Hoje não pretendo entrar no comentário que se faz aos movimentos havidos, no mundo civil, no quadro de atribuições masculinas e femininas. Posso dizer que mudou muito. Para fechar essas considerações iniciais, basta saber - o que parecia impossível - que as mulheres entraram até nas lutas de box. O que me chama a atenção hoje, é a presença feminina na Igreja. O público freqüentador de nossos templos sempre foi prevalentemente feminino. Sempre houve mais mulheres do que homens nas filas de confissão, nas adorações ao Santíssimo, nas crismas, nas procissões. Provavelmente isso nasce de um sentimento de gratidão para com Cristo. As mulheres tem uma clara intuição de que Jesus foi um verdadeiro libertador delas, garantindo sua igual dignidade diante do mundo masculino. Mas uma conversa que eu gostaria de questionar é aquela cediça afirmação de que na Igreja Católica é preciso abrir muito mais espaço para as mulheres. Ora, descontando a ordenação sacerdotal, reservada aos varões, todos os outros espaços estão escancarados para o mundo feminino. E mesmo, se as nossas irmãs e mães não são sacerdotisas, são elas que fazem as Paróquias funcionar.

Certa ocasião, numa concentração do Apostolado da Oração - aliás um domínio feminino - perguntei quantas delas eram Catequistas. Uma multidão levantou a mão. Perguntei quem era Ministra da Comunhão. Mais gente ainda se manifestou. Mas em seguida me surpreendi. Perguntei quem fazia parte dos Conselhos Administrativos - sempre um feudo masculino - inúmeras mulheres se apresentaram. O que isso mostra? Que os varões, em muitos lugares, estão "batendo em retirada". No início da instituição dos Ministros da Comunhão, pelo menos 95% deles eram homens. Hoje isso se inverteu. Os homens se tornaram exceção. Não podemos deixar que isso continue acontecendo. Nós precisamos, na Igreja, de muitas mulheres que assumam responsabilidades. "Homem e mulher são um só em Jesus Cristo" (Gal 3, 28). Mas precisamos, do mesmo jeito, da firme presença masculina. Cada um tem seu jeito típico. Não é admissível que os homens fiquem de fora nas tarefas pastorais. Onde eles estão ausentes, é sinal de que o cristianismo ainda "não pegou".

Dom Aloísio Roque Oppermann scj - Arcebispo de Uberaba, MG.
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