13º D do T C - 2Rs  4, 8-11.14-16; Rm 6, 3-4.8-11; Mt 10, 37-42

 

Quem não toma a sua cruz não é digno de mim.

"Aquele que não toma sua cruz e não me segue não é digno de mim. Aquele que acha a sua vida, a perderá, mas quem perde sua vida por causa de mim, a achará" (Mt 10, 38-39).

Palavras exigentes e promissoras ao mesmo tempo.

As palavras de Jesus sobre a exigência que o discípulo deve observar em abraçar a cruz talvez possam ressoar excessivamente desafiadoras, especialmente ao constatarmos, de um lado a evidente desproporção que existe entre a fragilidade humana e nosso desejo natural da vida, e a aparente proposta de abraçar o sofrimento e a morte, de outro lado.

O apóstolo Paulo nos orienta na verdadeira direção: "Portanto pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivemos a vida nova" (Rm 6, 4).

Seguir Jesus significa inevitavelmente entrar em contraste com os critérios do mundo, da auto-referência e auto-afirmação e do poder, em todas as suas formas.

Ao longo de todo o cap. 10 do evangelho de Mateus, Jesus destaca a exigência do desapego radical de qualquer poder humano (dinheiro, propriedades, instrumentos de trabalho), para que o discípulo possa confiar unicamente na força que vem de Deus e gozar da liberdade que vem do seu Espírito.

É neste contexto que Jesus anuncia também a exigência de o discípulo abraçar, a exemplo do Mestre, a sua própria cruz.

Abraçar a cruz junto com Jesus significa para o discípulo orientar totalmente sua própria vida para o Pai e confiar no poder que vem da sua graça. Por ela o discípulo, assim como Jesus, tem poder de anunciar e inaugurar o reino de Deus desde já, dentro das ambigüidades da história humana.

A experiência do reino de Deus é a transformação dos corações pelo perdão e a graça divina, e uma maneira de viver e até de organizar a sociedade humana diferente, em harmonia com o projeto de Deus. Ele  quer que todo homem e mulher tenham vida, e vida plena, em Cristo.

O Evangelho é uma catequese sobre o discipulado, com vários passos. Num primeiro passo, define o caminho do discípulo: o discípulo tem de ser capaz de fazer de Jesus a sua opção fundamental e seguir o seu mestre no caminho do amor e da entrega da vida. Num segundo passo, sugere que toda a comunidade é chamada a dar testemunho da Boa Nova de Jesus. No terceiro passo, promete uma recompensa àqueles que acolherem, com generosidade e amor, os missionários do "Reino".

A vida cristã só se aprofunda e se desenvolve na comunhão fraterna. Jesus nos disse "um é seu mestre e todos vocês são irmãos" (Mt 23,8).

"A própria vocação, a própria liberdade e a própria originalidade são dons de Deus para a plenitude e a serviço do mundo." (DAp111).

A história procura ensinar que colaborar com Deus na realização do plano de salvação/libertação que ele tem para os homens é uma fonte de vida e de bênção. Deus não deixa de recompensar todos aqueles que com ele colaboram.