OS CRISTÃOS CELEBRAM:

A IGREJA E OS SACRAMENTOS

1. Viver no Cristo: os sacramentos.

"Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos" (Mt 28,20): foi que prometeu o Ressuscitado aos seus discípulos. No dia de Pentecostes, eles apercebem-se do modo como Jesus cumpre a sua promessa: derrama sobre eles o Seu Espírito que os configura ao Cristo, isto é, torna-os participantes da sua vida e permite-lhes dizer a Deus, como ele: "Abba! Pai!" (Gl 4,6). Entusiasmados, descem à rua e proclamam: que saibam todos! Jesus de Nazaré, que foi suspenso numa cruz e morreu, é o Senhor e Messias. Ressuscitou! Deus exaltou-o e deu-lhe o lugar de honra à Sua direita. E voltará na Sua glória. Acreditai nele e tende confiança no Evangelho que nós anunciamos. Entre os ouvintes, muitos ficam impressionados e batizam-se (At 2).

Em toda a parte por onde o Evangelho é proclamado como Boa Nova, constituem-se comunidades. Um novo povo de Deus: a Igreja de Jesus Cristo. Está unida ao seu Senhor como os membros ao corpo, como o cacho à videira. Ele age através dela e nela. Os gestos da Igreja são o prolongamento dos gestos salvíficos de Cristo: são os sacramentos.

Graças a presença do Senhor no meio e em favor dos homens, e através do culto celebrado entre eles, a Igreja está destinada a testemunhar que Deus é benevolente para com todos, que os ama e quer oferecer-lhes a salvação. A própria Igreja é sinal de amor e da proximidade do Deus escondido; ela comunica realmente esse amor salvífico. Por isso diz-se que ela é "sacramento", sobre o qual se fundam todos os sacramentos que ela oferece aos que acolhem a fé.

"A Igreja é, em Cristo, como que sacramento, isto é, sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano".

Concílio Vaticano II, Lúmen Gentium, 1

 

Sete Sacramentos.

 

"Os sacramentos da Nova Lei foram instituídos por Cristo e são sete, a saber: o Batismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos enfermos, a Ordem e o Matrimônio. Os sete sacramentos atingem todas as etapas e todos os momentos importantes da vida do cristão: dão à vida de fé do cristão origem e crescimento, cura e missão. Nisto existe certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida espiritual".

 

Administrar os sacramentos não é unicamente "falar" da pertença a Deus e da redenção. Os sacramentos são sinais simbólicos destas realidades e os seus instrumentos efetivos: transmitem verdadeiramente essa pertença a Deus e essa redenção.

"De sua plenitude todos nós recebemos, graça por graça".

Evangelho segundo São João 1,16

 

Os sacramentos da Igreja integram e purificam toda a riqueza dos sinais e dos símbolos do universo e da vida social. Além disso, realizam a salvação operada por Cristo e prefiguram e antecipam a glória do céu (cf. CIC 1152).

 

Sacramentos: sinais da salvação que Jesus institui na sua Igreja; garantias da sua existência na e com a Igreja. O Batismo o fundamenta a nossa pertença à Igreja de Jesus Cristo no começo da vida cristã. Pela Confirmação, os batizados são confortados e santificados pelo dom do Espírito. A Eucaristia concede aos fiéis a participação na vida do seu Senhor e faz deles uma comunidade. O doente recebe da Unção,  esperança e consolação. No sacramento da Ordem, confere-se aos diáconos, sacerdotes e bispos, um serviço particular na Igreja. No sacramento do Matrimônio, os esposos prometem-se mutuamente amor e fidelidade; a comunidade que eles formam é imagem da comunhão dos fiéis instituída por Deus. Os sacramentos são os sinais visíveis da realidade invisível da salvação que eles significam. Porque são dom de Deus, realizam o que significam: por eles, recebemos o dom da graça, quer dizer, a própria vida de Deus.

Sacramentais: "A santa mãe Igreja instituiu os sacramentais. São sinais sagrados pelos quais, à imitação dos sacramentos, são significados efeitos principalmente espirituais, que se obtêm pela oração da Igreja. Pelos sacramentais, os homens se dispõem para receber o efeito principal dos sacramentos e são santificadas as diversas circunstâncias da sua vida" (Concílio Vaticano II, Sacrosanctum Concilium, 60). A Igreja instituiu os sacramentais para santificar certos ministérios, certas circunstâncias da vida cristã, assim como o uso de certos objetos. Para isso pronuncia-se uma oração, frequentemente acompanhada de um sinal particular (por exemplo: a imposição das mãos, o sinal da cruz, a aspersão de água benta). Fala-se de "consagração" para uma pessoa (por exemplo a abadessa de um mosteiro) ou, em se tratando de um objeto (altar, igreja, sino) ele é destinado exclusivamente ao uso litúrgico. Fala-se de "bênção" quando homens (crianças, viajantes, peregrinos) ou coisas (casas, alimentos, automóvel, animais) são confiados à proteção de Deus.

 

O Batismo

A pregação de Pentecostes por São Pedro, em Jerusalém, vai direto ao coração de muitos ouvintes. Eles perguntam a ele, e aos outros apóstolos: "Que devemos fazer?". Conforme ao mandado do senhor (MT 29,19), São Pedro responde: "Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo" (At 2,37-38).

João Batista tinha pregado um Batismo de água e de arrependimento, a fim de preparar a vinda do Messias, e Jesus quis receber este Batismo de João no rio Jordão como "o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo" (Jô 1,29). "Batizar" vem de uma palavra grega que significa "mergulhar". Mergulhado (batizado) na morte para a salvação do mundo (cf. CIC 1225). Jesus deu-nos o Batismo no Espírito, a fim de que os homens possam renascer da água e do Espírito para entrar no Reino de Deus (Jô 3,5).

A nova comunidade de Deus, a Igreja, não cresce apenas entre os judeus. Nos Atos dos Apóstolos (8,26-40), São Lucas narra a história de Filipe, um dos sete diáconos. Inspirado por Deus, vai pela estrada que conduz a Gaza. Encontra aí um homem importante, vindo da Etiópia, que regressa para casa depois de ter ido rezar no templo de Jerusalém, e que, sentado no seu carro, lê a profecia de Isaías (Is 53,7-8). Filipe ouve o que este estrangeiro está lendo e pergunta: "Tu compreendes o que está lendo?" - "Como poderia, se não há alguém que me oriente?" Filipe explica, então, como a palavra do profeta se realiza em Jesus Cristo: Ele veio para reconciliar os homens com Deus. Foi rejeitado e aceitou o sofrimento; não se defendeu contra a morte na cruz. Foi morto como um cordeiro levado ao sacrifício. Mas Deus ressuscitou-o. Está vivo e nós somos suas testemunhas. Ele é o Salvador e Redentor. Aquele que acredita que Jesus é o Messias, o Senhor e se faz batizar, torna-se um homem novo, um cristão. Pelo caminho, encontram uma nascente de água. O etíope diz: "Aqui temos água! Que impede que eu seja batizado?" Ambos vão até a água e Filipe o batiza: "Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Foi este o primeiro cristão da África.

- O Batismo é o sacramento comum a todos os cristãos. A Igreja administra-o segundo a missão que o senhor lhe confiou: "Ide... fazei discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28,19). Os ministros ordinários do Batismo são o bispo, o sacerdote ou o diácono. Em caso de necessidade grave, qualquer pessoa - mesmo não sendo batizada - pode administra-la, desde que queira fazer o que faz a Igreja (cf. CIC 1256).

- O Batismo vale uma vez por todas. Não se pode revogá-lo nem reitera-lo. Porque imprime no cristão um selo espiritual definitivo da sua pertença a Cristo. A este selo indelével, dá-se o nome de "caráter batismal", que nenhum pecado pode apagar, mesmo que o pecado impeça o Batismo de produzir seus frutos de salvação (cf. CIC 1272).

- O Batismo institui uma relação pessoal com cada uma das Pessoas da Santíssima Trindade: o Espírito Santo derrama em nós a graça santificante que nos torna "participantes da natureza divina" (2Pd 1,4). Isso significa que somos filhos adotivos de Deus em Jesus Cristo, que é Filho único do Pai. A graça santificante encerra as virtudes teologais de fé, esperança e caridade, em virtude das quais podemos conhecer Deus como Ele se conhece, amá-lo como Ele se ama, e esperar viver para sempre em comunhão com Ele, conforme o seu desejo. A graça comporta também os dons do Espírito Santo, que pode levar-nos a viver e a agir sob a moção (CIC 1266). O Batismo faz-nos também participantes do sacerdócio de Cristo, da sua missão de sacerdote, profeta e rei, isto é, permite-nos oferecer-nos com ele ao Pai, testemunhar o Evangelho e consagrar o mundo a Deus: é o sacerdócio comum dos fiéis.

- O Batismo apaga o pecado original, opera o perdão dos pecados, torna-nos filhos de Deus, irmãos e irmãs de Jesus Cristo, membros da Igreja. Somos irmãos e irmãs uns dos outros e podemos dizer de verdade: "Pai nosso que estais no céu".

- O Batismo é um começo, primícia de Deus que é preciso fazer frutificar ao longo de toda a vida. Se somos fiéis a Cristo na fé, na esperança e na caridade, então, a graça recebida no batismo atua em nós e cresce. O Batismo encontra, portanto, a sua plena realização na santidade a que todos somos chamados e que se realiza progressivamente graças ao crescimento da vida de Deus em nós.

"No Batismo, fostes sepultados com ele, com ele também fostes ressuscitados, porque crestes na força de Deus,
que ressuscitou de entre os mortos".

Carta aos Colossenses 2,12

A Igreja chama ao Batismo tanto as crianças como os adultos. As pessoas que se batizam pela Igreja em idade adulta passam por uma fase de aprendizagem da fé: o catecumenato que as conduz, por etapas, ao Batismo e as incorpora na Igreja.

Desde o princípio, a Igreja também batizou as crianças, porque é necessário "não impedir as crianças de virem a Cristo, pelo dom do santo Batismo" (CIC 1261). Quando os pais, os padrinhos e madrinhas trazem uma criança às fontes batismais, porque querem transmitir-lhe não apenas a vida, mas também a fé da Igreja, prometem educa-la cristamente e catequizá-la.

O Batismo pode ser dado em todos os tempos, mas está particularmente ligado à Vigília Pascal, durante a qual se celebra a Ressurreição delia Pascal, durante a qual se celebra a Ressurreiçestsanto Batismo"se de aprendizagem da f: ar eus e essa redenç