Alguns, por não confiarem suficiente­mente na sua paróquia, nem no padre nem no bispo; outros, por não terem o hábito de dar dinheiro para ninguém, e menos ainda para a sua Igreja; outros ainda, por nunca terem sentido essa obri­gação de cooperar com a sua comunidade de fé, o fato é que a maioria dos católicos não paga, nem dá para a sua Igreja, a sua décima parte. Aliás, não dá nem a cen­tésima! Para o clube, sim; para a escola, sim; para aquele hospital onde ela teve o bebê, sim! Para a paróquia, não! Para a emissora de rádio, de televisão, para o asi­lo ou para a manutenção de alguma obra paroquial, não! Devem achar que não são importantes, ou que não precisam. Por is­so, muitas escolas, asilos, creches, orfana­tos, revistas e emissoras fecharam. Os ca­tólicos não deram nada ou não quiseram comprar nem assinar.

A falta dessa tradição e dessa exigência da nossa Igreja torna difícil arrecadar di­nheiro dos católicos. O dízimo nunca foi ensinado como um ato de gratidão e de ge­nerosidade. Não damos regularmente a nossa contribuição e, se a damos, 10% é que não é. Digo "damos" porque se espera que o padre também pague o seu dízimo. Não há por que isentá-Io, nem do dízimo, nem da coleta no ofertório. O fato é que nos vemos sem dinheiro para nossas obras; alguns grupos tendo que pedir sete dias por semana para manter emissoras de rádio e televisão no ar e obras sociais importantes.

Dez por cento de 3 a 8 mil famílias dariam, e de sobra, para manter tudo. Faça as con­tas e imagine 8 mil famílias dando um mí­nimo de 50 reais. Uma paróquia sozinha manteria creche, asilo, emissoras e outras obras recomendadas pelas encíclicas sociais como elemento essencial da fé católica e, seria possível auxiliar regiões mais pobres.

A arrecadação, como está, mostra a nossa desorganização. Se existe uma Igreja que não precisaria pedir dinheiro nos sermões ou nos programas de rádio e de televisão se­ria a nossa. Não dizemos que somos mais de 100 milhões de fiéis? E onde está a genero­sidade dessa gente? Haveria dinheiro para furar milhares de poços artesianos no Nor­deste e sustentar milhares de projetos de irrigação. Uma paróquia de 5 mil famílias no sul da Itália manteve por cinco anos um projeto de irrigação no Benin, com apenas uma parte do dízimo. E ainda pagou o esti­pêndio de três técnicos que foram lá assesso­rar o projeto. Eram católicos agradecidos por terem o que tinham.

Há um dinheiro chamado imposto que esfola, arranca a pele do povo, dói e não vale a pena, porque, em alguns casos, não se vê o resultado dele. Depende da cidade e do partido que a governa. Há outro di­nheiro que não dói, porque para milhões de pessoas não é demais dar 10%. Se dói demais dar 5 de 50 e 50 de 500, é porque talvez não entendemos quem é o dono de nossos bens. O dízimo educa. Feliz a paró­quia que o administra com seriedade.

Padre Zezinho