A Bíblia é uma Biblioteca

(Fonte: in Renovação Cristã, setembro 1973, ano 40, Petrópolis, Vozes, p. 13)

Quando adquirimos uma Bíblia, numa livraria estamos adquirimos um espesso volume de muitas páginas. A Bíblia, no entanto, não é um só livro. Ela é uma verdadeira biblioteca. Ela representa uma coleção de numerosas obras: 46 para o Antigo Testamento e 27 para o Novo. Muitos desses "livros" são muito curtos. Uns chegam mesmo a ter somente uma ou duas páginas como e o caso da Epístola de São Paulo a Filêmon. Esses livros foram escritos em épocas muito diferentes e  por autores os mais diversos. Uns foram redigidos em hebraico, outros em aramaico e outros ainda em grego. Assim como numa biblioteca encontramos obras de história, contos e de outros conteúdos, da mesma forma na Bíblia há uma imensa variedade: coleção de leis, história, oráculos dos profetas, poemas religiosos, romances, cânticos de amor etc. por que foram esses escritos tão diversos recolhidos num só volume? Porque em cada um deles nos encontramos com a Palavra de Deus. É necessário a diversidade dos livros, a originalidade de cada um. Sob formas muito distintas é a mesma Sabedoria. Divina que está em ação. Todos os escritos variados do Antigo Testamento preparam a vinda do Verbo, da Palavra de Deus entre nós, em Cristo Jesus. Esta biblioteca que é a Bíblia foi sendo enriquecida de novas obras ao longo dos séculos. Só ficou realmente completa com os escritos do Novo Testamento. Pascal dizia que Jesus Cristo é aquele para quem olham os dois testamentos. É somente em Cristo que a Bíblia ganha sua unidade. Dizemos que a Bíblia é a Palavra de Deus porque seus escritos, embora tenham sido elaborados por homens, foram inspirados por Deus. Os autores sacros foram instrumentos inteligentes dos quais Deus se serviu para revelar-se. A grande revelação, o grande momento da revelação de Deus se deu com Jesus Cristo. Deus tinha falado de muitos modos aos homens pelos profetas e nos últimos tempos falou-nos pela mensagem e pela vida do Verbo Encarnado.