LIVRO BÍBLICO

"ATOS DOS APÓSTOLOS"

Estimulando-nos a todos à leitura da Sagrada Bíblia, neste mês de Setembro, a ela especialmente dedicado, convida-nos o Mês bem como desde o início deste ano a lermos e meditamos os Atos dos Apóstolos.
Na literatura grega de então havia surgindo "Atos" de Aníbal, "Atos" de Alexandre, memorando-lhes feitos ilustres. Pois, o Evangelista São Lucas, helenista, belamente noticiou os primórdios da Igreja e incentivos ofereceu aos cristãos, com seus escritos além de seu Evangelho. Lá por cerca do ano 80 Lucas compôs os "Atos dos Apóstolos", os passos e atividades dos Apóstolos na Igreja nascente. No ano 175 reconheciam as Igrejas ter sido Lucas, homem dotado de letras e de ciência médica, o verdadeiro autor de tão importante livro.
Nascido em Antioquia, de origem pagã, é ele apresentado por São Paulo como ‘médico caríssimo", que ao lado deste, estivera durante os cativeiros em Roma, e a ele acompanhara na segunda e terceira viagens missionária. Lucas, além da sua experiência pessoal, fez inquéritos entre coetanos e serviu-se de variada e rica documentação, para escrever este seu segundo livro.
Afirmar e a reafirmar a fé dos seus ouvintes e leitores, assinala, vigoroso, a morte, a ressurreição de Cristo e sua ascensão à glória do Pai. relata as recomendações de Jesus aos Apóstolos para permanecerem em Jerusalém, á espera do prometido Espírito Santo Consolador, que, dentro de dez dias lhes viria pleníssimo de conforto e animação. Descreve a cena de Pentecostes, isto é, a descida do Espírito Santo, cinqüenta dias após a Ressurreição do senhor, sobre os Apóstolos reunidos numa casa, com Maria e as Santas Mulheres. Mostra que já não teme Pedro de, claro e bem alto, dizer às multidões a se converterem e a batizarem-se, para remissão dos pecados, e a receberem "o dom do Espírito Santo".
Ei-la, a Igreja de Cristo florindo como num jardim viçoso de olores perfumantes: os primeiros cristãos, "assíduos aos ensinamentos dos Apóstolos à comunhão fraterna" relativa aos bens à fração do pão (o rito eucarístico) e às orações em comum, das pelos Apóstolos 2,42. "Todos os fiéis, unidos, tinham tudo em comum; vendiam as suas propriedades e os seus bens e, dividiam o preço entre todos, segundo a necessidade de cada um... Louvavam a Deus e eram favoravelmente aceitos pelo povo".
Eis Pedro e João rumando o Templo para a oração das três horas. Alí, um aleijado sem possibilidade de caminhar, "em nome de Jesus Cristo Nazareno" Pedro o faz andar. Junto ao "pórtico de Salomão, dirige Pedro a palavra ao povo, dizendo haverem eles entregando Jesus, Servo de Deus, a Pilatos, que já estava decidido de soltá-lo.. renegastes o Santo e o Justo, fazendo "morrer o Autor da vida" (3,14)... "Entretanto, meus irmãos, sei que agistes por ignorância, assim como vossos chefes... Arrependei-vos, pois e convertei-vos..." Pedro e João anunciavam a ressurreição dos mortos. Dos ouvintes, alguns os repudiaram, porém muitos abraçaram a fé.
Levados a julgamento "aos judeus, anciãos e escribas", começaram os interrogatórios. E "Pedro, repleto do Espírito Santo... respondeu: é pelo nome de Jesus Cristo Nazareno, Aquele que vós crucificastes, e que Deus ressuscitou entre os mortos, é por Seu Nome e por nenhum outro que este homem está curado"... "Enquanto oravam, tremeu o lugar onde se achavam reunidos; todos ficaram repletos do Espírito Santo, e puseram-se a anunciar a palavra de Deus com firmeza" (4,31).
"A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma" (4,32). Diante de espetaculares prodígios, um certo Ananias mentiu e caiu morto, e mentindo, depois, sua esposa,, safira, também esta caíra morta. E as conversões para Cristo cresciam sempre mais "Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo..., Aderiam ao Senhor fiéis em número cada vez maior, uma multidão de homens e mulheres... a ponto de serem os doentes transportados para as praças e depostos lá em leitos e catres, a fim de que, ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles... e todos eram curados" (cf. 5, 12-16).
Tomados de inveja, levam os inimigos ao cárcere, mas de noite, o anjo os libertou (cf. 5, 17-21).
Depois, o Sumo Sacerdote interpelou-os: "fostes expressamente proibidos de ensinardes neste nome de Jesus de Nazaré... Pedro respondeu, com os apóstolos: É preciso obedecer antes a Deus que aos homens.
O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus que vós matastes suspendendo-o no madeiro... Deus O exaltou... Disto somos testemunhas, nós e o Espírito Santo que Deus concedeu aqueles que lhe obedecem. A estas palavras eles enfureceram-se e resolveram matá-los" (cf. 5, 27-33).
Intervém nesse impasse o fariseu Gamaliel, reto doutor da Lei, respeitado por todo o povo... "Eu vos digo, não vos ocupeis destes homens deixai-os. Pois, se o seu intento ou a sua obra provém de homens, destruir-se-á por si mesma; mas, se, ao invés, verdadeiramente vem de Deus, não conseguireis arruiná-la. Não vos exponhais ao risco de combater contra Deus". eles não aceitaram o seu parecer. "chamaram, de novo, os apóstolos e mandaram batê-los com varas e, depois de intimá-los a não falar no nome de Jesus, soltaram-nos;.. muito alegres ficaram eles de terem sido julgados dignos de sofrer ultrajes pelo Nome (Nome acima de todo o Nome, o Senhor, até então reservado a Deus). e cada dia, no templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a boa nova de Cristo Jesus. (Cf. 5, 34-42). A boa, nova do reino, pregada pelos discípulos, é a Palavra, que eles evangelizam.
Os gregos não estavam tolerando que os Doze Apóstolos entre eles, Matias, eleito para substituir a Judas Iscariotes enforcado ficassem a perder tempo com assistências materiais aos precisados, devendo, antes, cuidar da "Palavra" São, por isso, eleitos sete homens de boa reputação sobre os quais os apóstolos impuseram as mãos. "E a palavra do Senhor crescia. O número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém, e uma multidão de sacerdotes obedecia à fé (cf. 6, 1-7)
Lucas consagra ao diácono Estêvão, que realizava maravilhas no falar e na virtude, comovida página, citando seus discursos. "repleto do espírito Santo (Estêvão), olhando para o Céu, viu a glória de Deus... "Eu vejo os céus abertos e o Filho do Homem de pé (de pé, talvez na qualidade de testemunha deste mártir) à direita de Deus". Dando grandes gritos eles tamparam os ouvidos e, todos precipitaram-se contra ele, empurram-no para fora da cidade e puseram-se a apedrejá-lo - Ele dobrou os joelhos e clamou em alta voz: "Senhor, não lhes imputes este pecado". E ao dizer isto, adormeceu.
"Saulo (o futuro São Paulo) aprovava este homicídio Naquele dia, desencadeou-se violeta perseguição contra a Igreja de Jerusalém".
"Todos, exceto os apóstolos, dispersaram-se pelas regiões da Judéia e da Samaria" Todos: é uma simplificação literária. A perseguição parece visar diretamente aos helenistas (cf. 6, 1.5; é o grupo deles que, dispersado pela perseguição, dá à Igreja os primeiros missionários v 4; 11, 19-20).
A segunda etapa da expansão da Igreja (cf. 1,8); a terceira começará com a fundação da Igreja de Antioquia (11, 20). "Entretanto, alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grandes lamentações por causa dele. Saulo, porém, devastava a Igreja, penetrando nas casas, arrancava homens e mulheres e metia-os na prisão" (8, 1-3).
Oferece Lucas em seu Atos dos Apóstolos preciosíssimas informações sobre a Igreja nascente: as comunidades que, se vão expandindo, a vida de oração, a partilha dos bens em, Jerusalém; a administração do batismo, da Confirmação, ofício Eucarístico; uns esboços de organização eclesiástica nos profetas, nos "doutores" e nos "presbíteros" que presidem à Igreja de Jerusalém.
"Este livro, único em seu gênero, no Novo Testamento, representa um tesouro cuja ausência teria empobrecido notavelmente nosso conhecimento das origens cristãs".
(A Igreja primitiva). A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma 4, 32
Com muito vigor, os apóstolos davam testemunho da Ressurreição de Jesus. E todos eles o tinham em grande aceitação (4,33).
Pelas mãos dos apóstolos faziam-se numerosos sinais e prodígios no meio do povo. (5, 12) aderiam ao senhor fiéis em número cada vez maior, uma multidão de homens e mulheres (5, 14).
Tomados de inveja, mandaram prender os apóstolos e lançaram-nos na cadeia pública.