O caminho para Deus está ultimamente um tanto quanto impérvio. Não que desconheçamos as veredas que nos conduzem ao Altíssimo: é a via estreita, citada por Jesus, porque fácil e ancha é a porta através da qual adentramos a perdição (Mt7, 13-14).

Buscamos o absoluto, o definitivo, em meio às vicissitudes contingentes e relativas. Pode decerto ser muito perigoso palmilhar o caminho sozinho. É o risco de se perder nas ideias e ideologias que nos afastam das coisas reais. Não há dúvida que a sequela Christi jamais nos aliena. Muito pelo contrário, seguir os passos de Jesus é se aperfeiçoar como ser humano, na acepção mais radical de passar da condição de perfectível para perfeito. Esse processo só estará concluso no escaton, postumamente, quando virmos Deus e nos contemplarmos como realmente somos, sem máscaras.

É claro que a virtude teologal da caridade é um modo assaz  eminente de se chegar a Deus. Outrossim, a fé e a esperança são robustecidas pelos sacramentos instituídos por Jesus Cristo e pela nossa oração. Ninguém poderia jamais pensar em se aproximar da casa do Pai sem a eucaristia: a via sacramentum!

O povo veterotestamentário se guiava sobremaneira pelas admoestações e imprecações dos profetas. Hodiernamente, talvez fosse convinhável o ajutório de um mestre. Há-os tantos: são Francisco de Assis, santo Inácio de Loyola, santa Teresinha do Menino Jesus, santa Teresa D'Àvilla, são João da Cruz, apenas para mencionar uns bem conhecidos dos católicos. Trata-se de pessoas que já morreram, mas que, vivíssimas,  intercedem por nós outros no céu. Demais, a doutrina e os exemplos desses santos são de uma atualidade impressionante, um exímio mapa para o percurso em direção ao paraíso. Sem embargo, podemos, igualmente, recorrer aos mestres vivos. Em primeiro lugar, nossos pastores, os bispos, que são sucessores dos apóstolos. Quem ouve os conselhos do santo padre, sucessor de são Pedro, ouve deveras a própria voz altissonante de Cristo! Um diretor espiritual, de preferência um sacerdote, vai, sem dúvida, nos assistir imensamente na superação desses enormes escombros que se nos antolham na caminhada.

Estou convicto de que o ajudante mais solerte e perspicaz no caminho para Deus encontraremos em santa Maria, a mãe de Jesus. Com efeito, nossa Senhora, exemplo de discípulo, com certeza estará do nosso lado, se lhe rogarmos a intercessão e o patrocínio de nossa causa. Ela nos encaminhará diretamente ao filho dela, a Deus amantíssimo (Jo 2,5).

 

 

Edson Luiz Sampel

Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano.