes e prolongados; proibia passar a segundas núpcias, fugir às perseguições; para os três pecados mais graves: a apostasia, o homicídio e a incontinência dizia que não podia haver remissão; proibia todo o ornamento da pessoa.

Enfim, Montano anuncia que o fim do mundo e a volta do Senhor são iminentes, isto por cerca de 170. Dos crentes exige jejum perpétuo, a renúncia ao casamento e proíbe toda fuga diante do martírio. Somente na metade do século III chegam as primeiras condenações ao montanismo

Esta doutrina espalhou-se rapidamente também no Ocidente, dividindo-se em várias seitas. Os montanistas, condenados pela Igreja, foram excluídos da Comunhão dos fiéis. O grande apologista Tertuliano foi do seu número.

 

2.3.  GNOSTICISMO

É talvez a heresia mais complexa, compreendendo ao mesmo tempo, elementos filosóficos-religiosos orientais e cristãos. Não é fácil apresentar uma síntese porque, como diz Santo Ireneu, esteve em contínua evolução. Os diversos sistemas, nascidos desta doutrina, têm um ponto comum e é o conceito que entre Deus, Bondade infinita, e a matéria existe uma série de seres intermédios que tornam possível ao homem elevar-se até à divindade. Eis os pontos fundamentais deste sistema:

 

1.       - Deus é uno e separado dos seres materiais. Chama-se Silêncio, Abismo.

2.       - Os "Eões" ou "Eons" são seres intermédios entre Deus e a matéria. São eternos porque emanam de Deus, e o seu conjunto constitui o Pléroma.

3.       - Os Eões, quanto mais se afastam de Deus, tanto mais imperfeitos se tornam. Um deles prevaricou e por isso foi excluído do Pléroma divino. Este Eão chama-se Demiurgo. O Demiurgo produz, por sua vez, uma série de Eões, maus como ele, e finalmente cria o mundo material e o homem.

4.       - O homem, porém, não é todo mau, porque o Eon superior separou do mundo espiritual uma centelha divina e colocou-a na matéria. Ora, segundo esta centelha divina está mais ou menos presente, os homens distinguem-se em três classes:

- Os homens espirituais, nos quais o espírito é superior à matéria. São os gnósticos.

- Os psíquicos, nos quais o espírito é igual à matéria. São os cristãos.

- Os materiais, nos quais a matéria é superior ao espírito. São os pagãos.

 

5.       A Redenção tem por fim libertar o elemento divino encarcerado na matéria. Jesus Cristo não é senão um dos Eões mais sublimes que assumindo um corpo aparente, remiu a humanidade. A salvação consegue-se  não por meio dos sacramentos, mas pela doutrina que Jesus nos revelou. Quando a libertação do elemento divino da matéria estiver completamente realizada, então restabelecer-se-á a ordem universal. O mundo será destruído e com ele os homens que não merecerem a salvação. Esta doutrina levou a duas concepções morais formalmente opostas: uma ensinando a prática da mortificação e da penitência; a outra abrindo o caminho a uma imoralidade espantosa como se deduz do quadro apresentado por Santo Ireneu dos maus costumes dos gnósticos.

 

O gnosticismo não foi um movimento popular, senão aristocrático, cultivado por espíritos refinados, que trabalham de combinar a filosofia com um turvo fundo de aspirações religiosas em que predominavam a preocupação pelo problema do mal e da dor. Suas origens são remotas, quiçá anteriores ao mesmo cristianismo, porém alcançou maior desenvolvimento durante os três primeiros séculos de nossa Era, enquadrando elementos soteriológicos judeus e cristãos, em uma mesclagem de filosofia e de misticismo em forma de especulações cosmológicas. Não constituiu como se tem repetido muitas vezes de forma equivocada, uma helenização aguda do cristianismo, nem foi a primeira tentativa de uma filosofia cristã, senão que é mais exato entendê-lo como um esforço por confiscar o cristianismo em proveito próprio. Também cabe interpretá-lo como um intento de um minoria seleta para dar ao cristianismo uma forma filosófica, não contentando-se com as expressões essenciais e populares da predicação dos primeiros tempos.

A heresia gnóstica espalhou-se primeiro na Síria, onde se ligou à doutrina de Simão Mago; mais tarde passou para o Egito, onde teve Valentino como o seu maior defensor; finalmente propagou-se por todo o império romano.

Contra tal cúmulo de erros levantaram-se muitos Padres daquele tempo, os quais, com os seus escritos, desfizeram tão perniciosa heresia. Mas quem contribuiu mais do que ninguém foi Santo Ireneu com o seu célebre livro "Adversus haereses". O argumento que ele apresenta é o seguinte: a doutrina de Jesus Cristo foi, por ordem sua, ensinada pelos Apóstolos a todo o mundo; ora nas Igrejas fundadas por eles não existe sombra de gnosticismo, antes sempre acreditaram e ensinaram o contrário, logo o Evangelho não tem nada que ver com as aberrações gnósticas. Para acelerar o desaparecimento do gnosticismo ajudou imensamente a imoralidade a que se entregaram muitos dos seus sequazes e a divisão da heresia em numerosas seitas. No decorrer dum século, quase desapareceu. Só a seita de Marcião resistiu quase duzentos anos.

 

2.4.  MANIQUEÍSMO

Tendo desaparecido o gnosticismo, apareceu na Pérsia uma nova heresia não muito diferente. O seu autor, Mani, de estirpe real apresentou-se como o mensageiro duma nova revelação. Pregou a sua doutrina em várias regiões da Ásia e voltando à pátria, depois de longos anos de exílio, foi crucificado. O seu corpo, esfolado, foi dependurado à porta da sua cidade natal.

Segundo Mani ou Manes, há dois reinos eternos, o da luz e o das trevas. Satanás sai das trevas e declara guerra a Deus, rei da luz. O homem criado por Deus, cai prisioneiro de Satanás que introduz nele elementos tenebrosos. Daqui a luta contínua que o homem deve travar para se libertar das trevas e readquirir a luz.

A sua libertação completa-se mediante uma vida austera que compreende três selos, ou mortificações.

O selo da boca (proibição de falar obscenamente); o selo da mão (proibição de destruir animais e plantas): o selo do peito (obrigação de observar a castidade e abster-se do matrimônio).

Distinguiam-se duas classes de pessoas: o eleitos (monges) e os ouvintes (simples fiéis). Existia também uma hierarquia que, no tempo de Santo Agostinho, compreendia os doutores, os administradores, os presbíteros, os diáconos e os missionários.

Esta doutrina espalhou-se por toda a parte, conquistando homens de grande cultura. O próprio Santo Agostinho foi durante algum tempo simpatizante. Foi combatida pelos Padres e pelos Imperadores, e estes por causa dos prejuízos que causava ao Estado, mas não desapareceu completamente. No século XI apareceu em várias regiões da Europa, sob o nome de doutrina albigense, a qual, na Idade Média, constituía um dos perigos mais graves para a Igreja e para a sociedade.

 

2.5.  ARIANISMO

Uma heresia muito mais perigosa que as precedentes e que perturbou durante muitos anos toda a cristandade foi o arianismo. A sua origem deve-se ao fato de alguns, para defenderem, a todo custo a unidade de Deus, negaram a distinção real das três Pessoas. Querendo-se combater este erro com excessivo afinco, caiu-se no erro oposto, o subordinacionismo, segundo o qual as três Pessoas não seriam iguais entre si, sendo o Filho inferior ao Pai e o Espírito Santo inferior ao Pai e ao Filho.

Deste segundo erro nasceu o arianismo. O nome deriva de Ario, sacerdote de Alexandria, oriundo da Líbia, tendo vivido no século IV. Homem astuto, ambicioso, de elevada estatura, magro, austero, exercia grande fascinação nos fiéis da cidade. Infelizmente, tinha crescido num ambiente saturado de doutrinas duvidosas e, soberbo como era, não se julgava de modo nenhum capaz de errar. Pelo ano 318 começou a espalhar os erros que, como diz S. Jerônimo, pareciam ameaçar a própria existência da Igreja. Eis a sua doutrina. O Filho de Deus, o Verbo, não é gerado da substância do Pai, mas é uma criatura criada do nada, embora  antes de qualquer outra criatura. Pela sua excelência, supera a todos, inclusive os Anjos, e Deus serviu-se dele para criar. O Verbo, embora não seja Deus, pode chamar-se assim, não pela sua natureza, mas pela graça e adoção. O Espírito Santo é a Segunda criatura, de Deus. O arianismo, com o andar do tempo, foi um pouco mitigado e transformou-se no  chamado semiarianismo, que na sua substância negava também  a consubstancialidade do Filho.

A heresia atacava a doutrina Cristã. De fato, se a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade não fosse Deus, a obra da redenção perderia o seu valor, pois Jesus Cristo, como simples criatura, embora a mais excelsa de todas, não teria podido remir-nos.

Era o golpe de graça infligido a toda a Revelação. Contra o ímpio depressa surgiu um escol de Bispos que o excomungaram. Mas Ario não se submeteu. Então foi deposto de seu ofício, mas, defendido por muitos sequazes, entre os quais alguns Bispos e dignitários do Império, continuou a espalhar a sua doutrina. Surgiu daí uma disputa interminável.

Para lhe pôr termo e, ao mesmo tempo, para definir o dogma católico sobre assunto de tanta importância, o imperador Constantino convocou em 325 o primeiro Concílio ecumênico, chamado de Nicéia, da cidade onde se reuniu. Intervieram cerca de 300 Bispos, sendo a maior o parte, da Igreja do Oriente; não faltaram também bispos do ocidente, entre os quais os representantes do Papa Silvestre. As idéias de Ario foram discutidas amplamente, e no fim condenadas por quase todos os Padres Conciliares representantes à solene assembléia. Para definir que a natureza do Pai é uma única entidade com a natureza do Filho, usou-se a fórmula seguinte: "O Filho consubstancial (em grego homúsios) ao Pai". A verdadeira doutrina foi, portanto, defendida e esperava-se assim pôr termo à grande questão que agitava a Igreja. Mas Ario não se deu por vencido e preferiu o exílio, onde continuou secretamente a trabalhar pela sua causa. Usou nova e hábil manobra. Tomando a palavra consubstancial, dizia que era muito perigosa, pois, se por um lado afirmava  a unidade de Deus, por ouro fazia suspeitar que se negasse a distinção real entre as três Pessoas divinas. A questão agitou-se com mais ardor. Vários bispos, de boa fé, caíram no engano e, embora de idéias católicas, tiveram medo de empregar a palavra consubstancial. Outros aceitaram plenamente a doutrina e a expressão do Concílio, ao passo que os arianos continuaram a negar claramente a divindade do Filho.

Naquele período, os imperadores sucessores de Constantino, sobretudo Constâncio, fizeram com a sua intromissão, em matéria religiosa, um mal incalculável à Igreja.

 

Foi então que começou o Cesaropapismo, isto é, a ingerência do poder civil nos negócios eclesiásticos. Estes imperadores impuseram as suas opiniões teológicas, convocaram concílios, obrigaram a assinar fórmulas dogmáticas compostas a seu modo, exilaram e até mataram Bispos.

 

Temos a partir do Arianismo variantes, a saber:

Homeousianos: este nome aos membros de uma das correntes em que se dividiram ao arianos. Os homeus, cujo líder era Acácio de Cesaréia, professavam um arianismo moderado, hostil a toda formulação técnica. Eles ficam com a fórmula: o Filho é semelhante (homoios) ao Pai. O homeísmo triunfa por breve tempo nos concílios de Rímini-Selêucida e de Constantinopla.

 

Anomeus: representam a posição radical do arianismo; recusam toda semelhança de natureza entre o Pai e o Filho.

 

Pneumatômacos:negam a divindade do Espírito santo, recusando-lhe a "igualdade de natureza com o Pai". São chamados também macedônicos ou maratonianos, com base no nome do líder macedônio de Constantinopla († 362) e de Maratônio de Nicomédia. Sua heresia foi condenada solenemente pelo Concílio de Constantinopla de 381, depois de o ter sido pelo de Alexandria de 362.

 

Donatismo: este cisma durou todo o século IV e dividiu a Igreja africana. Toma o seu nome de Donato, bispo de Numídia. Os donatistas reivindicam a sé episcopal de Cartago (312), apoiando-se sobre argumentos teológicos: os sacramentos, inclusive a ordenação episcopal, seriam inválidos se conferidos por alguém que traiu a fé. No interior do donatismo, o grupo importante dos circunceliões; a grande estima que eles têm do martírio os leva a procurar a morte por provocação, até de emboscadas.

 

Priscilianismo: doutrina de Prisciliano, difícil a ser definida em razão do segredo mantido por seus discípulos e da escassez dos escritos conservados. No início, trata-se de um movimento de ascetismo excessivo e de profetismo inquietador, que se baseava sobre escrituras apócrifas. No sínodo de Toledo de 397 foi possível reprovar na seita uma teologia trinitária de tendência e relações com o manequeísmo e a gnose.

Em 330, Ario com uma abjuração fingida conseguiu voltar a Alexandria. Em 335, enquanto os seus amigos lhe preparavam grande recepção em Constantinopla, o heresiarca, atacado de grave doença, morria repentinamente. A sua heresia, através de várias e complicadas vicissitudes, durou mais uns cinqüenta anos e a Igreja conheceu momentos muito tristes. A divina Providência, porém, para debelar a peste ariana, suscitara um homem de estatura moral gigantesca: Santo Atanásio de Alexandria.

 

2.5.1. SANTO ATANÁSIO.

Tinha nascido em 295 e passara a sua juventude no deserto, sob a orientação do famoso eremita Santo Antão,  de quem escreveu a vida. Manteve sempre uma grande  veneração pelos anacoretas  de Tebaida. Deve-se-lhe a restauração da importante escola filosófico-teológica de Alexandria. Em 319 foi ordenado diácono pelo Bispo de Alexandria, sendo depois seu secretário e conselheiro. Com tais cargos participou, em 325, no Concílio de Nicéia e naquela ocasião chamou a atenção pelo seu zelo em combater a heresia ariana. Morto o Bispo em 328, foi elevado à sede alexandrina . Daquele momento a sua figura começou a agigantar-se atraindo a atenção de todos os católicos, ao passo que os inimigos da Igreja se reuniram contra quem era considerado como o seu inimigo mais formidável.

Mas ele soube residir sozinho contra esta avalanche hostil. A sua natureza hauriu especial energia na fé vivida com intensidade prodigiosa. O intrépido campeão da ortodoxia estava convencido que trabalhava pela verdade e estava certo que a santidade da causa que defendia o sustentaria  na luta gigantesca. Soube moderar a fortaleza com a prudência, a maleabilidade de caráter com o amor generoso para com os próprios inimigos que empregavam todos os meios, mesmo o mais vil, para matar. Dotado de engenho agudo, absteve-se de inúteis subtilezas e expôs, de forma sempre eloqüente, embora em linguagem sóbria, a sua doutrina, cujos dotes principais são a certeza e a precisão. Deixou numerosos escritos, entre os quais Quatro tratados contra os Arianos. Por S. Gregório é chamado "Coluna da Igreja" por S. Basílio "Médico enviado por Deus". Mas o epíteto que melhor o define é o de "Martelo do Arianismo" pela constância com que combateu a terrível heresia. Por causa da sua fé suportou cinco vezes o exílio, e apesar disso morreu no seu leito em Alexandria, em 373, precisamente na vigília do triunfo da Igreja sobre tão nefasto erro.

O arianismo, expulso do império romano, foi propagado entre os bárbaros, onde ainda sobreviveu alguns séculos.

 

2.6.  NESTORIANISMO

A heresia nestoriana foi defendida por Nestório, patriarca de Constantinopla no século V, homem nem de grande engenho nem de vasta cultura. Segundo ele, em Jesus Cristo existiam duas pessoas distintas, a pessoa divina e a pessoa humana. Segue-se daqui que a união entre a divindade e a humanidade em Cristo é só mortal, habitando o Verbo em Jesus homem como um templo. Por conseguinte, o Verbo não nasce na sua natureza humana de Nossa Senhora, e Maria não se pode chamar de Mãe de Deus, mas só a Mãe do homem Cristo. Na Eucaristia não se recebe senão Jesus-Homem. Jesus é Filho de Deus somente enquanto está moralmente unido ao Verbo.

O erro espalhou-se rapidamente, mas deparou com um grande adversário, Cirilo, Bispo de Alexandria. Para definir sobre este ponto o dogma católico, reuniu-se o Concílio ecumênico em Éfeso em 431. Assistiram cerca de duzentos Bispos. Nestório também compareceu escoltado militarmente. Cirilo como presidente abriu o Concílio e desde a primeira cessão foi declarada como falsa a doutrina nestoriana e o seu defensor foi condenado e deposto. O povo teve nisso tanta alegria que, com archotes acesos, levou em triunfo os Bispos, defensores da divina maternidade de Nossa Senhora. O pensamento do Concílio é claro. Nossa Senhora deu a Jesus só a natureza humana, mas esta não possui personalidade própria, porque em Cristo subsiste uma única pessoa, a do Verbo. Ora, como as atribuições  se referem à pessoa, então Maria Mãe de Jesus, é justamente chamada Mãe do Verbo, mãe de Deus. A heresia nestoriana não desapareceu completamente. Ainda existe nalgumas partes do Oriente.

 

2.7.  MONOFISISMO

Êutiques, arquimandrita de um convento de Constantinopla, lutou contra Nestório, mas caiu no erro oposto. Segundo ele, em Jesus Cristo, além da unidade de pessoa, há unidade de natureza.

As duas naturezas, humana e divina, existiam separadamente antes da Encarnação do Verbo. Depois da Encarnação, a natureza humana foi, em certo modo, absorvida pela natureza divina. Daqui o nome de Monofisismo, isto é, uma só natureza.

Durante dois anos, travou-se, no Oriente, por causa deste erro, uma luta furiosa. Finalmente em 451, reuniu-se  o Concílio de Calcedônia, ao qual São Leão magno enviou uma carta onde expunha com clareza a verdadeira doutrina. Os Padres Conciliares nunca se afastaram, durante as discussões, do pensamento do Papa e condenaram a heresia. O Monofisismo continuou nalgumas regiões, especialmente no Egito, donde foi levado para a Etiópia.

 

2.8. PELAGIANISMO

No Oriente floresceram heresias de caráter especulativo, tendo por objeto os grandes  mistérios da Santíssima Trindade e da Encarnação do Verbo.

O Ocidente, pelo contrário, menos especulativo e mais prático, mantém esta característica mesmo nas heresias que aí aparecem, sendo a mais importante o Pelagianismo.

Pelágio, monge bretão, de vida austera, entregue mais ao estudo prático do que às especulações filosóficas, convenceu-se que o homem pode tudo, se quiser, só com a força da vontade.

Não admitia fraquezas e fragilidades na natureza humana. Ensinava que, se fosse necessária a graça de Deus para praticar o bem, prejudicar-se-ia o livre arbítrio. Propagou a sua doutrina juntamente com o amigo Celestino, advogado escocês, primeiro em Roma, em 410-411, depois na África e finalmente em Jerusalém. A heresia pode assim sintetizar-se:

O homem pode, sozinho, praticar sempre o bem. De fato, houve homens, que, em virtude do seu livre arbítrio, não comeram pecado algum. O pecado original não existe. Adão criado mal mortal e sujeito às más inclinações, mesmo antes da culpa, com o seu pecado fez mal só enquanto deu mau exemplo.

A facilidade de pecar deriva do hábito adquirido. Segue-se daqui que o Batismo não é necessário, mas serve-nos como porta de entrada para fazer parte do reino dos céus. A graça santificante também  não é necessária, mas reduz-se a um simples remédio para as culpas  atuais, a um ornamento espiritual da alma.

A redenção não é uma regeneração que nos leva da morte à vida, mas quando muito, uma elevação a uma vida mais espiritual; por isso a obra de Jesus Cristo tem influência puramente exterior.

Este erro espalhou-se rapidamente, porém foi condenado nos Concílios de Cartago e de Milévi, condenação confirmada pouco depois pelo Papa Inocêncio I em 417. Depois, a condenação foi renovada no Concílio ecumênico de Éfeso, em 431.  O homem mais célebre que combateu o Pelagianismo foi Santo Agostinho que escreveu contra ele mais de quinze obras.

 

3.  ESCOLA ALEXANDRINA: FUNDAÇÃO E CARCATERÍSTICAS

 

Alexandria, fundada por Alexandre magno em 331 antes de Cristo, era a cidade helênica na qual se havia dado intercâmbio a todas as culturas, crenças e filosofias dos países do mediterr6aneo, isto é, egípcias, gregas e hebréia. Nela nasceu e ensinou o judeu Fílon, um dos criadores do neoplatonismo e também um dos pensadores que mais contribuíram para a gênese do gnosticismo. Fílon inaugurou uma peculiar exegese alegórica do Antigo testamento, com uso de elementos platônicos e estóicos que haveria de criar um clima característico em todas as demais escolas que se fundaram posteriormente em Alexandria.

Nesse ambiente se desenvolveu uma comunidade cristã, cujas as origens se desconhecem, que deu fruto o centro mais florescente do pensamento cristão durante o século III. Parece ser que a escola de Alexandria foi fundada por volta de  180 por um estóico siciliano, convertido ao cristianismo na maturidade, chamado Panteno, que não deixou nada escrito, mas cujos principais ensinamentos foram recolhidos por um jovem ateniense, que sucedeu na direção da Escola, por nome Clemente de Alexandria. Com Orígenes, anos depois, alcançou seu máximo esplendor. A Escola alexandrina se caracterizou por suas preferências filosóficas, optou por um sistema platônico, e pelo método alegórico na interpretação  das Sagradas Escrituras. O sentido alegórico, principal objetivo da exegese alexandrina se distingue do sentido literal que se cultivou sobre todo a Antioquia. Este último é o que significa primariamente um texto da Escritura e pode ser próprio - se segue o significado próprio das palavras; o impróprio ou figurado, ainda querido diretamente pelo Autor sagrado. O sentido alegórico tem caráter espiritual ou místico e oferece significações mais profundas do texto sagrado, que emergem ao ler o Antigo Testamento à luz do Novo, por exemplo, a Arca de Noé como tipo da Igreja, o maná como tipo de Eucaristia, a túnica que não será rasgada como símbolo da unidade da Igreja etc.

Em suma, a escola de Alexandria era herdeira de forte tendência mística; procurava exaltar o divino e o transcendental nos artigos da fé. Interpretava a Sagrada Escritura em sentido alegórico, tentando desvendar os mistérios divinos contidos nas sagradas Letras. Em  assuntos cristológicos, portanto, era inclinado a realçar o divino, com detrimento do humano.

 

3.1. CLEMENTE DE ALEXANDRIA

Tito Flavio Clemente nasceu, no ano de 150, de pais pagãos. Parece que sua cidade foi Atenas e que ali recebeu seu primeiro ensinamento. Viajou pela Ásia e Magna Grécia, onde teve chances de conhecer e freqüentar várias escolas filosóficas. Esteve em contato sobretudo com os estóicos e com os gnósticos. Tudo indica que tenha sido iniciado nos mistérios. Se converteu ao cristianismo em 189, sucedendo São Panteno na condução do DIDASKALEÏON. No período de perseguição de Sétimo Severo refugiu-se na Capadócia onde faleceu.

Em 1748 o papa Bento XIV lhe retirou o título de Santo por carência de documentos anteriores ao século XI, que melhor sustentassem o seu culto como tal. Porém ressalta que não se trata de uma degradação de sua importância na história da cristandade.

Não é gratuito o fato de alguns historiadores  da filosofia o classificarem como neoplatônico, graças a forte influência que o mestre da Academia  exerce sobre ele. Notam-se também fortes influências do estoicismo, provavelmente de seus contatos com muitas escolas estóicas em suas viagens pela magna Grécia.

A maneira como Clemente encara a relação entre fé e a filosofia pode ser assim descrita: a filosofia é um conjunto de doutrinas retiradas de várias escolas capazes de auxiliar o homem a melhor explicar e justificar a fé. As ci6encias propedêuticas se submetem à filosofia e esta, por sua vez, se submete à fé.

No centro dessas considerações está a idéia clementina de Logos iluminador: toda a verdade procede de uma fonte que é o Logos eterno, que jé revelara parcialmente aos homens antes da Encarnação. Aos judeus por meior da lei e aos pagãos por meio dos filósofos. Aplenitude de sua revelação ocorre na encarnação. A respeito, diz ele nos Stromata: "a filosofia  conduzia os gregos a Cristo, assim como a lei conduzia os hebreus".

Para os cristãos, a filosofia é também um instrumento eficaz de defesa de suas doutrinas contra os pagãos e hereges e meio de enriquecimento e fortalecimento da fé.

A filosofia não é um grau supremo de conhecimento. Contrariando o seu "mestre"  Platão, afirma a supremacia da fé sobre a filosofia, por não apresentar somente "fragmentos" da verdade mas, a própria verdade.

Segundo Clemente, a plena realização de todas aspirações da alma humana no mundo terreno, dá-se na Gnósis. A gnósis clementina é o ponto de chegada de um longo caminho percorrido pela razão que iluminada pela fé, atinge os segredos dos ensinamentos secretos do Senhor, transmitidos pela tradição aos apóstolos, em especial para Pedro, Tiago, João e Paulo e por estes aos demais. O seu objeto é o conhecimento de Deus, causa de todas as coisas e o Logos, que é a verdade por excelência. É um conhecimento esotérico, reservado a uma minoria selecionado, inatingível pela grande maioria dos cristãos.

A gnósis é um estado de contemplação, um conhecimento, ao mesmo tempo intuitivo e afetivo, dos segredos de Deus e do Logos, que garante a certeza absoluta. É a perfeição da caridade. Para atingir a gnose é mister trilhar uma vida constituída de dois estágios, a saber:

 

  • a ascese nos moldes do estoicismo e dos gnósticos anteriores, ou seja, a eliminação de todas as influ6encias corpóreas que leva à apatia: iluminação das paixões;
  • a purificação intelectual, descrita com terminologia própria das religiões mistagógicas, mas entendida como abstração progressiva até a eliminação de todos os recursos sensíveis do conhecimento

 

Neste momento, a alma é a própria imagem do Logos e pode intuit Deus indiretamente. Mas a plena e permanente contemplação de Deus só se dará após a morte. Portanto a filosofia não deve ser vista como inimiga ou algo sombrio, à exemplo de Ulisse perante as sereias. A filosofia não produz o ato de fé, nem revela os mistérios sobrenaturais, motiva o sentimento da busca e produz o caminhar nas verdades da fé.

 

3.2. ORÍGENES

Ele á a figura alexandrina mais relevante. Provavelmente tenha nascido em Alexandria. Filho de Leônidas, mártir nas perseguições de Setímio Severo, foi discípulo de Clemente e seu substituto ocasional no Didaskaleíon. Por zelo excessivo, aplica ao pé da letra a passagem de Mt 19, 12. Tal fato impediu a sua ordenação sacerdotal por parte do bispo Demérito.

Com as perseguições aos cristãos por Caracala (215), refugia-se o gosto pela filosofia. Conseguiu ordenação sacerdotal em Cesaréia. Ao retornar à Alexandria, um sínodo reunido por Demétrio suspenseu-lhe o sacerdócio, o magistério e condena-o ao exílio. Retorna a Cesaréia, onde organizou uma escola de filosofia e teologia.

Embora tenha sido preso e sofrido torturas, que suportou como mártir, durante as perseguições de Décio (250), morreu em Tiro em 253. Não foi mártir, "por falta de um verdugo", segundo opinião de Tixeront.

É o mais fecundo escrito da antigüidade cristã, embora a grande parte de suas obras tenha se perdido.

Orígenes não alimenta o mesmo entusiasmo pela filosofia que o seu mestre Clemente. Tal fato também se deve à sua primeira formação, que não é filosófica. O encontro com a filosofia deve-se, sobretudo, às dificuldades que  encontra na sua pregação: para combater as heresias e o paganismo busca também o auxílio da filosofia. Mas, não a considera o "terceiro testamento", como Clemente.

O seu pensamento é um dos principais veículos de incorporação de muitas idéias platônicas ao cristianismo. Segundo ele, existem dois mundos ou uma dupla série de realidades: umas visíveis e outras invisíveis e inteligíveis.

O conhecimento humano começa pelas visíveis mas, não deve nelas deter-se. Por meio dos sentidos materiais atinge a série de realidades materiais e, pelos "sentidos espirituais", as realidade divinas.

Orígenes adota a divisão tríplice platônica do homem: corpo, alma e espírito à qual correspondem três tipos ou graus de conhecimento: a fé, a gnósis e a sabedoria. A fé é o meio ou carisma divino para que os mais simples também se salvem. Aos simples basta a fé no sentido óbvio. Outros atingem a gnósis, própria daqueles que atingem o conhecimento exato de todas as coisas e, somente alguns chegam ao grau supremos de conhecimentos, a contemplação (qewria / theoría), antecipação da futura bem-aventurança.

As Sagradas Escrituras possuem três sentidos: o somático, o psíquico e o pneumático. Os mais simples só compreendem o seu sentido somático ou literal: aqueles que atingem a gnósis entendem o significado de suas alegorias; mas, poucos percebem o seu sentido verdadeiramente espiritual.

O vasto emprego que faz da interpretação alegórica das Sagradas Escrituras provocam acusações de heresia.

Em suma, não foi filósofo nem por finalidade nem por método, se propôs extrair todo quanto o pareceu útil dos sistemas filosóficos que pode chegar a conhecer - estava muito a tanto do platonismo médio e do neoplatonismo - assim ao mesmo tempo que legou ao cristianismo medieval sua poderosa e sugerida exegese alegórica, também transmitiu com ela uma boa parte das teses dessas filosofias.

Ao falar da Trindade, comenta: "sendo superior (o Filho) a tantos e tão grandes seres por sua substância, sua dignidade, seu poder, sua divindade - sendo o Logos vivente - e sua sabedoria, não obstante não pode comparar-se com o Pai". O subordacionismo de Orígenes resulta claro, ainda não foi condeando em vida do autor, senão anos mais tarde, quando o Magistério da Igreja saiu passo do subordacionismo ariano, no Concílio de Nicéia em 325.

4.  ESCOLA DE ANTIOQUIA

A Escola de Antioquia, fundada por Luciano de Samosata, foi uma reação contrária aos excessos e fantasias do método alegórico origenista .

O ponto central de tal  escola era o próprio texto Sagrado, procurando induzir seus discípulos a uma interpretação literal, o estudo histórico e gramatical do mesmo.

Luciano de Samosata fundou a escola de Antioquia nos princípios do século IV . os teólogos antioquenos rejeitavam o método alegórico, próprio dos alexandrinos, que em sua opinião desvirtuava o reto sentido dos textos bíblicos, com o risco de os converter em pura mitologia. A escola de Antioquia cultivava a interpretação literal da Escritura e inspirava-se no realismo da filosofia aristotélica. O ambiente intelectual da metrópole egípcia imprimiu os seus traços a essa escola cristã: preferência pela filosofia platônica e emprego do método alegórico na exegese bíblica, em busca do sentido espiritual mais profundo da Sagrada Escritura. Estas notas distinguiram sempre os teólogos alexandrinos.

Em suma, ao contrário da escola alexandrina a antioquena era mais à filosofia e à razão: voltava-se mais para o humano, sem negar o divino. Interpretava a Sagrada Escritura em sentido literal e tendia a salientar em Jesus os predicados humanos mais do que os atributos divinos. Era mais racional, ao passo que a de Alexandria era mais mística.

5.  CONCÍLIOS

A formulação do dogma trinitário foi a grande empresa teológica século IV, e a ortodoxia católica teve o Arianismo como adversário. O Arianismo entroncava em certas doutrinas antigas que acentuavam de modo exagerado e unilateral a unidade de Deus, a ponto de destruírem a distinção de Pessoas na Santíssima Trindade - Sabelisnismo - ou de subordinarem o Filho ao Pai, fazendo-o inferior a Este - Subordinacionismo. Um Subordinacionismo radical inspirava os ensinamentos do presbítero alexandrino Ario, o qual não só fazia o Filho inferior ao Pai, como negava inclusivamente a sua natureza divina. A unidade absoluta como a mais nobre das criaturas, Não Filho natural, mas filho adotivo de Deus ao qual de modo impróprio era lícito chamar também Deus. A doutrina ariana revelava uma clara influência da filosofia helenística com a sai noção de Deus Supremo e um conceito do Verbo muito afim do demiurgo platônico, ser intermédio entre Deus  e o mundo, e artífice, ao mesmo tempo da criação. A relação existente entre Arianismo e filosofia grega explica a sua rápida difusão e o favorável acolhimento que encontrou entre os intelectuais racionalistas impregnados de helenismo. As seqüelas afetavam o dogma da Redenção que teria carecido de eficácia se o Verbo encarnado não fosse verdadeiro Deus. A Igreja de Alexandria apercebeu-se da transcendência do problema e, após tentar dissuadir Ario do seu erro, procedeu à sua condenação num sínodo de bispos do Egito. O Arianismo tinha-se convertido já num problema de dimensão universal que exigiu a convocação do primeiro concílio ecumênico da História cristã.

Em síntese podemos dizer: o período de Constantino a Teodósio é marcado por conflitos internos  na Igreja, principalmente de caráter dogmático. O que está em jogo é o próprio fundamento da fé cristã, a doutrina acerca de Deus e, especialmente, das relações entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Desde 318 um presbítero de Alexandria, Ario, entrara em conflito com o seu bispo, Alexandre, com relação à teologia trinitária. Ario tendia  ao subordinacionismo, pois enfatiza o que é único no Pai, em prejuízo do Verbo que não considera eterno. Excomungado por um sínodo de bispos egípcios , Ario procura o apoio de outros bispos, como Eusébio de Cesaréia e Eusébio de Nicomédia, ligado à corte imperial. A discussão se estende e Constantino resolve submeter a questão a um concílio "ecumênico" que reúne em 325 na cidade de Nicéia, chega-se a fórmula: o Verbo é "Deus de Deus, luz da luz, deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai".

Infelizmente logo após a conclusão do Concílio, que excomungou dois bispos e exilou Ario, com a aprovação de Constantino, as discussões recomeçaram. Do lado oposto de Ario, com a aprovação de Constantino, as discussões recomeçaram. Do lado oposto de Ario, havia alguns bispos que pareciam cair no erro do modalismo ou sabelisnismo, oposto ao subordinacionismo de Ario. Isto acabou dando força novamente aos arianos e se formou um movimento antiniceno. O próprio Constantino influenciado especialmente por Eusébio de Nicomédia e Eusébio de Cesaréia, apóia a deposição de Marcelo de Ancira, Eustáquio de Antioqui e do próprio Atanásio de Alexandria. Entre os bispos do Oriente predomina uma tendência ariana. No Ocidente, onde Roma fica firme na fé de Nicéia, ao arianismo não penetra a não ser por breve tempo sob pressão do imperador Constâncio, que nos anos 353-356 depôs vários bispos, inclusive o de Roma, o papa Libério. As discussões continuavam no plano teológico, em busca de uma solução mais adequada de um problema extremamente difícil. Depois de 350 a posição ariana se radicaliza na posição dos anomeus que afirmam que o Verbo é diferente (anómoios) do Pai. Os arianos moderados reagem afirmando que o verbo é semelhante ao Pai; são os homeus. O imperador tenta impor uma fórmula para todo o Império, mas morre logo depois. Juliano prefere incentivar as disputas entre os diversos grupos e aumentar as divisões dos cristãos. Nesse contexto, a discussão se amplia à questão do espírito Santo. Depois de um período de tolerância sob Valentiniano, Valente tenta novamente impor o arianismo e envia ao exílio o velho Atanásio, pela Quinta vez. Mas os tempos estão mudando. Uma nova corrente, "neo-ortodoxa" surge do trabalho teológico dos Padres da Capadócia: o grande Basílio de Cesaréia, com seu irmão Gregório de Nissa e seu amigo Gregório Nazianzo. Eles preparam a fórmula que há de se impor no concílio ecumênico de Constantinopla convocado por Teodósio: uma substância, três pessoas.

Resumidamente os quatro concílios ecumênicos se deram da seguinte forma:

Em 325, o Concílio de Nicéia, convocado por Constantino. Depois do Concílio, Constantino declara o banimento de Ario e de seus adeptos. As tentativas de acabar com o conflito sobre a doutrina de Ario levam ao Concílio de Nicéia, o primeiro ecumênico. Os 300 bispos reunidos definem no "Símbolo" a igualdade substancial do Pai e do Filho. Vários bispos, após o Concílio retiram a sua aprovação.

Concílio de Constantinopla: confirma a fé de Nicéia. Amplia o que concerne ao Espírito Santo "que procede do Pai". Mais tarde , os gregos interpretam isso como "procede do pai pelo Filho; o Ocidente, como procede do Pai e do Filho, o que se tornará posteriormente o objeto da principal controvérsia  entre Igreja católica e a Igreja Ortodoxa. A preeminência do bispo de Roma com relação  a Constantinopla e aos outros patriarcas é reconhecida.

O Concílio de Éfeso, aberto por Cirilo antes da chegada dos bispos de Antioquia, condena Nestório, que morrerá no exílio em 451. Seus adeptos emigram em grande número para a Pérsia e continuam lá a existir como uma Igreja particular (siro-nestoriana ou caldeu-nestoriana). Seus empreendimentos missionários se estendem até à Índia, cristãos de São Tomé e à China. O concílio condena o pelagianismo.

O concílio de Calcedônia: condena a deposição de Dióscoro de Alexandrina, renova a condenação de Êutiques, mas também a de Nestório. Fica estabelecido que em Cristo em uma pessoa, duas naturezas subsistem "sem confusão nem mudança, sem divisão nem separação". - Leão  protesta contra o cânon 28 que reconhece a mesma dignidade aos bispos de Roma e de Constantinopla, em vão.

Em 482 para acabar com a discussão entre monofisista e os partidários de Calcedônia, o patriarca Acácio de Constantinopla publica uma fórmula de união, chamada Henotikon que evita toda menção de uma ou duas naturezas em Cristo. Por decreto imperial, de Zenão, o Isáurico, a fórmula, aprovada pelos bispos monofisitas de Alexandria e Antioquia é tornada obrigatória para todo o império.

C O N C L U S Ã O

Os séculos IV e V são a idade de ouro da Patrística. No Oriente e no Ocidente apareceu uma multidão de personalidade excepcionais, que uniam a santidade de vida a uma destacada atividade no campo das ciências e inclusivamente da cultura em geral.

Contudo, não podemos nos esquecer que o cristianismo nasceu e desenvolveu-se dentro do quadro político-cultural do Império Romano. Durante três séculos, o Império pagão perseguiu os cristãos, isto porque a sua religião representava outro universalismo e proibia os fiéis de prestarem culto religioso ao soberano. século IV Num ângulo social podemos afirmar que fora de profunda transformação religiosa, ou seja, a sociedade cristã sucedeu às comunidades cristãs do período anterior. É nesses séculos que se seguiram à conversão do mundo antigo, que se definiu com precisão a doutrina acerca das verdades fundamentais da fé cristã, com formulações de cunho dogmático.

Os quatro primeiros concílios Ecumênicos tiveram também  ligada a situação político-eclesiástica dominante da época. Calcedônia, por exemplo em vez de se compreender o trabalho complexo de harmonizar entre si as duas diferentes impostações, recebei-se o concílio como vingança pura e simples do difisismo.

Ora no presente trabalho fizemos um sobrevôo na história Patrística, em alguns Padres de maior renome e focalizamos mesmo que rapidamente a influência de alguns nos Concílios, e o quanto eram problemas também de ordem política. No entanto, todo este patrimônio teve a grande influência ora de Antioquia, ora dos Padres de Alexandria, principalmente de conceitos que se concretizarão graças os primeiros passos de muitos padres, como o de Orígenes, Tertuliano e outros que podemos observar do presente trabalho.

Em suma, de toda este processo histórico vimos que muitas das heresias provocaram o florescer e o próprio amadurecimento da fé cristã, mesmo com seqüelas um pouco dolorosos, contudo não podemos esquecer que foram inclusive estas interrogações na fé que proporcionaram um dinamismo na fé, no sentido de não só responder, mas mesmo de vivenciar, de rezar o que se crer, de Ter um Símbolo que pudesse unir as Igrejas como também apoio ao Império, sabemos que do próprio Símbolo, por causa do Filioque, surge um cisma, é lamentável, mas não desanimador. O cristão foi feito para grandes desafios de martírio, e hoje mais do que nunca ser testemunho do Cristo, é doar a vida de forma máxima e diversificada, principalmente rezando trinitariamente como é dever de um católico. Duas escolas, duas tendências, mas uma mesma é a Igreja, discutir é preciso, unir-se é muito mais mister...

 

B I B L I O G R A F I A

BARBAGLIO, Giuseppe. Nuovo Dizionario di Teologia. Torino,   Paoline, 1985.

BAGATTI, B. A Igreja da Circuncisão. Petrópolis, Vozes, 1975.

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PACOMIO, Luciano. Dizionario  Teologico   Interdisciplinare.  Torino, Maritti, 1977.

 


Os critérios para a denominação "Padre da Igreja" stricto sensu são:  antigüidade; santiade de vida; ordtodoxia; aprovação da Igreja.

Assim se expressa um historiador em seu livro A História da Igreja.

Jo 14, 26.

Jo. 15, 20; 16, 2; Mt. 10, 17-18.

Literalmente aqueles que habitam ao redor da capela de um mártir ou cella.

Bula Postquam Intelleximus.

Stromata, VI, 10, 80, 5 e 11. 89. 1.

Commentarium in Ioanem, XIII, 151-152.

Cf. QUASTEN, p. 415.

 

O termo homoousios vinha do Ocidente, mas era então desconhecido no Oriente.

Fórmula de fé.

Homoousios.