O Dízimo deve manter mensalmente a paróquia nas três dimensões: RELIGIOSA, SOCIAL E MISSIONÁRIA.

Um Dízimo que mantenha apenas uma ou duas dimensões é incompleto. Para ser expressão forte de comunidade, ele deve atingir as três dimensões.

 

DIMENSÃO RELIGIOSA

No templo nos reunimos para celebrar nossa fé, para nos aprofundarmos na fé. Tudo que é colocado à nossa disposição no templo faz parte da dimensão religiosa, por exemplo:

Para nosso conforto, o templo tem de estar limpo: para isso são necessários funcionários, produtos de limpeza etc. E importante um bom sistema de som, iluminação adequada, ventiladores, sistema de segurança, alarmes etc.

Para melhor participarmos da missa, são colocados à nossa disposição folhetos litúrgicos, livretos de cantos. São necessários: vinho, partículas, flores, velas etc.

Precisamos do padre. O padre dedica sua vida servindo à comunidade, é dever da comunidade mantê-lo. Deve ser remunerado. Tenho encontrado algumas paróquias em que os padres não recebem salário. Isso não é justo. Quem trabalha tem direito ao salário. O padre, na maioria das vezes se dedica integralmente à comunidade. Recebendo seu salário, ele também, corno cada um de nós, vai poder fazer a experiência do dízimo. Atualmente, uma grande parte dos padres e bispos são dizimistas, seus testemunhos são marcantes na vida da comunidade e decisivos no bom andamento da pastoral do dízimo.

A paróquia tem de pagar a conta de água, luz, telefone etc. É necessário um material de qualidade na catequese: livros, revistas, fitas, CDs, duplicadora, televisão, videocassete, retroprojetor. Faz parte também da Dimensão Religiosa a manutenção: da casa paroquial, do carro e da secretaria da paróquia.

DIMENSÃO SOCIAL

Parte do Dízimo deve ser destinado às obras sociais da paróquia. Deve ser preocupação constante acolher Jesus na figura do órfão, da viúva, do migrante, do desempregado, dos marginalizados. (cf. Mt 25,31ss)

Muitas paróquias, através do Dízimo, conseguiram organizar belos trabalhos sociais. Existem paróquias que colocam à disposição dos carentes, atendimento médico e odontológico, creche, psicólogos, assistentes sociais, e uma infinidade de cursos de formação, que levam aos carentes desde regras básicas de higiene e educação até cursos de capacitação profissional.

A Dimensão Social deve ser libertadora e não paternalista. Levar as pessoas à real promoção humana, isto é, não só socorrer o pobre nos momentos difíceis, mas capacitá-lo através de um trabalho integral de promoção humana para que possa viver com dignidade, tornando-o independente.

A Dimensão Social deve ainda ir além, questionando e convocando a comunidade para a transformação da sociedade. O sistema político e econômico em que vivemos é pecaminoso, tornando-nos cada vez mais indiferentes e comodistas. A Dimensão Social deve ser antes de tudo um grito de libertação: apontar os erros e a partir do Evangelho propor as mudanças necessárias para
a transformação da sociedade, para que de fato possamos viver como irmãos e irmãs.

 

DIMENSÃO MISSIONÁRIA

O Dízimo deve também prover a Dimensão Missionária. Em Mateus 28,19-20, Jesus ordena: "Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo".

Diz o Concílio Vaticano II que a Igreja inteira é missionária, e a tarefa de evangelizar é de todo o povo de Deus. Isto quer dizer que nenhum batizado pode ficar de fora. Evangelizar é nosso grande dever, cada um de acordo com seus dons.

Não podemos de maneira alguma entender como Igreja apenas nossa comunidade. Devemos entender a Igreja como um todo, como Universal, por isso uma parte do Dízimo arrecadado na comunidade vai para a diocese, possibilitando assim a organização e o fortalecimento da pastoral diocesana e criando ainda comunhão universal, através de projetos de solidariedade com outras dioceses e com toda a Igreja.

Através do Dízimo estou ajudando também os seminários, isto é, colaborando com a formação de sacerdotes. A carência de padres é uma realidade em nosso país. Algumas vezes, em missão, encontrei comunidades em que a visita do padre acontecia apenas uma vez por ano. A formação de um seminarista é muito onerosa para as dioceses.

Temos de pensar também, na preparação dos leigos. A maioria das paróquias pouco oferece com relação à formação dos leigos. Os motivos quase sempre são os mesmos: falta de recursos. Existem excelentes cursos de formação pelo Brasil afora, e a maioria dos leigos não tem acesso. O Dízimo pode reverter esta realidade. Nossa meta deve ser leigos bem preparados, contribuindo para a transformação da sociedade.

É nosso dever, ainda, ajudar outras comunidades missionárias. Quantas comunidades, próximas de nós ou não, passam necessidades. Uma pergunta surge em todo o Brasil: Se todos derem o Dízimo, não vai sobrar dinheiro? Se um dia sobrar dinheiro na sua comunidade, por que não ajudar uma comunidade carente? Muitas paróquias no Brasil receberam e ainda hoje recebem ajuda financeira de diversas entidades católicas de outros países, para construir o templo, o centro pastoral, a casa paroquial e ainda para a aquisição de automóvel. Acredito que hoje muitas paróquias brasileiras têm condições de ajudar comunidades mais pobres. O Dízimo deve despertar não só no dizimista mas também na paróquia e na diocese o espírito da partilha.

 

Paz e Benção

Diácono Claudino