Ouro, incenso e mirra. Presentes dados ao menino pobre nascido há pouco e que repousa no cocho destinado ao alimento dos animais. O simbolismo destes presentes revela à humanidade quem é o donatário. Mais ainda, deixa claro qual o plano de Deus: fazer-se um de nós, por amor, amor puro que não temeu rebaixar-se à condição de humano, para trazer a libertação.
Presentes que, em seu significado, são o grande resumo do Evangelho e, junto com a visitação dos doadores, são a manifestação (epifania) de Deus que, de tão grande, fez-se pequenino no menino Jesus, o da manjedoura e da cruz: o que recebe é rei, é sacerdote e é profeta. E os recebe para mostrar ao mundo quem é.
Os doadores, oriundos muito provavelmente da Pérsia (atual Irã que, segundo os Estados Unidos, está fabricando uma bomba atômica), talvez fossem astrólogos ou astrônomos que, guiados pela estrela, chegaram até Belém. Boa descrição é a de Beda, o Venerável (morto no ano 735), que assim se expressa: "Melquior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz".
Mas, quem é aquele menino que recebeu presentes tão nobres? Sem dúvida, aquele de quem se diz: "Os reis de toda a terra hão de adorá-Lo" (Sl 71, 11). Quem é aquele menino que atraiu para si a atenção de sábios do Oriente? Sem dúvida alguma, Deus.
Mas, nem tudo é festa. Partem os sábios por outro caminho, evitando a fúria de Herodes que, na ânsia por preservar o seu poder, quer matar aquele menino. A pequenez ameaçando a grandeza, a pobreza desmascarando a riqueza, a graça incriada questionando o pecado, a vida contra a morte.
Dia 06 de janeiro, "festa de Reis", ou "solenidade da Epifania do Senhor". Acompanhemos os sábios do Oriente e adoremos ao grande Rei que, sob a desconcertante forma humana, insiste em fazer morada em nosso coração.
Ainda é Natal.
